quinta-feira, 17 de março de 2022

Somente ideologia?

 

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra uma linda mocinha fazendo apologia aos tempos do governo que ela considera que tenha sido da primaveril bonança brasileira, em cuja mensagem ela diz, ipsis litteris:Era ruim com Lula ladrão, né? Minha Casa, Minha Vida. Bolsa Família. Baixa Renda. Luz Para Todos. Mais Médicos. Proune. Curso profissionalizante. Gás de cozinha a 35 reais. O quilo da carne de primeira a 16 reais. Bom mesmo está agora, com Bolsonaro, o povo comendo osso.”.

A princípio, a impressão que se tem dessa narrativa é que se trata de autêntica pessoa com a ideologia e a mentalidade com a imagem de quem se esquece dos governos que tinham a obrigação de só fazerem o bem, tão  enaltecido na mensagem da prática da pura e integral magnanimidade para o povo, mas há o visível e certamente intencional esquecimento dos gravíssimos escândalos de faraônicas corrupções, que constituem atos considerados indignos na gestão pública, pelo menos para os brasileiros honrados, que têm o mínimo de vergonha na cara e defendem a moralidade na gestão dos recursos dos brasileiros.

Esses brasileiros reconhecem possíveis benefícios sociais, que são apenas obrigação natural dos governantes, não importando as suas ideologias, só que aquelas pessoas não conseguem vislumbrar o mesmo sentimento de somente benefícios sociais, ao olharem no espelho que retrata a imagem de governos do passado.

Nessas imagens, aparecem o real sentimento de nojo e repugnância de quadrilha organizada que foi capaz de desviar rios de dinheiro para outros fins, quando ele deveria ser aplicado em benefício também dessas pessoas que não têm a mínima dignidade de se respeitarem, sob o prisma da honradez e da moralidade, porque isso é o mínimo que se espera de um povo que prima sim pelo progresso social, mas, sobretudo, sob a rigorosa observância aos princípios da ética, da moralidade, da dignidade, da honradez na gestão dos recursos dos brasileiros.

As pessoas que idolatram os gestores públicos que foram condenados à prisão, pela constatação da prática de corrupção, envolvendo desvio de substanciais quantias de dinheiro público, por meio de propinas e diversificados mecanismos irregulares, a exemplo dos famigerados mensalão e petrolão, são verdadeiras cúmplices com os horrorosos crimes contra a administração pública, exatamente pela demonstração de apoio àqueles inescrupulosos gestores que se lambuzaram com a imundície da corrupção e ainda acham que essa pouca-vergonha é normal, tanto que é aceita por parcela significativa de antibrasileiros.

 Tanto isso é verdade que, mesmo com os processos penais tramitando na Justiça, abarrotados de denúncias sobre suspeitas de práticas irregulares, há quem pretenda usufruir o indevido direito de presidir o Brasil, sem se ater para a real importância do que significam conduta ilibada e idoneidade moral na vida pública, como assim tem o entendimento dos povos civilizados e evoluídos, que se preocupam com a decência e a honradez da própria cidadania, em forma da reafirmação da grandeza de seus valores.

Nesse caso, o certo mesmo, segundo os princípios do bom senso e da racionalidade, seria necessária, em primeiro plano, a limpeza dos nomes dos acusados perante os tribunais, provando a sua plena inculpabilidade sobre os graves fatos denunciados, para que possam realmente se habilitar condignamente ao exercício de relevantes cargos públicos eletivos, com o merecimento exigido, nos termos da comprovação das condutas imaculadas e idoneidades na vida política, em atenção à honradez e à dignidade dos brasileiros e do próprio Brasil, que não merecem ser presididos por políticos que representam a banda mais podre que já passou na história republicana brasileira.

Infelizmente, por questão de ideologia política, conforme se pode intuir, ainda há pessoas que comungam com o mesmo pensamento desavergonhado desses políticos inescrupulosos perante a gestão pública, dando-lhes pleno apoio por meio do seu voto, quando deveriam sobrelevar as questões de ordem pública, que dizem respeito ao sentimento de moralidade no emprego do dinheiro dos brasileiros.  

Em que pese a existência de pessoas com tão pouco valor moral, diante da aceitação do absoluto desprezo à gestão pública de qualidade, em termos éticos e morais, o pobre Brasil realmente não merece ser presidido por políticos sem o sentimento e o respeito aos princípios da moralidade e da dignidade na administração pública, conforme já foi devidamente provado na prática, à vista dos fatos fartamente investigados pelos órgãos competentes, porque a deformação dos princípios republicanos não faz parte da tradição dos costumes brasileiros.

É possível se avaliar a questão suscitada no vídeo sob o prisma não somente do assistencialismo social, que é próprio dos governos socialistas, quando, lamentavelmente, seus simpatizantes somente enxergam por esse ângulo, mas é preciso que a gestão pública, nesses casos, também seja avaliada, em especial, à luz da moralidade e da legalidade.

Esse sentimento precisa ser colocado na devida conta, como elemento de importante valorização moral dos brasileiros, que têm o dever de primar pelo amor ao Brasil, por desejarem que a sua administração seja revestida da transparência, da decência e da legalidade, com total desprezo ao aproveitamento do poder político para a perpetração do desvio de recursos, como acontecia com fartura nessas gestões de reconhecida benemerência social, mas também de devassidão da indecência quanto aos princípios ético-morais, conforme mostram os fatos robustos de irregularidades, devidamente comprovados por mecanismos apropriados de investigações.

Enfim, os brasileiros não podem aceitar passivamente a validade do uso do direito de quem aplaude a canalhice e a desmoralização da administração do Brasil, em forma da banalização da corrupção, como se isso fosse normal na gestão pública, a despeito da concessão de alguns benefícios sociais, quando é preciso que prevaleçam somente a verdade e a legitimidade, à vista dos pressupostos dos fatos apontados em investigações competentes, realizadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, que foram respaldadas pela Justiça brasileira.

Como forma de valorização dos princípios republicano e democrático, convém que os verdadeiros brasileiros que amam o Brasil se esforcem em não permitir que políticos envolvidos com a Justiça, que estejam implicados com denúncias de suspeitas de práticas de irregularidades na vida pública, sejam, in limine, alijados de qualquer pretensão ao ingresso em atividade política, sendo impedidos, por respeito aos princípios da ética, da moralidade, da honradez e do decoro, de se candidatarem a cargo público eletivo, como efetiva demonstração de defesa da grandeza do Brasil.     

Brasília, em 17 de março de 2022

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