Uma índia brasileira, franzina, que representa o povo Paiter Suruí, de Rondônia, se apresentou na COP26 e tomou conta da tribuna, em trajes típicos do seu povo indígena, tendo conseguido pronunciar o que foi considerado um dos mais importantes pronunciamentos ouvidos em toda essa reunião para tratar de questões climáticas, merecendo os aplausos dos participantes do evento.
Houve quase consenso no sentido de que a indiazinha teria sido representante do Brasil com excelente desempenho, em razão de o seu discurso ter sido objetivo e com muita clareza quanto aos seus propósitos e ensinamentos diretos, mostrando o lado da sua experiência por ser integrante do drama vivido, no momento, pelos indígenas que habitam, em especial, as florestas brasileiras.
A
indiazinha possui bastantes credenciais hauridas com a sua experiência de atuação
em lutas pessoais contra o extermínio das florestas, merecendo destaque a sua autoridade
ambiental, que convive com os nativos e conhece de perto os seus problemas, à
vista de senti-los na intimidade e acompanhar no dia a dia o sangramento da
flora e da fauna brasileiras.
A
índia se chama Txai Suruí (nome completo: Walelasoetxeige Suruí), tem apenas 24
anos, estuda direito e trabalha no Departamento Jurídico da Associação de
Defesa Etnoambiental Kanindé, em Rondônia.
A
índia Txai Suruí se destacou como líder e fundadora do Movimento da Juventude
Indígena no estado de Rondônia e é respeitada pela referência em assuntos
relacionados à causa indígena na região, tendo a firmeza de conduzir a sua
missão com bastante competência e conhecimento das causas do seu povo.
A
índia Txai é representante da Guardians of Forest, uma aliança de comunidades
que protege as florestas tropicais em todo o mundo, além de conselheira da
Aliança Global Amplificando Vozes para Ação Climática Justa e voluntária da
organização Engajamundo.
A
índia Txai Suruí representou seu povo na Conferência do Clima na Organização
das Nações Unidas (ONU) — COP25 —, realizada em Madri.
No
seu respeitável currículo, consta ainda que ela participou como primeira
reitora indígena do Centro Acadêmico de Direito da Universidade Federal de
Rondônia.
Txai Suruí exerce também atividades de lutas em prol da justiça ambiental e social para todos, como membra que integra o Conselho Deliberativo do WWF-Brasil, organização mundial da maior credibilidade.
Como se vê, a índia Txai Suruí não caiu de paraquedas no COP26, nem pode ser considerada pessoa intrometida e sem competência, porque ela possui invejável currículo que poucas autoridades se apresentam mundo afora, precisamente porque ela é originária das ocas e milita em defesa dos indígenas, cuja opinião tem o peso de quem precisa ser respeitada pelas nações.
Diante
disso, entende-se que a índia Txai Suruí tinha muito mais credenciamento para participar
do COP26 e discutir sobre os temas ambientais e as calamidades, provocadas pelo
desenvolvimento desordenado, em termos climáticos, do que a maioria dos chefes
de Estado presentes ao importante evento.
Convém
que os críticos e desconhecedores dos atributos da índia Txai Suruí tomem
conhecimento do importante e certeiro discurso proferido por ela, na abertura
da COP26, por suas marcantes lições que precisam ser apreendidas e respeitadas,
neste grave momento da humanidade, servindo de sinalização de que há ainda
esperanças de mudança de rumos quanto ao comportamento errático do homem branco,
tendo o cuidado e o zelo de seguirem os conselhos de quem mais entende de
florestas, que é precisamente o povo indígena.
Eis
a íntegra do discurso pronunciado pela indígena brasileira: "Meu nome é
Txai Suruí, eu tenho só 24 anos, mas meu povo vive há pelo menos 6 mil anos na
Floresta Amazônica. Meu pai, o grande cacique Almir Suruí, me ensinou que
devemos ouvir as estrelas, a Lua, o vento, os animais e as árvores. Hoje, o
clima está esquentando, os animais estão desaparecendo, os rios estão morrendo,
nossas plantações não florescem como antes. A Terra está falando. Ela nos diz
que não temos mais tempo. Uma companheira disse: vamos continuar pensando que,
com pomadas e analgésicos, os golpes de hoje se resolvem, embora saibamos que
amanhã a ferida será maior e mais profunda? Precisamos tomar outro caminho com
mudanças corajosas e globais. Não é 2030 ou 2050, é agora! Enquanto vocês estão
fechando os olhos para a realidade, o guardião da floresta Ari Uru-Eu-Wau-Wau,
meu amigo de infância, foi assassinado por proteger a natureza. Os povos
indígenas estão na linha de frente da emergência climática, por isso, devemos
estar no centro das decisões que acontecem aqui. Nós temos ideias para adiar o
fim do mundo. Vamos frear as emissões de promessas mentirosas e irresponsáveis;
vamos acabar com a poluição das palavras vazias, e vamos lutar por um futuro e
um presente habitáveis. É necessário sempre acreditar que o sonho é possível.
Que a nossa utopia seja um futuro na Terra. Obrigada!”.
O
recado da índia Txai Suruí foi direto, claro, objetivo e certeiro, em linguagem
que não deixa margem de dúvidas de que só depende da vontade das grandes nações
para salvar o planeta do inevitável abismo, se o ritmo da degradação ambiental mundial
não for providencialmente reduzido e com urgência.
Enfim,
os aplausos vão para a competência dessa brava indiazinha brasileira, que vem
mostrando sabedoria para dizer às nações mundiais que a salvação ambiental depende
exclusivamente da firmeza de ações decisivas e efetivas para a redução da forte
e agressiva poluição tóxica, que vem minando cada vez mais o meio ambiente e
contribuindo para o extermínio da vida humana.
Brasília,
em 5 de novembro de 2021
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