quarta-feira, 2 de março de 2022

A insensibilidade

 

Em que pese a destruição que causa a guerra, o presidente do Brasil resolveu não se manifestar em condenação à monstruosidade causada deliberadamente pelo insensível, cruel e desumano ditador russo, que, ao contrário, tem o apoio dele, em forma de solidariedade.

O presidente brasileiro e integrantes do governo vêm demonstrando posição e movimento erráticos em relação ao sentimento dos brasileiros, ante o horror da terrível e abominável guerra.

Os pronunciamento de autoridades brasileiras mostram a total indiferença à calamidade da guerra, como se ela fosse algo natural, normal, sem a menor gravidade, em termos de destruição generalizada de seres humanos e patrimônio da sociedade.

Antes da guerra, o presidente brasileiro disse, na proximidade da sua reunião com o presidente russo, que "Entendo a leitura do presidente Putin, que ele é uma pessoa que busca a paz. E qualquer conflito não interessa a ninguém no mundo.”, ou seja, quem busca a paz seria incapaz de promover essa infeliz guerra.

Agora, já em conversa com o mandatário da Rússia, o presidente do Brasil disse que, pasmem: "Estou muito feliz e honrado pelo seu convite. Somos solidários à Rússia e temos muito a colaborar em várias áreas.".

No retorno da viagem à Rússia, o presidente tupiniquim disse que "Estou muito feliz, grato ao presidente russo. A gente pede a Deus que tenhamos paz na região. Até falei lá que o mundo é a nossa casa e que Deus está acima de todos. Falei a mensagem de paz. Não fomos para tomar partido de ninguém.", só que a paz praticada pelo presidente russo é aquela disseminada pelo demônio, ou seja, a guerra infernal.

Enquanto isso, o Itamaraty emitiu nota, em 22 de fevereiro último, dizendo que "(O Brasil) apela a todas as partes envolvidas para que evitem uma escalada de violência e que estabeleçam, no mais breve prazo, canais de diálogo capazes de encaminhar de forma pacífica a situação no terreno.".

Em 24 de fevereiro, o vice-presidente da República declarou que “O Brasil não está neutro. O Brasil deixou muito claro que ele respeita a soberania da Ucrânia. Então, o Brasil não concorda com uma invasão do território ucraniano. Isso é uma realidade.”.

Não obstante, no mesmo dia, o presidente do país contradisse o seu vice, ao fazer contundente declaração, com desautorização dele, tendo afirmado, de maneira absolutamente deselegante e nada diplomática, verbis: "Quem fala sobre esse assunto é o presidente. E o presidente chama-se Jair Messias Bolsonaro. E ponto final. Com todo respeito a essa pessoa que falou isso — e falou mesmo, eu vi as imagens — está falando algo que não deve. Não é de competência dela. É de competência nossa.".

No dia seguinte, o ministro da Casa Civil afirmou que "A posição do Brasil não é de neutralidade, é de equilíbrio. Não dá para ter a posição da Otan, da Rússia, da China. A nossa posição é a posição do Brasil.".

Nesse mesmo dia, o embaixador do Brasil na Organização das Nações Unidas declarou, no Conselho de Segurança da ONU, que "Procuramos manter o espaço de diálogo, mas ainda sinalizando que o uso da força contra a integridade territorial de um Estado-membro não é aceitável no mundo atual.".

No dia 27 de fevereiro, o presidente disse que "Nós não vamos tomar partido. Nós vamos continuar pela neutralidade e ajudar no que for possível em busca da solução.", só que ele nada fez para se buscar solução para o conflito bélico.

No dia seguinte, o chanceler brasileiro afirmou que "A nossa posição no Brasil ela é de equilíbrio e não de neutralidade. Quando o presidente usou neutralidade é no sentido de imparcialidade. Não é no sentido de indiferença. A posição do Brasil é uma posição balanceada.".

O referido embaixador declarou, em 28 de fevereiro, que "A situação atual de forma nenhuma justifica o uso da força contra a integridade territorial e soberania de nenhum Estado integrante de ONU. É contra os princípios mais básicos que nós defendemos e estão na carta da ONU.”.

Ainda no dia 28 de fevereiro, o presidente do Brasil declarou que "Nós temos que ter equilíbrio. Vamos resolver o assunto, não vai ser na pancada. Afinal de contas, você está tratando com uma das maiores potências bélicas nucleares de um lado. Do outro lado, está a Ucrânia, que resolveu abrir mão de suas armas no passado. Alguns querem que eu converse com o Zelenski, o presidente da Ucrânia. Eu, no momento não tenho o que conversar com ele.".

O sentimento que se tem, à vista das declarações superficiais e distanciadas da realidade da cruente e monstruosa situação bélica, é o de que a total insensibilidade do governo brasileiro se harmoniza com nada que diz respeito à desgraça da guerra, quando a análise dos fatos precisa que seja encarada com base em sentimentos de valores humanos, que estão muito além da compreensão de mera neutralidade ou o que seja de imparcialidade, em clara evidência de apatia e indiferença à dura realidade de mortificina e destruição de vidas humanas e patrimônio das pessoas.

A deplorável neutralidade do presidente brasileiro é assustadora, porque ele confirma o negativismo e a insensibilidade aos princípios humanos, em clara demonstração, pelo sentimento pessoal dele, de que a vida das pessoas é absolutamente insignificante, em especial quanto ao entendimento de que, mais cedo ou mais, elas vão morrer, como já foi a sua simplória conclusão no passado, em relação às mortes causadas pela Covid-19, quando ele mostrou seu sentimento diante do mar de mortes de brasileiros, tendo inclusive alegado que ele não era coveiro, como forma de materializar a sua total indiferença ao sofrimento pelo qual as demais pessoas estavam passando, naquela ocasião.

O presidente brasileiro precisa se despertar da terrível letargia que o domina, com relação ao sensível sentimento humanitário, não no que se refere à índole pessoal de total indiferença, que não pode ser confundida com a gênesis do verdadeiro estadista, que precisa assumir a postura de chefe de Estado, em que a sua sensibilidade é realmente de compreensão e valorização dos mais nobres princípios humanitários, mesmo que isso apenas represente fingimento protocolar, mas é justamente assim que se comportam os grandes estadistas, que têm a capacidade de solidarizar-se com o sofrimento daqueles que se angustiam com as terríveis dificuldades, como nesse caso da desgraçada e inconveniente guerra.

A situação do presidente brasileiro se torna absolutamente inadmissível, incompreensível e recriminável, por ele ser o mandatário que comunga com o mesmo sentimento de insensibilidade, neutralidade ou indiferença que demostram ditadores e outros presidentes com a mesma mentalidade gelada e apática quanto à conveniência de se manter distanciamento do que está acontecendo de ruim no cenário da guerra, talvez tendo ideia de que a destruição generalidade é problema dos envolvidos nos combates sangrentos e violentos, em que a perda de vidas humanas e patrimônio é apenas detalhe sobre algo que eles próprios precisam resolver por meio de esforços comuns, sem a interveniência de mais ninguém.

À vista da deprorabilidade evidenciada pela monstruosidade da guerra, chega a ser extremamente espantoso, que causa enorme perplexidade ao mundo civilizado, o presidente da nação com a grandeza econômica, cultural e social como a do Brasil, mostrar-se completamente indiferente, insensível e alheio às atrozes consequências dessa demoníaca situação, quando é sabido que todos os países serão fatalmente afetados com os perversos e desagradáveis resultados deixados em forma de ruínas produzidas pelas mãos dos insensatos, cruéis e desumanos estadistas, que são absolutamente incapazes de avaliar o tamanho dos estragos causados por suas indiferenças, neutralidades e insensibilidades.

Enfim, quem diz que quer “ajudar no que for possível em busca da solução.", fala com os principais envolvidos, mesmo que não tenha nada o que dizer, porque a conversa em si já é grande ajuda, mas o pior e mais grave mesmo é se omitir e não dizer nada, perdendo importante oportunidade para ser útil à humanidade, com o gesto mínimo que seja de boa vontade e interesse à causa das mais justas que se oferecem para os verdadeiros estadistas, quando se dispõem a realmente querer ajudar, não importando o tamanho da sua contribuição.

Certamente, que os brasileiros que valorizam os princípios humanitários e cristãos, aqueles que realmente nem precisam dizer Deus acima tudo, mas que reconhecem o seu infinito poder como ser supremo, desaprovam as atitudes insensível e desumana do mandatário brasileiro, por ele ainda não perceber que o mundo se encontra em gravíssima e terrível guerra.   

Brasília, em 2 de março de 2022

Nenhum comentário:

Postar um comentário