Acaba
de ser divulgada pesquisa em que as cidades brasileiras que mais apoiaram o
presidente da República, na última eleição, foram as que registraram as maiores
taxas de mortalidade por causa da Covid-19, no ano passado, conforme publicação
de levantamento específico pela revista The Lancet.
A
pesquisa foi realizada por cientistas da Fiocruz e da Universidade de Brasília
(UnB).
Os
municípios que escolheram o presidente do país apresentaram taxas de
mortalidade por Covid-19 com maior intensidade, conforme salientam as experiências
comparativas com outras localidades, em termos de quantidade populacional.
Os
cientistas entenderam que esse comportamento explica o fato de que, quase um
ano após a pandemia, “O governo federal ainda se recusa a apoiar recomendações
de distanciamento social e uso de máscara”.
Além
disso, o governo insiste no incentivo à promoção do tratamento precoce com medicamentos
que já tinham tido sua ineficácia comprovada, fato que somente contribuía para
a incidência do aumento de mortes.
No
entendimento dos pesquisadores, esses procedimentos contribuíram para impulsionar
o "comportamento de risco das pessoas alinhadas ao pensamento do
presidente Bolsonaro, expondo-as à Covid-19 e resultando em maior taxa de
mortalidade".
Os
cientistas afirmaram, com base nessas experiências, que, a princípio, a população
dos municípios que tinham melhores condições de lidar com a pandemia, à vista
de terem expressivo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), melhores serviços
de saúde e menor desigualdade de renda, podem ter sido prejudicada, com maior
incidência da mortalidade, em razão do seu posicionamento político, em harmonização
com o negativismo defendido pelo presidente do país, que realmente serviu como
deplorável símbolo de dissidência às salutares medidas sanitárias de precaução
contra a terrível Covid-19, conforme mostram os fatos devidamente registrados
por meio dessa pesquisa.
Os
mencionados cientistas não tiveram a menor dificuldade em afirmar, em reforço à
sua tese, o seguinte: "Assim, nossa análise demonstra que a escolha
partidária foi um dos fatores que explicam por que municípios brasileiros com
as mesmas características de desigualdade, renda e serviços de saúde se
comportaram de forma diferente na primeira e segunda ondas da pandemia de
Covid-19.".
Essa
triste realidade contrasta, infelizmente, com a finalidade precípua das atividades
públicas, em que as metas pretendidas visam precisamente à satisfação das
necessidades da população, a exemplo do bem-estar e da melhoria das condições
de vida.
O
resultado das pesquisas em referência revela exatamente que o desempenho da principal autoridade do país,
sempre atuando na contramão das orientações sanitárias, foi realmente
desastroso e confirma, com bastante convicção, a sua contribuição extremamente
contrária àqueles pressupostos em benefício da vida.
Ou
seja, em análise fria e isenta, é possível se afirmar, com base nessa pesquisa,
que o presidente da República perdeu excelente oportunidade para trabalhar,
como é do seu dever institucional, em defesa da vida do ser humano, mas os
fatos mostram uma realidade bem diferente, em que ele pode ter sido inspirador
de sentimentos contrários à preservação da vida, justamente por ter preferido
ter sido ativista de movimentos dissidentes às orientações preventivas da
doença.
É
evidente que esse juízo de valor decorre do resultado científico, mostrando que
o sentimento político ideológico teve real influência no melhor êxito do combate
à grave crise da pandemia do coronavírus, o que vale dizer que, em situação de
normalidade, muitas vidas teriam sido preservadas, diante da maior aceitação das
medidas sanitárias recomendadas pelas autoridades de saúde pública.
Não
se pretende dizer, com isso, que o presidente do país é responsável diretamente
por mortes, mas os fatos mostram que o sentimento preferencial político-ideológico
pode ter tido relação com a intensificação do relaxamento dos cuidados
necessários ao combate à incidência do vírus, conforme mostra o resultado da
pesquisa, justamente ante o péssimo exemplo de negatividade vindo de autoridade
que tem a incumbência institucional de ser modelo para a população, mas apenas
com propósitos benéficos.
Enfim,
a pesquisa em referência mostra a realidade relativa à crueldade que se abateu
contra a população que preferiu aderir, certamente de forma inconsciente, aos perigos causados pela
Covid-19, restando apenas o alerta de que saúde pública precisa ser tratada
completamente desvinculada de sentimento político-ideológico, por tratar-se de
assuntos distintos que precisam ser assim entendidos, para o bem da humanidade.
Brasília, em 18 de março de 2022
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