segunda-feira, 1 de novembro de 2021

A imagem deslustrada?

O presidente brasileiro foi um dos únicos líderes do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) que não teve reuniões oficiais, como atos de praxe em encontros de presidentes mundiais, com outros mandatários, à exceção do presidente italiano, anfitrião do evento que, pelo protocolo, se encontra com todos os líderes presentes em Roma.

Segundo o Itamaraty, a agenda presidencial seria atualizada ao longo da visita à Itália, e reuniões estavam sendo negociadas com outros países, mas nada foi fechado oficialmente, fato este que mostra a falta de interesse dos demais presidentes em dialogar com o mandatário brasileiro.

Sob forte pressão internacional por causa do aumento do desmatamento e das queimadas na Amazônia, o presidente brasileiro decidiu não ir à COP26, situação esta que gerou críticas por parte de outros países e de importantes organizações ambientais.

De acordo o vice-presidente da República, o mandatário brasileiro teria evitado ir à reunião do clima porque os participantes iriam jogar "pedras" nele.

Na verdade, essa deplorável situação é consequência natural da política ambiental implantada pelo atual governo, que colaborou bastante para o isolamento do presidente do país em foros internacionais, a exemplo do G20, e da ausência na COP26.

Em geral, reuniões bilaterais entre líderes em eventos como o G20 e a Assembleia Geral das Nações Unidas servem como indicadores da importância do país no cenário global.

Historicamente, o Brasil, por sua importância mundial, costumava ser requisitado por seu papel de articulador em negociações e debates globais envolvendo países em desenvolvimento, à vista das importantes contribuições que prestavam nos encontros, contando sempre com a sua efetiva participação.

Um cientista político e professor de Relações Internacionais na Fundação Getúlio Vargas afirmou que “O Brasil está muito isolado, e a reputação de Bolsonaro no exterior já está consolidada. Então, suas declarações dificilmente vão mudar a posição de outros governos ou gerar manchetes como antes. Além disso, como a eleição está chegando, ninguém quer apostar ou vê muito valor em restabelecer algum diálogo ou alguma parceria estratégica. E, mesmo com líderes bem conectados, isso costuma acontecer quando falta um ano de mandato. O melhor que o Brasil poderia fazer não seria reverter o estrago, mas simplesmente aparecer pouco, e há uma boa chance de o Brasil sair do G20 não despercebido, mas sem gerar manchetes fora do país".

No segundo dia de visita a Roma, o presidente brasileiro foi xingado e vaiado nas redondezas da embaixada brasileira, onde está hospedado, tendo sido chamado de "genocida" e "incompetente".

Um manifestante fez perguntou direta e clara ao presidente: "Como você vai explicar a incompetência de seu governo?", que, como não poderia ser diferente, a pergunta não mereceu resposta.

À medida que as vaias e os xingamentos foram se intensificando, apoiadores do presidente brasileiro se aproximaram dele, gritando "Mito, mito!", mas, o presidente, visivelmente irritado e espantado, preferiu cuidar de deixar de tirar fotos com apoiadores e apressou o passo para chegar à embaixada brasileira, onde é vetado o acesso de jornalistas.

O certo é que, oficialmente, o presidente brasileiro não se reúne com outros presidentes, ficando sempre na esperança de que ele inverta esse quadro, por meio da sua aproximação com outros mandatários, de maneira que ele consiga recuperar as saudáveis relações bilaterais, como forma de melhorar o ambiente da diplomacia externa, porque é sempre importante quando o Brasil se mantém em destaque mundial, ao contrário do que se constata neste governo, que se tornou invisível para o resto do mundo, conforme mostram os fatos.

Tanto no G-20, como já havia acontecido recentemente na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, o presidente brasileiro passa em branco, o que demonstra, em termos internacionais, que ninguém quer compartilhar foto ao seu lado nem conversar com ele, muito menos.

Ou seja, o resultado da reunião do G-20, para o Brasil, foi zero em diálogo bilateral ou multilateral e muito menos conversas ou acordo para viabilizar negócios, o que evidencia abissal vazio da diplomacia internacional.

O mais grave de toda situação é que o presidente do país optou para ir ao G-20, tendo rejeitado a reunião do clima, em Glasgow, na Escócia, onde predomina importante debate sobre as mudanças climáticas promovido pela ONU, contando com a participação dos mais importantes líderes mundiais, que também estiveram na Itália e, certamente, estão realmente preocupados com a redução de poluentes, na tentativa de salvar o planeta do trágico aquecimento global.

Segundo o vice-presidente da República, o presidente se esquivou em refúgio de Glagow porque, se tivesse ido para lá, ele fatalmente seria hostilizado, massacrado por causa da Amazônia, bem assim pelo desleixo criminoso do Brasil com o meio ambiente, na certeza ainda de que ele seria alvo de pedradas por parte dos demais participantes, exatamente porque a política ambiental do governo é desastrosa, na opinião internacional.

A verdade é que, como não tem proposta alguma para reduzir a poluição no Brasil, o mandatário brasileiro preferiu ficar passeando na Itália, visitando o Vaticano, a cidade de Pádua, a terra dos seus ancestrais, mas nem lá ele foi bem recebido, porque os moradores o rechaçaram com promessa de jogar esterco de animais na comitiva do brasileiro.

A atual situação brasileira perante o mundo é bastante constrangedora, dando a entender, a princípio, que o principal país que guarda e protege a reserva floresta-ambiental do mundo sequer existe para os demais países, fato este que, ao menos, deveria servir para reflexão, em especial, no sentido da mudança de estratégia política, de modo a justificar ao mundo que as medidas efetivamente adotadas pelo Brasil visam à real e efetiva proteção das florestas nacionais.

O sentimento que se tem é o de que o governo brasileiro entende que ele faz o melhor em tudo e isso, para ele, por si só, já basta e pronto, sem necessidade de se esclarecer coisa alguma, em minuciosos detalhes, o que ele realmente vem realizando, em especial, em termos de política ambiental, no sentido de proteger efetivamente as ricas matas brasileiras.

No mundo moderno, é muito importante que haja interação ente as nações, de maneira que a riqueza dos recursos da diplomacia funcione em benefício também do Brasil, tendo o cuidado de mostrar a realidade brasileira para os demais países, que as vezes condenam atos brasileiros que eles nem os conhecem e isso precisa ser evitado, com a maior urgência possível, para o próprio bem do Brasil.

É precisa que o Brasil seja enxergado por outro ângulo, bem diferente do que foi construído de que o governo brasileiro tem sido o principal destruidor das florestas, precisamente com o interesse na expansão do importante agronegócio, em que medidas liberais de controle tendem a facilitar as queimadas e os desmatamentos das ricas florestas brasileiras, como se isso fosse prática normal e corriqueira, mas parece ser exatamente somente isso que os outros países têm conhecimento do Brasil.

A recuperação da visibilidade da imagem do Brasil precisa ser trabalhada, em caráter de urgência, pela inteligência do governo, começando com a identificação dos pontos nevrálgicos que contribuíram para o total afastamento do presidente da República do centro das conversas e das negociações internacionais, considerando que esses contatos são da maior importância para manter o país com alguma influência no exterior, principalmente junta aos países evoluídos economicamente.

Brasília, em 1º de novembro de 2021


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