O ex-governador tucano de São Paulo
acertou sua filiação ao PSB, com o intuito de ser o candidato a vice-presidente
da República, na chapa do ex-presidente da República petista, em que pese o seu
partido e o PT não terem ainda acertado a formação de federação para as
eleições deste ano.
De acordo com um deputado do PSB,
ficou acertada, em reunião, a aludida filiação, em ato partidário para selar a adesão
do ex-governador paulista, depois de a direção do partido ter a confirmação do
acerto do convite, por parte do petista-mor, para que o ex-tucano seja seu
companheiro de chapa, embora o modelo dessa aliança ainda não esteja definido.
Independentemente de federação ou
coligação entre os dois partidos, é fato que o ex-tucano deverá ser mesmo o vice
na chapa petista, porque as negociações nesse sentido já foram seladas.
A propósito dessa importante aliança
política, convém se reportar ao passado não muito distante em que o ex-tucano se
manifestava contrariamente à índole do seu par de chapa, quando ele, com muita
eloquência, mostrou, com ênfase e precisão, o que ele representava na vida
pública brasileira, que tem ligação com fatos que permanecem intactos, uma vez
que remanescem vigentes as mesmas ocorrências delitivas por meio das quais ele
teria se respaldado para o seu importante discurso político.
Esse pronunciamento se tornou histórico,
porque o seu conteúdo simboliza a marca de político em completa decadência moral,
à vista dos fatos deploráveis atribuídos a ele, sob a afirmação de que o seu
legado seria julgado pelas urnas, merecendo a condenação dos verdadeiros brasileiros,
na acepção de que ele seria indigno da grandeza do Brasil e jamais poderia
retornar ao poder, para comandá-lo, com o peso de tantas maldades protagonizadas
contra o povo, com marcas profundas no gerenciamento dos recursos públicos.
Em vídeo que circula nas redes
sociais, o ex-tucano afirmou, com bastante lucidez e disposição, a seguinte mensagem, ipsis
litteris: “Brasileiros não são tolos e estão vacinados contra o modelo
lulupetista de confundir para dividir, de iludir, para reinar. Mas vejam a
audácia dessa turma. Depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz quer voltar ao
poder. Ou seja, meus amigos, eles querem voltar à cena do crime. Será que os
petistas merecem uma nova oportunidade? Fiquem certos de uma coisa: nós os
derrotaremos nas urnas. Lula será condenado nas urnas pela maior recessão da
nossa história. As urnas os condenarão pelos quinze milhões de empregos
perdidos, pelas milhares de empresas fechadas, pelos sonhos desfeitos, pelos
negócios falidos, por ter sucateado a nossa saúde, atentado contra a saúde dos
brasileiros. As urnas os condenarão pelo desgoverno, pela destruição da Petrobras,
por obras inacabadas e abandonadas, por jogar brasileiros contra brasileiros.”.
À toda evidência, o supracitado
pronunciamento é o retrato fiel e irretocável de político simplesmente horroroso
e desastrado, que nem as piores republiquetas o merecem, exatamente porque os
seus atributos mostram as inferiores qualidades atribuídas ao homem público, que
não teria a mínima condição para o exercício de cargo público, segundo o entendimento
do ex-tucano, dando a entender que ele representaria verdadeira chaga para os
interesses da sociedade, por já ter protagonizado tudo de ruim que se possa imaginar
contra os princípios republicano e administrativo.
Diante disso, causa enorme perplexidade
que o mesmo ex-tucano se digne a formalizar aliança exatamente com o político
que, até há poucos dias, o considerava o pior homem público da face da Terra,
na forma do seu elucidativo pronunciamento, conforme transcrito acima.
É evidente que, em se tratando de
políticos brasileiros, isso não deveria causar surpresa alguma, porque essa
maneira de comportamento na esculhambada vida pública se compatibiliza
perfeitamente com o arraigado sentimento prevalente na vocação oportunista de
muitos eles, que estão muito acima das causas nacionais e dos princípios e das
condutas salutares que deveriam ser observados rigorosamente como regras em estrita
defesa dos interesses do Brasil e do seu povo.
Na verdade, essa clara forma debochada
e desmoralizante aos princípios republicanos não é culpa de políticos
destituídos princípios, em absoluto, exatamente porque eles não têm a mínima condição
se eleger por vontade própria, somente com o próprio voto, ou seja, o voto dele
é absolutamente incapaz de elegê-lo.
A verdadeira culpa pela existência
de políticos sem caráter, sem dignidade e sem condições morais para representar
os brasileiros honrados e dignos é exclusivamente dos eleitores, que ainda se curvam
a elegê-los seguidamente, contribuindo continuamente para que a representação política
brasileira seja a pior e mais desgraçada dos mundos, à vista da existência de
homem público que reconhece a inutilidade de alguém, mas, de forma torpe, porque
nada de novo ocorreu com relação à análise dos mesmos fatos, se digna a formar
aliança com ele, com a cara mais lisa e desavergonhada de quem jamais o
criticara com palavras e acusações severas, o que só evidencia o nível da sua indignidade
política, que não merece senão desprezo, em termos de urnas, que merecem muito
respeito, em termos de cidadania e civismo, como formas de se honrar o verdadeiro
sentimento de brasilidade.
Cabe lembrar o ditado popular que
sentencia que o povo tem o governo que merece, exatamente porque o presidente
da República e, de modo geral, os representantes políticos são eleitos pelo
povo e somente se elege aquele para quem o eleitor decidir depositar o seu voto
na urna, de forma soberana.
Com isso, não será novidade
alguma se político que, em determinado momento, se digna a mostrar os podres de
seu adversário, mas em seguida, por visível conveniência carreirista e
oportunista, ou seja, por puro interesse pessoal e não em defesa do povo, fecha
os olhos para tudo o que disse antes, sem que tivesse acontecido nada de novo,
se eleja a cargo público eletivo, exatamente sob a ótica magnânima do povo, que
compreende que deve ser governado por políticos sem caráter e notoriamente
indignos de exercerem cargos públicos.
Enfim, a partir de abalizadas e
bem fundamentadas avaliações acerca dos atributos do principal líder da oposição,
que tiveram por base fatos que permanecem intatos, desde então, feitas por seu
par de chapa presidencial, pode-se inferir que o ex-tucano, ao se associar politicamente
a ele, deve merecer igualzinho tratamento por ele vaticinado no seu preciso
discurso, no sentido de que as urnas precisam, agora, condená-los pelos mesmos motivos
reprovados no pronunciamento lapidar, acima transcrito, uma vez que ele passa a
assumir as mesmas premissas ali elencadas, em razão da sua composição com quem
ele condenava sumariamente, com base em argumentos que não se alteraram, ao
longo do tempo.
Ante o exposto, urge que os
brasileiros criem gosto pela política, procurando se conscientizar sobre a necessidade
de somente votar em homem público que demonstre firmeza de caráter, zelo pelo
patrimônio público e retilineidade de respeito aos princípios fundamentais da administração
pública, quanto aos requisitos da moralidade, da dignidade, do decoro, da
competência, da economicidade, da eficiência e das demais condutas que se compatibilizem
com os sublimes interesses da sociedade.
Brasília, em 10 de março de 2022
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