Em
letras negritadas, o site “Iahoo!/Notícias” estampa, em título de capa,
evidentemente para chamar a atenção dos leitores, a seguinte manchete, ipsis
litteris: “Mais da metade da população (para o bom entendedor, se
trata da população brasileira) acha o
governo Bolsonaro ruim ou péssimo, diz pesquisa XP/Ipespe”.
Em
seguida, a reportagem diz, verbis: “Governo do presidente Jair
Bolsonaro tem avaliação negativa desde junho, com mais de 50% de reprovação
(Foto: Enrico Mattia Del Punta/NurPhoto via Getty Images)”.
A notícia continua a bater forte na mesma tecla, ao
dizer que o
“Governo Bolsonaro é avaliado como ruim ou péssimo por 54% das pessoas (sem
dizer quais),
aponta pesquisa XP/Ipespe”.
Agora, é importante se prestar atenção para a seguinte afirmação,
in
verbis: “Desde junho, mais da metade da população reprova o governo de Jair
Bolsonaro”.
Na sequência, a reportagem afirma que o “Presidente da República
aparece em segundo lugar nas intenções de voto e perderia para Lula no segundo
turno”.
A
reportagem ainda diz que “A reprovação do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem
partido) está em 54%, segundo pesquisa do Instituto de Pesquisas
Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), financiada pela XP. Os resultados da
pesquisa foram divulgados pelo portal Metrópoles.”.
A
notícia causa a mais lamentável decepção quando diz que “A pesquisa ouviu
mil pessoas entre os dias 25 e 28 de outubro. A margem de erro é de 3,2 pontos
percentuais.”.
Finalmente,
a reportagem conclui, afirmando que “Em setembro, o índice de ruim/péssimo
do governo Bolsonaro era de 55%, mostrando manutenção dentro da margem de erro.
Desde junho, a pesquisa aponta para uma rejeição de Bolsonaro acima dos 50%.”.
A
princípio, convém se atentar para os textos escritos nos primeiro e quarto parágrafos,
onde se lê, respectivamente, “Mais da metade da população acha o governo
Bolsonaro ruim ou péssimo” e “(...) mais
da metade da população reprova o governo de Jair Bolsonaro”.
Sim,
a pesquisa foi realizada entre tão somente 1.000 brasileiros, quando estão
aptos a votarem, nada mais, nada menos, mais de 150 milhões de eleitores, sem
citar, para fins de conhecimento, que a metade da população representa mais de
100 milhões de brasileiros, fato que escangalha a imoralidade da pesquisa, porque
as suas conclusões não condizem com a verdade, senão com aquela que diz apenas
que mais da metade de 1.000 pessoas consultadas acha o governo ruim ou péssimo
e que, de igual modo, o mesmo percentual o reprova.
Exatamente
dessa maneira, porque é a única forma de se dizer a verdade para a opinião
pública ávida por informações honestas e verdadeiras sobre fatos da maior
importância, que o desempenho do presidente do país.
É evidente que, para o leitor leigo, como o meu caso, há
claro entendimento de que, se a metade da população “acha” e “reprova”,
conforme foi escrito nos textos transcritos acima, é de se acreditar que a
metade da população brasileira (mais de 100 milhões de pessoas) foi ouvida e
decidiu declarar que a sua posição sobre o atual governo é pela reprovação
dele, por contar, repita-se, com mais da metade dos brasileiros.
Isso fica muito claro diante da afirmação direta, sem
disfarce, no sentido de que, por exemplo, “à vista de pesquisa realizada entre ‘x’
eleitores, infere-se, por normal tendência do sentimento das pessoas, que seja
possível se avaliar que a metade da população ‘acha’, ‘reprova’, ou algo nesse
sentido, que pudesse ao menor enganar aos ingênuos com um pouco de elegância”.
A notícia disseminada na forma da publicação em tela se
torna tão ridícula e extremamente vexatória diante da vergonhosa informação contida
no parágrafo sétima acima, de que, verbis: “A pesquisa ouviu
mil pessoas (...)”, o que é diferente de metade da população, ou seja, mil
pessoas nem chega a ser um grão de areia, comparativamente a milhões de pessoas,
que é o caso da população brasileira.
Nunca
se viu, neste país, tanta desonestidade, safadeza, maldade, irresponsabilidade,
quando se faz afirmação absurda como essa, por que absolutamente fora da realidade
sobre a matéria no seu contexto, porque são afirmações que distorcem a verdade,
por completo, que não faz o menor sentido a sua divulgação dessa forma, ante o
respeito que merece a opinião pública brasileira.
Nesse
caso, a notícia seria fidedigna no sentido de que, no primeiro parágrafo,
tivesse sido dito: “Mais da metade das pessoas pesquisadas (ao invés de
população) acha o governo Bolsonaro ruim ou péssimo (...)”.
Enquanto,
o assunto tratado no parágrafo quarto seria verdadeiro se tivesse sido escrito
assim: “(...) mais da metade dos
eleitores ouvidos nesta pesquisa (ao invés da população) reprova o governo de Jair Bolsonaro”, porque a informação seria
realmente coerente com a consulta, mostrando a realidade dos fatos.
O certo é que a maneira desonesta e tendenciosa como se
notícia não contribui para a credibilidade da imprensa, que precisa ser útil
aos brasileiros, quando ela resolve trabalhar com fidelidade aos
acontecimentos, diante da sua importância como veículo formador de opinião da
sociedade.
Agora, quando a linha de procedimento foge da curva, como
fica muito claro na matéria em comento, a imprensa perde muito de credibilidade,
à vista do evidente sentimento de desonestidade que permeia o seu trabalho de
informar, que jamais deveria fugir da verdadeira retilineidade, uma vez que o
desvio aqui observado faz avaliação que pode contribuir para prejudicar o
mandatário do país, quando a pesquisa real realizada se refere ao milésimo da
milésima parte da população brasileira, mas ela consta como se a sua metade
tivesse sido ouvida, o que só demonstra a falta de fidelidade profissional.
Quando a notícia interfere em qualquer interesse, como é o presente
caso, que afeta diretamente a imagem do presidente do país, de maneira claramente
injusta, não pode haver, de forma alguma, complacência da sociedade, ante o
sentimento que fica de sujeira e desonestidade, com a finalidade de produzir benefício
indevido e injusto para outrem, conforme mostram os fatos narrados acima.
Urge que os brasileiros justos e honestos repudiem, com
veemência, procedimentos da imprensa que não primem pela divulgação da verdade,
como forma de se honrar a sua missão de bem informar corretamente, porque esta ainda
é a única maneira de se contribuir para a construção de país realmente democrático
e justo.
Brasília,
em 3 de novembro de 2021
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