quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Pesquisa maldosa

 

Em letras negritadas, o site “Iahoo!/Notícias” estampa, em título de capa, evidentemente para chamar a atenção dos leitores, a seguinte manchete, ipsis litteris: “Mais da metade da população (para o bom entendedor, se trata da população brasileira)  acha o governo Bolsonaro ruim ou péssimo, diz pesquisa XP/Ipespe”.

Em seguida, a reportagem diz, verbis: “Governo do presidente Jair Bolsonaro tem avaliação negativa desde junho, com mais de 50% de reprovação (Foto: Enrico Mattia Del Punta/NurPhoto via Getty Images)”.

A notícia continua a bater forte na mesma tecla, ao dizer que o “Governo Bolsonaro é avaliado como ruim ou péssimo por 54% das pessoas (sem dizer quais), aponta pesquisa XP/Ipespe”.

Agora, é importante se prestar atenção para a seguinte afirmação, in verbis: “Desde junho, mais da metade da população reprova o governo de Jair Bolsonaro”.

Na sequência, a reportagem afirma que o “Presidente da República aparece em segundo lugar nas intenções de voto e perderia para Lula no segundo turno”.

A reportagem ainda diz que “A reprovação do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está em 54%, segundo pesquisa do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), financiada pela XP. Os resultados da pesquisa foram divulgados pelo portal Metrópoles.”.

A notícia causa a mais lamentável decepção quando diz que “A pesquisa ouviu mil pessoas entre os dias 25 e 28 de outubro. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais.”.

Finalmente, a reportagem conclui, afirmando que “Em setembro, o índice de ruim/péssimo do governo Bolsonaro era de 55%, mostrando manutenção dentro da margem de erro. Desde junho, a pesquisa aponta para uma rejeição de Bolsonaro acima dos 50%.”.

A princípio, convém se atentar para os textos escritos nos primeiro e quarto parágrafos, onde se lê, respectivamente, “Mais da metade da população acha o governo Bolsonaro ruim ou péssimo” e “(...) mais da metade da população reprova o governo de Jair Bolsonaro”.

Sim, a pesquisa foi realizada entre tão somente 1.000 brasileiros, quando estão aptos a votarem, nada mais, nada menos, mais de 150 milhões de eleitores, sem citar, para fins de conhecimento, que a metade da população representa mais de 100 milhões de brasileiros, fato que escangalha a imoralidade da pesquisa, porque as suas conclusões não condizem com a verdade, senão com aquela que diz apenas que mais da metade de 1.000 pessoas consultadas acha o governo ruim ou péssimo e que, de igual modo, o mesmo percentual o reprova.

Exatamente dessa maneira, porque é a única forma de se dizer a verdade para a opinião pública ávida por informações honestas e verdadeiras sobre fatos da maior importância, que o desempenho do presidente do país.

É evidente que, para o leitor leigo, como o meu caso, há claro entendimento de que, se a metade da população “acha” e “reprova”, conforme foi escrito nos textos transcritos acima, é de se acreditar que a metade da população brasileira (mais de 100 milhões de pessoas) foi ouvida e decidiu declarar que a sua posição sobre o atual governo é pela reprovação dele, por contar, repita-se, com mais da metade dos brasileiros.

Isso fica muito claro diante da afirmação direta, sem disfarce, no sentido de que, por exemplo, “à vista de pesquisa realizada entre ‘x’ eleitores, infere-se, por normal tendência do sentimento das pessoas, que seja possível se avaliar que a metade da população ‘acha’, ‘reprova’, ou algo nesse sentido, que pudesse ao menor enganar aos ingênuos com um pouco de elegância”.

A notícia disseminada na forma da publicação em tela se torna tão ridícula e extremamente vexatória diante da vergonhosa informação contida no parágrafo sétima acima, de que, verbis: A pesquisa ouviu mil pessoas (...)”, o que é diferente de metade da população, ou seja, mil pessoas nem chega a ser um grão de areia, comparativamente a milhões de pessoas, que é o caso da população brasileira.

Nunca se viu, neste país, tanta desonestidade, safadeza, maldade, irresponsabilidade, quando se faz afirmação absurda como essa, por que absolutamente fora da realidade sobre a matéria no seu contexto, porque são afirmações que distorcem a verdade, por completo, que não faz o menor sentido a sua divulgação dessa forma, ante o respeito que merece a opinião pública brasileira.

Nesse caso, a notícia seria fidedigna no sentido de que, no primeiro parágrafo, tivesse sido dito: “Mais da metade das pessoas pesquisadas (ao invés de população) acha o governo Bolsonaro ruim ou péssimo (...)”.

Enquanto, o assunto tratado no parágrafo quarto seria verdadeiro se tivesse sido escrito assim: “(...) mais da metade dos eleitores ouvidos nesta pesquisa (ao invés da população) reprova o governo de Jair Bolsonaro”, porque a informação seria realmente coerente com a consulta, mostrando a realidade dos fatos.

O certo é que a maneira desonesta e tendenciosa como se notícia não contribui para a credibilidade da imprensa, que precisa ser útil aos brasileiros, quando ela resolve trabalhar com fidelidade aos acontecimentos, diante da sua importância como veículo formador de opinião da sociedade.

Agora, quando a linha de procedimento foge da curva, como fica muito claro na matéria em comento, a imprensa perde muito de credibilidade, à vista do evidente sentimento de desonestidade que permeia o seu trabalho de informar, que jamais deveria fugir da verdadeira retilineidade, uma vez que o desvio aqui observado faz avaliação que pode contribuir para prejudicar o mandatário do país, quando a pesquisa real realizada se refere ao milésimo da milésima parte da população brasileira, mas ela consta como se a sua metade tivesse sido ouvida, o que só demonstra a falta de fidelidade profissional.

Quando a notícia interfere em qualquer interesse, como é o presente caso, que afeta diretamente a imagem do presidente do país, de maneira claramente injusta, não pode haver, de forma alguma, complacência da sociedade, ante o sentimento que fica de sujeira e desonestidade, com a finalidade de produzir benefício indevido e injusto para outrem, conforme mostram os fatos narrados acima.

Urge que os brasileiros justos e honestos repudiem, com veemência, procedimentos da imprensa que não primem pela divulgação da verdade, como forma de se honrar a sua missão de bem informar corretamente, porque esta ainda é a única maneira de se contribuir para a construção de país realmente democrático e justo.    

Brasília, em 3 de novembro de 2021

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