quinta-feira, 4 de novembro de 2021

A cara do fisiologismo?

 

O presidente da República garantiu, cheio de entusiasmo, que está sendo procurado por três partidos que tentam afiliá-lo visando às próximas eleições presidenciais.

O presidente do país inclusive os comparou, com ar de deslumbre, a “namoradas”, tendo dito que Tem três partidos que me querem, fico muito feliz. São três namoradas, vamos assim dizer. Duas vão ficar chateadas. O PRB (antigo nome do Republicanos), o PL e o PP, e cada dia um está na frente na bolsa de apostas”.

Ao que já e do conhecimento geral, o Progressistas e o PL já “cortejaram” o presidente do país de forma ostensiva, mas o presidente revelou que o PRB também entrou na briga por sua filiação.

O presidente do país afirmou categoricamente que ainda não sabe qual será seu destino, porque “agora, iria para o PL; ontem, iria para o PP.”.

Os três partidos citados acima fazem parte da sua base aliada e seriam possíveis destinos para o presidente brasileiro tentar a reeleição no ano que vem.

Na última quinta-feira, o presidente esteve com o presidente nacional do PRB, por ele ter consciência sobre a importância da escolha rapidamente de partido para se filiar e ficar com o seu futuro político definido, desde logo.

O presidente brasileiro disse que “Eu tenho que ter um partido. Não pode ficar para última hora essa questão aí”.

Na verdade, a atroz dúvida do presidente do país é realmente extremamente preocupante, precisamente porque ele está perfeitamente em harmonia com a mesma mentalidade de cada agremiação, no que diz respeito ao sentimento do fisiologismo, no sentido de se levar a maior vantagem possível nessa importante decisão política.

Ou seja, a decisão presidencial vai depender mais precisamente  de qual partido vai lhe oferecer o melhor pacote “político”, porque poderá ser mais atrativo para ele a proposta que oferecer expressiva oportunidade para se contar com recursos do Fundo Eleitoral e da cota partidária, porque a máquina eleitoral melhor oleada tem mais condições de garantir eficiente desempenho na campanha eleitoral, ou seja, quanto mais verbas, o candidato poderá dispor de melhor estrutura de campanha.

Agora, com base na campanha eleitoral implementada pelo candidato de 2018, é com extrema tristeza que o mesmo candidato do futuro tenha conseguido perder completamente aquele perfil de quem só primava, quase como verdadeira loucura, pela implantação dos princípios da moralidade e da dignidade na administração pública, tendo sido eleito, por certo, em razão justamente da sua intransigente defesa da salvação do Brasil das garras peçonhentas dos aproveitadores e fisiologistas de plantão, em especial do famigerado e maligno Centrão, contra o qual ele não poupava manifestação de repúdio, por não gostar da sua inferioridade moral, na sua opinião, à vista da coalizão desse grupo político com governos anteriores.

Pois bem, agora, é quase certo que o presidente deve se filiar a um dos principais partidos que comandam o Centrão, que, no momento, é quem verdadeiramente governa o Brasil, uma vez que o governo simplesmente inexiste sem a ingerência desse nefasto grupo político, que é, infelizmente, o seu principal aliado no Congresso Nacional.

O certo é que o presidente do país, conforme opção pessoal expressa por ele, deverá se filiar ao partido que integra o “famoso” Centrão que for mais generoso no acolhimento para ele, em termos de facilidades financeiras, ficando a certeza, desde logo, de que a principal bandeira empunhada pelo candidato da moralidade, que tremulou fortemente essa importante causa em 2018, será definitivamente sepultada, justamente porque ele passa a ter a cara e a alma no seu perfil de candidato, com a explícita inscrição no peito do Centrão, em letras garrafais, o que bem demonstra horrorosa guinada política, quanto à notória perda do principal apelo aos princípios da decência, da moralidade e da dignidade, tão bravamente defendidos há pouco tempo.

Ou seja, o paladino da defesa dos princípios ético e moral não se envergonha de ser integrante da velha política, que se presta ao indigesto, ao indecente e ao degradante fisiologismo que somente desmoraliza cada vez mais o Brasil e muito o entristece, em face de ver pessoa que já foi vista como símbolo da defesa da honestidade se igualar, em enlameamento fétido, aos demais integrantes da velha política, antes severamente e aos gritos criticada por ele.

Certamente, já se tem a confirmação de candidatos com a configuração indelével da corrupção e do fisiologismo, muito bem definida, cabendo, agora, aos eleitores honrados e dignos a procura de candidato que se identifique com o desejo da defesa dos princípios da honorabilidade e da probidade na administração pública.

Essa é a única forma de esperança de moralização deste Brasil tão desrespeitado, em termos do que é mais sagrado para a honra de uma nação, que é a aderência à imunidade aos princípios republicanos, porque estes estão sendo negados aos brasileiros, à vista da forma da trágica e nefasta polarização formada entre direita e esquerda, que cada vez mais se consolida em forma de satisfação de interesses visivelmente inescrupulosos.

O certo é que compete aos brasileiros, com o mínimo de honra e dignidade cívicas, tentar resistir à tamanha crueldade e buscar, com esforços sobre-humanos candidatos que possam representar os anseios de moralidade e decência nas atividades públicas, expurgando, em definitivo, essas correntes malignas de políticos com perfil oportunistas e fisiologistas, conforme mostram os fatos, que são fortes indicativos das suas pretensões políticas retrógradas que ainda nada fizeram, em termos substanciais, em benefício da sociedade.

Fala-se muito em terceira via para a próxima corrida presidencial, com a participação de candidato com perfil completamente diferente das características que permeiam predominantemente a velha política brasileira, como alternativa para a solução desse monumental impasse de moralidade, mas, com certeza, somente por grandioso milagre haveria de surgir a candidatura salvadora do Brasil, para mudar a vergonhosa mentalidade impregnada de fisiologismo e da defesa dos interesses pessoais e partidários.  

Enfim, quando se esperava que o Brasil pudesse finalmente ser passado a limpo, os fatos mostram à saciedade que isso não passa de anseio que nunca poderá ser implementado, em razão de que a mentalidade dos principais homens públicos é guiada essencialmente por interesses e conveniências pessoais, conforme mostram os fatos, em claro detrimento das causas nacionais e da sociedade.               

Brasília, em 4 de novembro de 2021

Nenhum comentário:

Postar um comentário