Vem
circulando, nas redes sociais, vídeo onde um cidadão defende o governo, sob o
princípio ético e lê e transcreve, no vídeo, célebre texto sobre o tema,
escrito pelo famoso filósofo Nicolau Maquiavel, que o transcrevo a seguir.
“Um
povo que aceita passivamente a corrupção e os corruptos, não merece a
liberdade. Merece a escravidão. Um país cujas leis são lenientes e beneficiam
bandidos, não tem vocação para a liberdade. Seu povo é escravo por natureza. Um
povo cujas instituições, públicas e privadas, estão em boa parte corrompidas,
não tem futuro. Só passado. Uma nação, onde a suposta sociedade civil
organizada não mexe uma palha se não houver a possibilidade de lucros, não é
capaz de legar nada a seus filhos, a não ser dias sombrios. Uma pátria, onde
receber dinheiro mal havido a qualquer título é algo normal, não é uma pátria,
pois nesse lugar não há patriotismo, apenas interesses e aparências. Um país
onde os poucos que se esforçam para fazer prevalecer os valores morais, como
honestidade, ética, honra, são sufocados e massacrados, já caiu no abismo há
muito tempo. Uma sociedade onde muitos homens e mulheres estão satisfeitos com
as sórdidas distrações, em transe profundo, não merece subsistir. Só tenho
compaixão daqueles bravos, que se revoltam com esse estado de coisas. Àqueles
que consideram normal essa calamidade, não tenho nenhum sentimento. Como é
perigoso libertar um povo que prefere a escravidão.”.
Nicolau Maquiavel defendeu muitas e importantes ideias
políticas, a exemplos destas: “O estado forte depende de um governante
eficaz, e para que ele seja bom, ele deve ter boas habilidades políticas.”. “São
características relevantes de um bom príncipe (governante, na atualidade),
ser bondoso, caridoso, religioso e ter moral.”. “Todas as pessoas são movidas exclusivamente por interesses
egoístas e ambições de poder pessoal.” e “O primeiro método para estimar
a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta.”.
Esse celebrado filósofo, Nicolau Maquiavel, que
viveu em partes dos séculos XV e XVI, firmou memoráveis teorias que estão vivas
ainda na atualidade, e são ricas de sabedoria e ensinamentos, a exemplo dessa
importante lição pontificada no primeiro parágrafo, onde ele chama a atenção
para a desgraça da leniência do povo com a corrupção do governante, afirmando
que ele merece viver na escravidão, exatamente diante da aceitação da
existência da devassidão moral por ele e isso o torna indigno de respeito.
Na verdade, a teoria defendida por Nicolau, em muito,
se aplica aos brasileiros, de todas as ideologias, sendo que alguns viram
governos roubarem fartamente de seus bolsos, conforme fatos investigados, por
meio de empresas públicas, desviando montanhas de recursos para o financiamento
de campanhas eleitorais milionárias, a compra da consciência de parlamentares
para apoiarem seus projetos, no Congresso Nacional, o enriquecimento ilícito e outros
fins e atividades abjetos e escandalosos, sob a visão dos princípios ético e moral,
mas são absolutamente incapazes, agora, de rejeitarem que os suspeitos envolvidos
nessas falcatruas ainda se aventurem à prática de atividades políticas, como se
nada tivesse acontecido de maléfico à gestão pública?
No governo atual, a conjuntura não se diferencia em
nada daqueles governos do passado, que eram formados, na sua estrutura administrativa,
com a integração do famigerado Centrão, cujos participantes se envolveram em
casos de corrupção com dinheiro público, sendo que alguns foram condenados à
prisão e outros continuam respondendo a ações penais, mas todos,
indistintamente, fazem parte da atual gestão, como se o Estado não pudesse
sobreviver sem a participação do desgraçado e canceroso fisiologismo.
Causa enorme perplexidade que os brasileiros, tanto
de ideologia da esquerda como da direita, estão todos de mãos entrelaçadas alegres
e fagueiros defendendo os respectivos líderes dessa verdadeira esculhambação,
como autênticos escravos da imundície que é patente à luz solar.
É lamentável se disseminar
princípios éticos e se defender, ao mesmo tempo, governo de que condenava a
"velha política" e agora convive, no mesmo espaço, dentro do Palácio
do Planalto, com a cara mais lisa, entre integrantes do abominável Centrão,
grupo político que é autêntico símbolo do indigno fisiologismo, como se essa
pouca-vergonha fosse normal e ética
Na realidade, a aludida indigesta
aliança é a materialização da prática indecente pelo governo, justamente porque
essa decadência moral tem a aceitação de brasileiros, que ainda ficam publicitando
a imagem dele, cujo titular transita entre os fisiologistas de estimação.
Onde está a ética nisso, em que
há cristalina aceitação de prática fisiológica, eis que o Centrão somente
passou a apoiar o governo a partir de quando ele aderiu às suas exigências de
cargos na administração pública e liberação de emendas parlamentares, e isso se
caracteriza por autênticos atos de corrupção, por haver visível desvio da ética
pública, na forma do emprego de recursos públicos?
Com que cara devem ficar os
defensores desses líderes, tanto de direita como de esquerda, que praticam
desvios da ética pública, ao se associarem a grupos públicos desmoralizados e
até criticados no passado, mas, na atualidade, estão mancomunados com os mesmos
propósitos, tendo por objetivos comuns a manutenção do poder, em evidente detrimento
da ética e do interesse públicos?
É lamentável que a ideologia ou a
simpatia política, não importa se de direita ou esquerda, porque ambas as alas se
mostram claramente resistentes aos princípios ético e moral, à vista dos fatos
acima, consiga cegar as pessoas, que, por interesse ou conveniência, fecham os
olhos para a realidade escandalosa e escancarada à luz solar.
Ao que se sabe, somente pode existir
uma ética, que é aquela sem meios termos, que é irmã siamesa da moral e as duas
andam juntas, de mãos dadas, como forma de mostrarem que, na gestão pública,
não pode haver desvio da regularidade.
Enfim, no caso do governo atual,
já se sabe perfeitamente qual é a “ética” dele, a ser defendida no pleito da reeleição
presidencial e isso é da maior importância para os brasileiros honrados e
dignos, à vista da sólida e consolidada união dele com o grupo político símbolo
do fisiologismo, posto que essa verdade foi severamente condenada na campanha
eleitoral de 2018, quando ele o condenava e escrachava a “velha política”,
tendo sido, certamente, beneficiado pelos brasileiros que continuam a defender
os princípios republicanos na administração do Brasil.
Ou seja, o povo escravo da corrupção,
aqui considerada em termos de desvio da finalidade ético-moral, porque o
fisiologismo é anomalia condenável duramente, ante o princípio republicano no
sentido da legitimidade da pureza pública, sabe perfeitamente que vota também no
Centrão e isso se harmoniza pela eternização da decadência moral da gestão
pública, com o declarado apoio do povo, que demonstra não ter o menor escrúpulo
em não defender a limpeza das sujeitas que enlameiam a dignidade do Brasil.
Urge que os verdadeiros brasileiros,
que valorizam os autênticos princípios ético e moral, se conscientizem sobre a necessidade
de o Brasil ser passado a limpo, por meio de assepsia profunda da sujeira que
macula a República, onde ridiculamente ainda há a aceitação de práticas em que
os fins justificam os meios, obviamente em defesa de conveniências espúrias, como
forma de perpetuação do poder ou da manutenção nele, em lamentável detrimento dos
interesses da sociedade.
Brasília,
em 21 de novembro de 2021
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