quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Expurgo da vida pública?

 

Circula nas redes sociais vídeo que mostra a fotografia do ex-juiz da Operação Lava-Jato, com a seguinte mensagem, verbis: “MICO: MORO COMPARTILHA LINK DE SEU CANAL DO TELEGRAM COM CONTEÚDO PORNOGRÁFICO.”.

Está muito na cara que isso só pode ser forma clara de canalhice e de desrespeito aos princípios da civilidade e da cidadania, na vã tentativa de manchar e enxovalhar a dignidade do ser humano, pelo fato, por certo, de não gostar do ex-magistrado.

Trata-se de perversa e atrofiada mentalidade que não resulta em absolutamente nada, salvo para mostrar o quanto muitos brasileiros ainda precisam evoluir para se tornarem pessoas dignas e responsáveis, em termos de cidadania.

Não se pode negar que o ex-juiz da Operação Lava-Jato tenha defeitos, mas é preciso se reconhecer também que nenhum magistrado do Brasil, em tempo algum da sua história, demonstrou tamanhas competência e coragem para o enfrentamento dos poderosos de colarinho branco, que desviaram bilhões de recursos dos cofres públicos, conforme ficou devidamente comprovado por meio de competentes investigações realizadas em contratos celebrados por empresas públicas, em especial pela Petrobras, contas bancárias, demonstrações contábeis, movimentações financeiras, depoimentos, delações premiadas, extratos bancários, declarações de bens e demais elementos e documentos juridicamente válidos na Justiça.

O então magistrado foi o primeiro servidor pública da Justiça que teve coragem e se dignou a enfrentar, com muita determinação, a verdadeira máfia instalada na administração pública brasileira, tendo conseguido desvendar fortíssimos esquemas de organização criminosa entranhada e em funcionamento no governo de então, de acordo com as investigações levadas a efeito pela competente Operação Lava-Jato, no famigerado esquema do petrolão.

Na batuta do então juiz, foram julgados mais de centena de processos, em tão pouco tempo, cujo resultado demandou a condenação, com base nas provas constantes dos autos, de mais de centena de criminosos aproveitadores de recursos públicos, com efetiva autoria dos crimes cuidadosa e devidamente levantados, apurados e comprovados, na forma de prisão de dezenas de bandidos, incluídos políticos de altos coturnos, empresários, lobistas, empreiteiros e outros criminosos do colarinho branco.

Além disso, o ex-juiz determinou a devolução aos cofres daquela petrolífera de milhões de reais desviados, o que bem demonstra que realmente houve roubalheira ao patrimônio dos brasileiros, porque não haveria restituição de dinheiro se não tivesse havido roubalheira e apropriação indevida de valores.

Fosse um país com o mínimo de dignidade, seriedade e civilidade, o exemplo do trabalho feito por esse juiz deveria servir como dignificante marca de amor aos interesses do Brasil e dos brasileiros, mas, ao contrário, o seu glorioso e impressionante esforço teve efeito contrário na mentalidade dos principais magistrados do país, que, sem nada a justificar, precisamente em termos de ilegalidade, eis que o mesmo fato objeto de absurda decisão, para indevidamente beneficiar criminoso, já havia sido julgado por diversas vezes na mesma corte e merecido o mesmo veredicto denegatório, cuidaram de anular os precisos, importantes e produtivos trabalhos nunca antes realizados no país, por conta, pasmem, da Justiça brasileira.

O sacrifício da Operação Lava-Jato foi colocado por terra apenas por mero capricho do poder, porque os fatos irregulares, traduzidos pela gigantesca roubalheira perpetrada nos cofres públicos, permaneceram intactos nos autos, totalmente intocáveis na origem, a mostrarem apenas o quanto é compensatório se cometerem crimes nesta nação tupiniquim, em especial quando eles são praticados na administração pública, a exemplo de todos os indecentes fatos envolvendo os desvios de recursos objeto das investigações da Operação Lava-Jato.

Enfim, é mais do que lamentável que as pessoas que ainda apoiam o incalculável desvio de recursos públicos, cujos valores foram levantados e apontados, com tanto empenho por pessoa que fez brilhante trabalho em benefício do Brasil e dos brasileiros, bem assim a mais perversa e injusta forma de impunidade, em total desserviço aos interesses do país, tentem, por meio de expediente sórdido e cafajestoso, enxovalhar a imagem e a reputação dela, com o único propósito de se querer a sua desmoralização, sem motivação alguma, em forma explícita de mera vingança, por ele ter agido com o puro sentimento de defesa do interesse público e dos brasileiros, no estrito cumprimento do dever das suas funções públicas.

Tudo isso só contribui para evidenciar o quanto falta amor no coração de muitas pessoas, mas elas demonstram esbanjar sentimento de muito ódio, por não aceitar a realidade dos fatos, porque estes ainda estão a exigir esclarecimentos e justificativas por parte dos envolvidos, que não tiveram a mínima dignidade para assumir as suas responsabilidades perante os brasileiros, que tiveram o seu patrimônio desviado, à luz solar, na pessoa jurídica da Petrobras, que representa os brasileiros que investiram nela, cuja empresa esteve por pouco próximo da bancarrota, pela ação maligna e criminosa de gestores públicos inescrupulosos e aproveitadores de recursos públicos, conforme mostram os fatos, devidamente comprovados pela Justiça.

É preciso que os brasileiros honrados e dignos repudiem os atos praticados por aqueles que se mostram complacentes com os envolvidos com a roubalheira e a criminalidade levantadas, registradas e contabilizadas pela competente Operação Lava-Jato, de modo que esses antibrasileiros sejam expurgados definitivamente da vida pública, em benefício do Brasil e dos brasileiros honrados.

Brasília, em 10 de novembro de 2021

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