O aplicativo Telegram informou, ontem, ao Supremo Tribunal
Federal que havia tomado sete medidas para combater fake news na sua plataforma,
em resposta às determinações emanadas por aquela corte, de modo a se evitar a
suspensão de seus serviços no Brasil.
Na última sexta-feira, o Supremo tinha determinado o imediato
bloqueio daquela plataforma, justamente em razão da constatação do
descumprimento de decisões judiciais, mas essa medida vital fez aquela empresa
decidir colaborar com a Justiça brasileira.
Foi enviada ao Telegram relação das pendências, para
cumprimento no prazo de 24 horas, em especial contendo ordem para a informação
ao Supremo de "todas as providências adotadas para o combate à desinformação
e à divulgação de notícias fraudulentas".
Prontamente, o Telegram atendeu às determinações do
Supremo, tendo enviado, de forma detalhada, a relação de sete medidas pertinentes
ao saneamento das pendências judiciais, tentando cumpri-las a contento.
Com base nas medidas adotadas pelo Telegram, que confirmam o
cumprimento das pendências, o ministro do Supremo houve por bem revogar a sua ordem
para que o aplicativo fosse suspenso, em todo o país.
Em síntese, as medidas implementadas pelo Telegram são
elencadas a seguir, que a própria plataforma esclarece que elas visam, em
especial, ao combate à desinformação:
I - Monitoramento
manual diário dos 100 canais mais populares do Brasil: revisão diária de 100
canais brasileiros mais populares, uma vez que eles são responsáveis por mais
de 95% das visualizações de mensagens públicas no Brasil.
O Telegram disse que “Acreditamos que essa medida será
impactante, pois nos permite identificar informações perigosas e
deliberadamente falsas no Telegram com mais eficiência”.
II -
Acompanhamento manual diário de todas as principais mídias brasileiras: monitoramento diário das
principais publicações relacionadas à plataforma, na mídia brasileira.
O Telegram afirma que “Acreditamos que se tivéssemos
monitorado a mídia no Brasil antes, a crise atual poderia ter sido evitada”.
III
- Capacidade de marcar postagens específicas em canais como imprecisas: indicação de que, neste
fim de semana, havia incorporado mudanças técnicas à sua plataforma, para possibilitar
a marcação de posts específicos em canais como "potencialmente
contendo informações imprecisas".
O
Telegram disse que "Esperamos que essa cooperação nos permita não
apenas marcar postagens específicas como potencialmente contendo desinformação,
mas também adicionar links para as isenções de responsabilidade que levarão a
explicações completas dos fatos relevantes compilados pelas organizações de
verificação de fatos".
IV -
Restrições de postagem pública para usuários banidos por espalhar desinformação:
implementado
de "solução técnica para restringir permanentemente a capacidade dos
usuários envolvidos na disseminação de desinformação de criar novos canais ou
postar em canais existentes".
Com essa técnica, o Telegram pretende diminuir o risco de
repetidas violações, tendo garantido que já aplicou essa restrição a canais
previamente apontados pela Justiça como disseminadores de desinformação, tendo
indicado um blogueiro bolsonarista.
V - Atualização
dos Termos de Serviço: atualização dos termos de serviço da plataforma,
contendo regras com as quais todos os usuários serão obrigados a dizer que concordam
com as normas de utilização do aplicativo.
VI -
Análise legal e de melhores práticas: "revisão preliminar das leis
aplicáveis no Brasil" para refinar as estratégias de moderação de
conteúdo da plataforma.
O Telegram disse que estuda medidas de outros aplicativos,
tendo montado "plano potencial para ações futuras, como permitir que
usuários denunciem postagens específicas como falsas (a capacidade de denunciar
canais inteiros já está implementada) e juntar o memorando existente ao
Tribunal Superior Eleitoral".
VII
- Promover informações verificadas: oferecimento de "capacidade de
promover informações verificadas".
O Telegram esclarece que os mecanismos permitem enviar
convite para ingressar em um canal oficial verificado para todos os usuários no
Brasil, de modo que isso permita a exploração de "parcerias certas para
executar essa habilidade".
Como se vê, embora duramente criticada a importante decisão
corajosamente adotada pelo ministro do Supremo, o resultado das medidas
anunciadas pelo Telegram é tudo o que precisava para o saneamento das pendências
judiciais e o aperfeiçoamento do funcionamento da plataforma, no Brasil, com
vistas ao atendimento das exigências legais, quando antes não havia a menor
possibilidade nem mesmo de contato com os donos do aplicativo, quanto mais com
relação a possíveis reclamações sobre o seu funcionamento.
Ao que tudo indica, o aplicativo pretende ser mais rigoroso
no controle do uso por parte de seus usuários brasileiros, de modo a se evitar desinformação
e as deploráveis fakes news, como forma de se tentar a moralização do seu
funcionamento, evitando a disseminação de fatos devassos e indevidos aos
princípios civilizatórios e de cidadania, em absolutos atenção e respeito ao
regramento jurídico do país.
Espera-se que os defensores do Telegram, antes sem a devida
obrigatoriedade do cumprimento das leis brasileiras e das decisões judiciais, agora
criem vergonha na cara e reconheçam que a moralização do funcionamento do
aplicativo é forma de dignidade dos próprios usuários, diante do respeito às
normas aplicáveis à espécie.
Enfim, é preciso que as autoridades e pessoas que se uniram
aos gritos contra a decisão saneadora tomada pelo ministro do Supremo conheçam
as importantes medidas implementadas pelo Telegram, evidentemente somente em razão
da pressão exercida pela corte brasileira, no sentido do aperfeiçoamento do funcionamento
do aplicativo, e reconheçam que a medida de que se trata resultou em benefício
para os usuários em geral, diante dos cuidados em termos de cautela e segurança
adotados pela plataforma.
Brasília, em 21 de março de 2022
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