O presidente do PL confirmou, por meio de vídeo,
que o presidente da República assinará sua ficha de filiação ao partido, no
próximo dia 22, tendo ressaltado que o evento contará com a presença de autoridades
e os filiados à agremiação.
Aquele
presidente disse que “É com grande satisfação que eu anuncio para o dia 22
de novembro a assinatura da ficha do presidente Jair Bolsonaro, onde traremos
nossos companheiros, nossos prefeitos, nossos amigos, nossos filiados para
acompanhar essa filiação, que é um assunto de grande importância para o país, e
que nós vamos ter uma grande participação nessa eleição”.
O presidente do país tentará a reeleição pelo PL, tendo
negociado que o candidato a seu vice de
chapa deverá ser indicado pelo PP, que é outro importante partido do chamado Centrão,
ou seja, trata-se de chapa puro sangue do desrespeitável fisiologismo.
Ressalte-se que o presidente do PL foi deputado
federal, tendo sido condenado e preso por seu envolvimento como privilegiado recebedor
de propina no recriminável esquema do mensalão, que se tornou “famoso” no
governo do PT.
Em conversa com apoiadores, o presidente do país justificou
a sua filiação ao PL, agora confirmada, sob a alegação de que todos os partidos
têm problemas, dando a entender, com muita clareza, que ele tem consciência que
o seu novo partido não vale uma pacata de real furada.
Nem precisaria de esforço para se compreender perfeitamente
que a personalidade do presidente do país, no momento, como governante, se
identifica, em ajustamento estrutural, com o que de pior existe em termos de imoralidade
e indignidade, tendo como respaldo a sua espúria aliança com o famigerado
Centrão, que, por si só, expõe a completa falta de zelo pela pública, uma vez
que sabe, melhor do que ninguém, que o indigno grupo que vai passar a integrar oficialmente
é a nata da “velha política”, que se caracteriza pelo deprimente fisiologismo,
repudiado pelos brasileiros honrados.
Acredita-se, por dever de honestidade política, que,
se o atual presidente do país realmente se candidatar à reeleição, ao pedir
voto, tenha a dignidade de informar aos brasileiros dignos que ele representa o
desgraçado e deformado moralmente Centrão, justamente aquele que ele condenava no
pleito anterior, mas por conveniência política, desta feita, as condições que
se lhe ofereciam favoráveis vieram exatamente das hostes desse deplorável grupo
político, que escancarou as portas de um dos principais partidos para
prestar-lhe todo apoio de que ele precisava para continuar no poder.
É evidente que o presidente do país, ao dignar-se a
se juntar ao que de pior existe na política brasileira, terá o adjutório de sábias
e providenciais justificativas para dizer aos seus fanáticos seguidores que
seria obrigado a encerrar a carreira ou algo muito forte se não se filia-se ao
PL, porque não se lhe vislumbrava outra alternativa que servisse de salvação da
sua carreira política e todos vão acreditar, felizes com as espetaculares
justificativas capazes de salvar o Brasil dos comunistas, porque essa desbotada
alegação de combate à esquerda somente engana os ingênuos.
Enfim, o presidente do país se elegeu, em 2018, tendo
por base, em essência, o forte discurso de intransigente combate à imoralidade
na administração pública, fazendo duras críticas ao sistema criminoso do “toma
lá, dá cá”, que tem sido a política mais agregada à corrupção, que tem como
principais cultores os partidos integrantes do deplorável Centrão, a quem o seu
novo partido pertence como uma das principais lideranças, tendo participado
ativamente do partido que implantou os deploráveis mensalão e petrolão na administração
pública.
Chega a ser bastante estranho que, no passado, o
presidente do PL tenha sido criticado pelo presidente do país e pelos filhos dele,
mas isso foi devidamente contornado como forma evoluída de pacificação
inteligente, tendo em conta, evidentemente, a boa vontade para se selar os
termos da paz, porquanto os interesses comuns devem falar bem mais alto do que
qualquer princípio de moralidade e respeito aos demais princípios.
Por seu turno, um dos filhos do presidente do país,
certamente dominado pelos bons fluidos espargidos pelas frutíferas negociações que
levaram o seu pai ao seio do Centrão, apagou
um post no Twitter, de três anos atrás, que tratava de notícia da mídia dando
conta de reportagem que mostrava pagamentos de propinas ao então PL e ao seu
presidente.
É
evidente que o presidente do país pode ficar tranquilo, a partir de então, com
a sua filiação do PL, que garante, na forma da lei, a sua candidatura à reeleição,
podendo usufruir dos direitos inerentes ao filiado partidário, porém ele
consegue criar, para si, gigantesco desconforto, em especial no que diz
respeito a acusar seus adversários políticos de desonestos e corruptos,
justamente porque ele perde total autoridade para fazê-lo, uma vez que se junta
ao famoso bando de políticos que têm como ideologia marcante o fisiologismo,
que se traduz, popular e reconhecidamente na prática, em aproveitar as
oportunidades para se tirar vantagem, como o que atualmente acontece
oficializado no governo, que vem sendo orientado pelo Centrão.
Ou
seja, o Centrão é o desmoralizado grupo político que se apoderou do governo,
depois do acordo selado entre ambos, passando a fazer jus a cargos, como a ocupação
de três importantes cargos no Palácio do Planalto, sendo um logo a Casa Civil, além
da liberação de emendas parlamentares, tendo por contraprestação do grupo a
eventual blindagem contra a abertura de processo de impeachment na Câmara dos
Deputados, em que caso de questionamentos sobre possível prática de crime de
responsabilidade pelo presidente do país.
Com
a filiação em tela, o Centrão agora tem em mãos a faca e o queijo, podendo se
beneficiar à vontade, em especial porque o presidente do país faz parte da
confraria fisiologista, que não tem a mínima moral para reclamar sobre nada
suspeita de imoralidade, porque se o fizer terá como resposta o deboche, diante
da falta de autoridade para exigir qualquer forma de moralização, porque a sua
índole já diz perfeitamente a negação ao respeito aos princípios republicanos,
que repudiam a indignidade do fisiologismo praticado pelo partido do presidente
do país, na qualidade de integrante daquele grupo desmoralizado.
À
toda evidência, o presidente brasileiro, em termos comparativos, à vista do seu
rigoroso sentimento de perseguição à moralidade, abusivamente disseminada na
campanha eleitoral de 2018, demonstra ter colossal recaída moral, ao optar para
se aliar justamente àqueles a quem e ele recriminava e acusava de “velha
política”, chegando a afirmar que os repudiava seus integrantes e jamais seria
um deles.
É
inacreditável que homem público da maior relevância consiga perder a
consciência moral, em processo visivelmente de decadência política, que se confirma
pela continuada perda de credibilidade, em que parte da população reprova o seu
governo, certamente em razão de guinada gigantesca como essa de filiação a
partido carente de dignidade e moralidade, à vista da sua filosofia política,
que tem como princípio o fisiologismo e sobre isso os fatos sabiamente cuidam de mostrar.
Sabe-se
que o presidente do país optou por se filiar ao PL porque ele é partido muito bem
estruturado nacionalmente, que foi o principal fator para tão importante
decisão, que sequer foi levado em consideração que ele também é uma das siglas
mais implicadas em corrupção na história recente da política brasileira.
Esse
fato deixa à mostra que a escolha do presidente entra em rota de colisão, em
elevada contradição mesmo com o seu discurso contra a “velha política”, que se
funda no indecente sistema conhecido como “toma lá, dá cá”, que é, na verdade,
a antítese do princípio da moralidade e que somente resta à decência política o
sentimento de desprezo e repúdio.
Nem
precisa ser entendedor de política para se concluir que os fiéis bolsonaristas
vão se sacrificar para ingerir esse monstruoso e indigesto sapo, que foi empurrado
de goela abaixo deles pelo “todo-poderoso”, em que pese todo fanatismo que cada
vez mais vinha se apoderando deles.
Com
absoluta certeza, essa é a maior traição protagonizada pelo mandatário do país,
que ainda vem engatinhando no cargo, embora já pensando em reeleição, em
especial porque o principal argumento de moralidade que ele sustentava,
principalmente na campanha eleitoral, acaba de ter a sua cara, literalmente,
metida no lamaçal do lastimável Centrão e não tem, em princípio, nada que possa
justificar monstruosa derrapada presidencial na lama pútrida, pelo menos à
vista dos comezinhos princípios do decoro, da dignidade e da moralidade, que
foram grosseira e ridicularmente atropelados.
Os
brasileiros honrados que votaram no presidente da República, em especial tendo por
base o seu arraigado sentimento de moralidade desejável para o Brasil, se
declaram perplexos e extremamente decepcionados com a sua atitude de se filiar
a partido que tem como princípio o famigerado fisiologismo, que é ideologia nefasta,
completamente incompatível com os princípios republicanos e ao aperfeiçoamento
da saudável democracia.
Brasília,
em 13 de novembro de 2021
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