O
ex-juiz da Operação Lava-Jato e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do
atual governo se filiou, oficialmente, ao Podemos, nesta quarta-feira.
No
evento, já foi lançado o slogan de campanha à Presidência da República, que foi
denominado de "Um Brasil mais justo para todos", cujo filiado
foi exaltado e aplaudido pelo público, que cantava, em entusiasmo: "Brasil,
pra frente, Moro presidente".
No
discurso inaugural, o ex-juiz afirmou que "Eu não tenho uma carreira
política e não sou treinado em discurso político. Alguns dizem que não sou
eloquente. Muita gente critica a minha voz. Mas, se eventualmente, eu não sou a
melhor pessoa para discursar, posso assegurar que sou alguém em quem vocês
podem confiar".
Ele
negou que tenha ambições políticas, mas afirmou que "sempre estará à
disposição, caso seja considerado o nome mais apropriado para liderar um
projeto de país, não de poder. A vida pública me testou mais de
uma vez, como juiz da Lava-Jato e como ministro da Justiça. Vocês conhecem a
minha história e sabem que eu tomei decisões difíceis. O Brasil não
precisa de líderes com voz bonita, o Brasil precisa de líderes que ouçam a voz
do povo brasileiro.".
O
ex-juiz também foi inciso em se defender, tendo negado que tenha tomado
decisões para beneficiá-lo.
O
ex-juiz reforçou o entendimento de que tem trajetória fora da política e
relembrou feitos no cargo de juiz federal, aproveitando para comentar a sua
passagem pelo Ministério da Justiça, tendo afirmado que, "como todo
brasileiro, em 2018, ele tinha esperança em dias melhores.”.
Para
justificar o apoio ao atual presidente, o ex-juiz criticou os governos do PT e
acusou o partido de corrupção.
O
novo político já começa com a postura de candidato presidenciável, tendo se se
posicionado contra a reeleição e isso já demonstra desprendimento ao poder, o
que é bem diferente dos atuais políticos, que morrem de amores aos cargos e até
conseguem se transformar, em termos de ideologia que se amolde às suas
conveniências políticas.
Ele
declarou que, "Como juiz da Lava-Jato, me senti na obrigação de ajudar.
Havia uma chance de dar certo e eu não poderia me omitir. Meu objetivo era
melhorar a vida das pessoas, por meio de um trabalho técnico, combatendo a
corrupção.".
O
ex-juiz lembrou ainda que "Ninguém combateu o crime organizado como o
Ministério da Justiça na minha gestão. Até quem não gosta de mim admite isso".
O
ex-ministro garantiu que gostaria de ter continuado no governo e alegou que não
entrou na gestão do atual governo em busca de prestígio, mas porque acreditava
na missão de combater a corrupção, ressaltando que o problema teria sido a
falta de apoio do presidente do país, o que é verdade, a exemplo da extinção da
Operação Lava-Jato, contando exatamente com o apoio dele.
A
cerimônia serviu para confirmar a expectativa da legenda em tê-lo como
candidato à Presidência da República, no próximo ano, por se tratar de pessoa
que realmente merece o respeito de pessoas honradas e dignas, que anseiam por
que o Brasil seja passado a limpo, à vista de tantas promessas jogadas ao
vento, pelos caciques que comandam a nação, que estão muito mais preocupados
com seus interesses, conforme mostram os fatos.
À
toda evidência, a possibilidade de candidato à Presidente da República de
pessoa como o ex-juiz da Lava-Jato é da maior importância para a política brasileira,
diante da alternativa que se vislumbra altamente positiva, em se acreditando
que é mais uma chance de verdadeira mudança nesta República que já se fartou de
seguidas decepções pelo descumprimento de promessas não cumpridas de candidatos,
a exemplo do caso do atual presidente, que fez a principal promessa de
implantar a moralidade no Brasil e agora anda de mãos dadas logo com o Centrão,
que domina as ações do governo.
A
prova maior da ruptura das suas promessas de campanha foi materializada com a
coalizão do seu governo com o fisiologista Centrão, a quem ele chamava de forma
pejorativa de “velha política”, mas não teve o menor escrúpulo para colocá-lo no
seu colo e vice-versa, quando, na atualidade ambos se confundem, já tendo
anunciado a sua filiação ao PL, que é um dos principais partidos integrantes
desse deprimente grupo político, que é comandado por pessoa envolvida até a raiz
em casos de corrupção, à vista das notícias publicadas pela mídia.
Esse
caso faz lembrar o provérbio popular que diz: “Diga-me com quem andas e eu te direi
quem tu és", que é bastante conhecido, por ser muitas
vezes indevidamente atribuído a trecho da Bíblia Sagrada.
Embora
esse ditado não tenha origem nos versículos bíblicos nem foi dito por alguma
celebridade, o seu verdadeiro significado tem como mensagem relevante para
aqueles que andam com más companhias.
O
certo é que não tem elemento nenhum quanto à possível má índole do mandatário,
mas os fatos indicam que ele se sente muito à vontade na companhia de políticos
de má reputação, como no caso dos integrantes do Centrão, que ele até já disse
que sempre pertenceu a esse grupo de má fama, por cultuar o recriminável fisiologismo,
cujos participantes se envolvem em casos suspeitos de irregularidades, à vista
de muitas investigações em tramitação na Justiça.
É
muito estranho que o presidente que se elegeu sob a égide da intransigente
defesa da moralidade tenha resolvido se filiar a partido que tem como
presidente pessoa da pior reputação possível e ele, como a principal autoridade
da nação, passará a ser liderado por esse cidadão que, à vista dos fatos noticiados
contra ele, não reuniria condição moral para comandar absolutamente nada na
política, que precisa passar pelo crivo da moralidade e da licitude.
Entendo
que meu sentimento de horror quanto ao visível desvio das ideias defendidas na
campanha eleitoral, pelo presidente, parece natural, quando ele foi eleito ostentando
a áurea da moralidade, que agora a ignora ao se aliar ao que de pior existe da
velha política, cognominada por ele, mas que nem se toca em fazer parte dela,
tanto que até logo chancelará a sua decadência moral, em evento oficial, ao assinar
a ficha de filiação a partido que é um dos símbolos do poderoso fisiologismo.
Nesse
caso, é visível a mudança de sentimento do político, que não mede as consequências
para satisfazer seus planos de poder, ao usar degradante estratégia para atender
às suas conveniências políticas, não importando que isso possa ter reflexo no
que é mais puro em termos de indecência na vida pública, que jamais deveria
estar presente na sua índole.
À
toda evidência, a adesão do presidente do país à submissão de orientação política
de partido comandado por pessoa suspeita de envolvimento em casos de
irregularidade com dinheiro público, ele sepulta, em definitivo, o que tinha de
mais sublime como defesa ideológica da moralidade, princípio que foi um dos
trunfos para a sua vitória eleitoral, em 2018, por ter sido fato marcante à época,
diante do seu apelo à moralidade da administração pública, que agora não faz
mais o menor sentido, conforme mostram as suas atitudes em conluio com os
integrantes do sempre condenável Centrão.
O
curioso de tudo isso é se verificar que a cegueira ideológica vem contaminando os
fiéis seguidores do mandatário do país, que aparentam estar sendo impedidos de
enxergar a clareza de tamanha malignidade em curso, que é capaz de macular a
dignidade do homem público, quando ele se junto aos políticos que somente
merecem repulsa e repugnância da sociedade, por seus sentimentos inaceitáveis pelos
salutares princípios republicanos, como no caso do culturismo às práticas
fisiológicas dos partidos integrantes do Centrão.
Sem
dúvida alguma, o ingresso do ex-juiz da Lava-Jato na política é tentativa definitiva
para a moralização do Brasil, esperança essa que tem em conta a luta dele no
enfrentamento à corrupção, já fartamente demonstrada, que foi exemplo de coragem,
dedicação e amor à pátria, tendo inclusive sido conclamado como herói nacional,
diante de feitos verdadeiramente dignos do reconhecimento dos brasileiros
honrados e esperançosos da limpeza moral.
A
verdade é que os atos objeto das condenações na Lava-Jato, na sua essência,
permanecem intocáveis, eis que as irregularidades praticadas pelos réus acusados,
na forma da lei, estão integralmente nos autos, porquanto os autores que lhes deram
causa não conseguiram provar a sua inculpabilidade, em nenhum dos casos
denunciados à Justiça, que continua com a incumbência de promover novo
julgamento sobre os mesmos casos, que são graves e que exigem a devida reparação
dos danos causados ao patrimônio dos brasileiros, em face das graves lesões aos
cofres públicos.
Ou
seja, que fique muito claro que, se erro houve de procedimento processual, por
conta de interpretação de quem tem maior poder de decisão, no caso do Supremo
Tribunal Federal, isso não aproveita em nada para os réus condenados pelo então
juiz da Lava-Jato, que não contribuiu em nada para que os casos irregulares tivessem
sido praticados por seus autores, que não conseguiram provar a sua inocência,
nos casos julgados por ele.
Ressalte-se,
a propósito, que as divergências havidas entre o ex-juiz da Lava-Jato e o
presidente da República cingem-se ao plano de interesses pessoais, não tendo
qualquer interferência nos princípios superiores que interessam às causas
nacionais, porquanto nada foi produzido que pudesse macular a sua integridade
como intransigente defensor da coisa pública, pelo contrário, uma vez que seus
atos confirmam a sua índole de competência, integridade e consciência cívica, em
avaliação de altíssimo valor em defesa das causas públicas.
A
candidatura do ex-juiz da Lava-Jato pode significar o ressuscitamento da
histórica Operação Lava-Jata, como órgão institucionalizado, tendo a finalidade
de passar verdadeiro pente fino nos órgãos e nas entidades da administração do
país, de modo a possibilitar a limpeza moral das despesas públicas, em
benefício dos interesses dos brasileiros.
O
ensejo é propício para se desejar os melhores augúrios ao ex-juiz da Operação
Lava-Jato, torcendo para que ele se interesse em ingressar na política com o
sentimento de brasilidade que o caracterizou na vida pública, onde possa ter
vez a sua competência demonstrada contra as organizações criminosas de
colarinho branco, que dilapidaram cofres públicos, constituindo verdadeiro
marco da Justiça brasileira, que foi somente ela a funcionar de verdade neste
país de Poder Judiciário sempre criticado por descasos e omissões, tendo ele chegado
ao inacreditável limite de julgar e condenar vários criminosos de altíssima
periculosidade, mandando para a prisão políticos, empresários, empreiteiros,
lobistas e outros aproveitadores assemelhados de alto padrão do poder do país,
feitos que foram eternizados como bravios e heroicos, porque jamais houve casos iguais no Brasil, nem antes
nem depois dele.
Com
absoluta certeza, o Brasil merece ser passado a limpo, mas antes precisa que a
mentalidade política seja revolucionada com a participação de pessoas que
pensem exclusivamente nas causas da nação e dos brasileiros, com embargo dos
políticos que estão somente pensando nas benesses do poder e na acomodação de
planos e metas pessoais e partidárias, à vista do sentimento que se tem do
atual quadro político, onde os homens públicos se nivelam na incessante busca da
satisfação de seus interesses.
Brasília,
em 11 de novembro de 2021
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