domingo, 13 de março de 2022

O lucro dos brasileiros?

 

Circula nas redes sociais vídeo do dirigente da Caixa Econômica Federal mostrando que os governos do PT desviaram bilhões de reais dos cofres daquela instituição e que somente um ex-diretor teria devolvido aos seus cofres quantia milionária.

No mesmo vídeo, o dirigente informa que a Caixa vem conseguindo lucros fantásticos, tendo por base o gerenciamento competente e eficiente dos recursos dessa instituição.

Por incrível que isso possa parecer, essas declarações são estarrecedoras, dando a entender que se trata de algo extraordinário, como se ali, na Caixa Econômica, tivesse sido descoberto o verdadeiro manual da eficiência da gestão pública sob os princípios da competência, da honestidade, da honradez, da probidade e de tudo o mais de extraordinário, evidentemente nunca antes visto na instituição.

Pois bem, todo esse trabalho exposto pelo presidente da Caixa Econômica precisa sim ser reconhecido e louvado, em razão do desempenho excelente e bastante lucrativo, resultando em palpável benefício para a administração brasileira.

Ocorre que os bons resultados operacionais obtidos pela Caixa Econômica Federal nada mais são do que a obrigação e a essencialidade do dever dos gestores de recursos públicos, pelo menos, em se tratando de administração séria, competente e responsável, apenas inerentes aos governos responsáveis e conscientes sobre a eficiência de seus resultados, obviamente sem necessidade de publicidade, salvo no final do exercício financeiro, na forma da legislação de regência.

Na forma como esse dirigente se apresenta, é como ele estivesse operando verdadeiro milagre na gestão da coisa pública, quando ele está fazendo o seu normal e regular dever operacional de tão somente cumprir a sua  obrigação de zelar e cuidar do patrimônio público, sob a devida e regimental observância ao regramento aplicável à espécie, como dever de todos os gestoras de recursos públicos.

Percebe-se claramente que a aparição desse dirigente tem muito a ver com o propósito de propaganda política de governo, que é absolutamente desnecessária, tendo em conta os argumentos precedentes, à vista do necessário dever operacional que as funções públicas exigem, na forma da licitude na gestão do dinheiro público, algo que parece ser raridade no Brasil, quando ela acontece, suscitando a necessidade de que se faça verdadeiro alarde, como nesse caso, que é  absolutamente dispensável, por se tratar de obrigação institucional do melhor gerenciamento do dinheiro público.

É evidente que é auspicioso se mostrar resultados superavitários da gestão pública, mas isso apenas condiz com o dever de todo governo, que precisa primar sempre pelo desempenho positivo do gerenciamento da coisa pública, havendo necessidade da sua prestação de contas à sociedade, sem necessidade de nenhuma publicidade, porque isso força à compreensão como se não fosse do seu dever operacional a perseguição aos bons lucros, em se tratando de instituição financeira, em comparação às congêneres privadas, quando todas, sem exceção, são sempre lucrativas, à medida da inserção do mercado competitivo.

Em síntese, louve-se o desempenho otimizado da Caixa Econômica Federal, na esperança de que os bons resultados tenham normal continuidade, quando se sabe que os prejuízos são indicativos de incompetência, ineficiência e até mesmo de desvio de recursos públicos, como foram verificados em governos anteriores, que se beneficiaram impunemente de dinheiro dessa e de outras instituições.  

Brasília, em 13 de março de 2022

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