terça-feira, 29 de março de 2022

Em defesa de vidas humanas

 

O presidente da Ucrânia disse que seu país está preparado para discutir a adoção de status de “neutralidade” como parte de acordo de paz com a Rússia, tendo acrescentado que essa medida terá que ser submetida aos ucranianos, por meio de referendo.

Para que isso possa ser negociado, o presidente daquele país disse que é preciso que as tropas russas deixem o território ucraniano, sob as “Garantias de segurança e neutralidade, status não nuclear de nosso Estado. Estamos prontos para isso. Esse é o ponto mais importante”.

Sob essas condições, o presidente ucraniano confirmou que está disposto a aceitar o status neutro e não nuclear do país, como exige a Rússia, em troca de garantias de segurança e de paz para o seu país.

O presidente ucraniano ressaltou que “é impossível que os líderes do Reino Unido, dos Estados Unidos, da Polônia e da Turquia assinem qualquer documento como possíveis fiadores enquanto a guerra estiver em curso.”.

          Aquele presidente disse que “Os fiadores não assinarão nada se houver tropas. Isso está sendo trabalhado profundamente, mas não quero que seja outro documento como o Memorando de Budapeste de 1994, que concedeu garantias de segurança à Ucrânia em troca da renúncia ao arsenal nuclear herdado da antiga União Soviética e que Zelenski disse que nunca se materializou. “Estamos interessados em que seja um acordo sério”.

O presidente ucraniano disse ainda que está disposto a discutir com o presidente russo, “em qualquer lugar do mundo, para chegar a acordo com assinaturas, selos e até sangue. Isso bastaria para iniciar o processo de retirada. As tropas devem ser retiradas, os fiadores vão assinar tudo e fim”.

Não obstante, o presidente ucraniano lembrou que mesmo assim o trabalho não estará concluído, porque a Ucrânia terá de alterar a sua Constituição, onde consta a aspiração do Estado de aderir à Otan e que uma mudança pode demorar até um ano.

Quanto à exigência russa de que a Ucrânia reconheça a península da Crimeia como parte da Rússia e a independência das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, o presidente ucraniano chegou a declarar de forma vaga que essa é uma questão que “deve ser abordada e resolvida”, mas, em demonstração de inflexibilidade, ele refutou a possibilidade de fazer concessões nesse sentido e enfatizou que uma das suas prioridades é assegurar a soberania e integridade territorial da Ucrânia.

As delegações da Rússia e da Ucrânia vão se reunir ainda esta semana, numa nova rodada de negociações presenciais, o que demonstra, de certa forma,  interesses recíprocos em se discutir medidas que possibilitem o cessa fogo e a paz.

Entrementes, representantes diplomáticos dos dois países  reconheceram que as negociações estão sendo “muito difíceis” e que ainda não há consenso nas questões mais relevantes, em que pesem os estragos causados à Ucrânia, em termos de perdas de vidas e destruição do patrimônio da população.

O negociador russo disse que “As posições estão convergindo em pontos secundários. Mas, nas principais questões políticas, continuamos afastados”, enquanto o negociador da Ucrânia confirma as dificuldades para o atingimento de “consenso” entre as partes.

A ideia defendida pela Rússia é a de que seja obtido “tratado abrangente”, que inclua suas exigências de neutralidade e desmilitarização da Ucrânia, bem como o reconhecimento da soberania russa da Crimeia e da independência das regiões separatistas do Donbass.

O representante da Ucrânia afirmou que a Rússia pretende dividir a Ucrânia, na “tentativa de criar as Coreias do Norte e do Sul na Ucrânia”, em alusão à divisão da Coreia após a Segunda Guerra Mundial.

Enquanto a guerra avança no território ucraniano, a ofensiva bélica  militar russa na Ucrânia já matou, pelo menos, 1.119 civis, incluindo 139 crianças, e feriu 1.790, entre os quais 200 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A deplorável guerra já provocou também a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo quase 3,9 milhões de refugiados para países vizinhos e cerca de 6,5 milhões de deslocados internos, fatos estes que bem demonstram a desestruturação do país.

A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A visível deplorabilidade da situação exige urgência, urgentíssima adoção de medidas efetivas capazes de se encontrar solução para esse injustificável caos, que afeta, em especial, diretamente muitas e preciosas vidas humanas.

Diante das informações vindas do front das negociações, as exigências da Rússia são muito claras e objetivas, tendo sido indicados os seus objetivos que, mais cedo ou mais tarde, serão todos alcançados, mesmo que à custa de muitas mortes e incalculáveis destruições.

A verdade é que a Ucrânia não tem a mínima condição de resistência para evitar o domínio do seu país, que dispõe bem menos de dez por cento do poderio bélico russo, o que bem demonstra que se trata de disputa inglória e totalmente arriscada em somente haver continuado e permanente massacre do povo ucraniano e da deformação das estruturas da nação.

Diante dessa triste realidade não resta outra alternativa para o presidente da Ucrânia senão se render, o mais rapidamente possível, em nome da preservação do seu povo, porque se trata de enorme irresponsabilidade da sua parte em continuar em condições visivelmente desumana, sob pesado fogo cruzado, submetendo o povo ao curral da morte, mesmo sabendo que o seu país não tem a mínima condição de resistência, diante da completa fragilidade das ferramentas para os necessários combates e contra-ataques à altura do inimigo, ficando muito claro que essa cruel guerra tem a nítida caracterização da luta representada pela figura de David contra Golias, só que o resultado será o mais horroroso que se possa imaginar, diante da realidade dos fatos.

Exatamente nas condições da guerra atual, que não tem mais como ser interrompida por mera bondade por parte do horroroso monstro presidente da Rússia, se o presidente da Ucrânia tivesse algum miolo no cérebro cuidava de buscar imediatamente o acordo que fosse, exatamente nas condições exigidas por Golias, tendo como justificativa maior a preservação das vidas do seu povo, que não podem ser destruídas e, ao final, depois de tenebrosas perdas totais, ser simplesmente obrigado a conceder não somente os pontos ora exigidos, mas certamente todo o domínio da nação, quando fica a certeza de que o estrago foi muito mais intenso, bem além do que se as negociações fossem ultimadas agora, mesmo que sejam concedidas as exigências da Rússia, porque elas são inevitáveis.

A verdade é que, nesse caso de guerra, sempre há de prevalecer a vontade do mais forte, que é o agressor, que tem o comando da destruição e vai seguir minando e arruinando cada vez mais as estruturas da Ucrânia, até a rendição total, mas somente depois que não restar mais nada e isso é terrivelmente inaceitável, quando o bom senso aconselha que esse país ceda em tudo, justamente para se evitar mal ainda maior do que já é.

Nem precisa ser estrategista de coisa alguma, muito menos de guerra, para se perceber que o fim da Ucrânia é somente questão de tempo, mas depois quando tudo já estiver arruinado, devido à sua inferioridade bélica, incapaz de se evitar estragos ainda mais horrorosos.

À toda evidência, a rendição não acontece agora porque o presidente da Ucrânia e todos os seus colaboradores serão colocados na linha de frente do fuzilamento e eles preferem sacrificar a população por esse martírio inglório, quando seria muito mais humano que eles fugissem agora do país e deixassem que a Rússia completasse seus planos de plena dominação, com a vantagem da preservação de muitas preciosas vidas e outras graves destruição.

Nada se pode considerar atos de bravura a resistência à guerra pondo em risco e destruição as vidas humanas, que são muito mais importantes do que os interesses do país, notadamente quando se sabe que ele é impotente para combater em defesa do seu povo, que apenas vai servir como natural bucha de canhão, ou seja, trata-se de luta com fim mais do que sabido e o resultado será o pior possível para a Ucrânia e o seu povo, que é algo visivelmente injustificável e desumano.

Neste momento crucial, sem saída alternativa, em que a Ucrânia se encontra cercada e encurralada, que apenas será inapelavelmente tragada pela gigantesca máquina bélica russa, à vista da sua fragilidade armamentista, a melhor e mais honrosa medida a ser tomada, sem perda de tempo, é levantar a bandeira branca da rendição e concordar com a assinatura dos acordos necessários, tudo em harmonia com a importante preservação das vidas dos ucranianos, que não merecem ser trucidados lentamente até a chegada do momento fatal da rendição depois de prejuízos infernais que poderiam ser encerrados agora, evitando-se milhares de mortes e imensuráveis destruições.

Ante o exposto, apelam-se para que sejam colocados na mesa de negociação os salutares princípios do bom senso e da racionalidade, tendo em conta, em especial, a relevância dos sentimentos humanitários, na certeza da preservação de preciosas vidas humanas, de modo que a Ucrânia se renda e assine os acordos pretendidos pela Rússia, antes que a tragédia da guerra produza muito mais estrago na população desse já arrasado país.

Que Deus seja o intermediador da melhor solução para a população da Ucrânia, permitindo o fim dessa sangrenta e injustificável  guerra, que só causa muito sofrimento ao povo desse país, que luta bravamente em vão, ante os motivos da sua indiscutível inferioridade de resistência.   

Brasília, em 29 de março de 2022

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