Um peão morreu após ser pisoteado por um touro em uma das
provas do Rodeio Show, em Indiana (SP).
De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, a vítima
sofreu ferimentos na cabeça e foi socorrida imediatamente, mas o seu caso era gravíssimo,
uma vez que foi constatada parada cardiorrespiratória.
A Santa Casa informou que o homem recebeu os primeiros
atendimentos na própria arena, mas chegou ao Pronto-Socorro da unidade já sem
vida.
Conforme a organização do evento, a vítima estava
participando prova de montaria, quando caiu do animal e foi pisoteado por ele,
o que lhe provocou diversas lesões.
A Comissão do Rodeio informou que o evento estava autorizado
e legalizado, funcionando sob os cuidados necessários à segurança e à prevenção
de acidentes, tudo em conformidade com as normas de regência.
Os eventos dessa natureza estão previstos na Lei nº 13.364,
de 29 de novembro de 2016, cujo texto se refere a expressões artísticas e
esportivas, como manifestação cultural nacional.
A lei também diz que os eventos previstos na aludida norma
têm a finalidade de elevação de atividades à condição de bem de natureza
imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro e dispõe sobre as
modalidades esportivas equestres tradicionais e sobre a proteção ao bem-estar
animal, ou seja, tudo muito maravilhoso, em termos permissivos aos riscos à
vida humana, como a se justificar as mortes de pessoas e animais.
Pouco importa o que a lei possa dizer ou estabelecer,
porque mais uma vida de pessoa se foi à custa de evento cujo risco à vida é
inevitável, tomando-se por base meras palavras escritas em texto frio, dizendo
que a vida dos participantes, no caso as pessoas e os animais, está sob proteção,
porque isso não passa de balela e muita irresponsabilidade por parte dos promotores
dos eventos, que estão interessados exclusivamente no seu resultado econômico.
É evidente que os valores culturais, que são cultuados nas
várias regiões do Brasil, são da maior importância para a sociedade, evidentemente
quando isso não implique no sacrifício de vidas, humanas e animais, porque elas
são pouco convenientes ao seu propósito, em especial que a sua finalidade é a
diversão e a expressão artística.
Não obstante, os fatos mostram que o risco é enorme e os
acidentes e até as mortes são inevitáveis, a exemplo desse caso, em que um
jovem é pisoteado pelo animal de parceria do trabalho, vindo a perder a vida, em
situação sem qualquer explicação, diante da importância da vida.
É evidente que a vida não pode ser colocada em risco, em
nome da ganância econômica, porque, sem este interesse maior do evento, ele
jamais seria realizado em nome apenas da importância cultural ou expressão
artística, porque somente os ingênuos poderiam acreditar numa cretinice dessa
ordem.
Eu duvido e até incito a quem quiser provar em contrário, que
alguém se disponha a promover vaquejada, rodeio ou outro evento artístico
similar tão somente sob a inspiração da elevação cultural, como forma apenas do
prazer de se promover show artístico, sem qualquer finalidade econômica.
Isso mostra a exploração indevida dos animais e a colocação
de pessoas ao risco de morte, como vem acontecendo, nos últimos tempos, porque
a lei em si não consegue oferecer mecanismo eficiente para se evitar a
ocorrência de acidentes nem de mortes.
É muito triste que a evolução da humanidade não tenha sido
capaz de mostrar ao bicho homem que ele pode imaginar outras formas saudáveis
de diversão, fazendo uso da modernidade para tanto, sem pôr em risco a vida das
pessoas e dos animais, porque existem muitas alternativas de diversão segura e
alegre, sem pôr em menor risco à vida.
Compreende-se que o homem moderno tem muito espaço para
evoluir, na busca do seu aperfeiçoamento, em termos de sensibilidade, no
sentido de compreender que não faz o menor sentido se aproveitar da
instrumentalização de normas jurídicas e desarrazoados sentimentos pessoais
inerentes ao culto às tradições importantes para justificar a realização de eventos
que têm sido causa de morte de seres humanos e sacrifício de animais.
É preciso que o homem pense racionalmente na grandeza da
vida do seu semelhante e possa entender que não compensa a continuidade de
eventos de risco, como muitos que a lei permite, mesmo que a diversão seja linda
e maravilhosa, sob a nostalgia em nome da tradição, mas muito mais importante é
o respeito à preservação da vida, tanto do homem como dos animais.
Com o lamento diante da morte do peão, concito aos homens
de boa vontade que se interessem pela realização de diversão cultural e expressão
artística, de modo que as vidas humanas e animais tenham prioridade de preservação,
tendo em vista que não tem a menor valia que os eventos dessa natureza facilitem
a morte de seus participantes e nada se faz para se evitar mais desastres, mesmo porque eles são absolutamente
inevitáveis.
Brasília,
em 21 de março de 2022
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