terça-feira, 8 de março de 2022

Boa oportunidade da guerra?

 

Brasileiros, prestem muito atenção para a declaração presidencial das mais infelizes que um estadista jamais poderia fazer no seu governo, porque é absolutamente imaginável que alguém na face da Terra consiga raciocinar em momento da maior tristeza para a humanidade, tendo por finalidade o enaltecimento de desgraça para mostrar que isso é bom para o Brasil, com o aproveitamento da desgraça da humanidade.

Ou seja, o presidente brasileiro enxerga como algo maravilhoso a existência da guerra para justificar que os parlamentares se conscientizem sobre a necessidade de o país vir a futuramente ter condições de ser autossuficiente em fertilizantes, bastando, para tanto, que eles aprovem projeto nesse sentido.

Esse deplorável, degradante e decepcionante acontecimento só demonstra o extremo da insensibilidade e da incompetência administrativas, em demonstração de que não se consegue convencer os congressistas, com argumentos apropriados e pertinentes, sobre a imprescindibilidade da criação dos instrumentos legais necessários, independentemente da ridícula e insensata exploração da guerra, para mostrar, em tempos de paz, que o país tem condições de fabricar seus insumos.

Causa perplexidade que o presidente da República não se sensibilize sobre o fato de aproveitar a terrível crise da guerra para tentar conseguir convencer os parlamentares sobre a imperiosa necessidade da aprovação de medidas que poderiam ser conseguidas há muito tempo, logo no início do seu governo, obviamente, em tempos de paz.

Não obstante, isso talvez não tenha sido possível exatamente em razão da lastimável incompetência gerencial, em especial pela falta de condições técnicas de argumentação suficientes para se mostrar que o Brasil possui os minerais, em terra, com capacidade para o fornecimento da matéria-prima dos fertilizantes que tanto o país precisa.

Infelizmente, foi preciso que surgisse a mortífera e indesejável guerra, para que possibilitasse “boa oportunidade para a gente.”, ou seja, isso é o mesmo que se afirmar como é bom que tenha surgido a desgraçada guerra, para servir de excelente motivação para a aprovação de importante mecanismo necessário ao fomento da agricultura do Brasil.

Esse fato tem o condão de evidenciar infinita pobreza de competência, que se alia à insensibilidade humana, quando a pestilenta guerra não se aproveita para absolutamente nada, senão para causar terrível sofrimento à sensata humanidade.

Meu Deus do céu, como pôde o Brasil atingir nível de gestão pública tão medíocre degradante, em condições de absoluta pobreza de gerenciamento público, a ponto de se valer da guerra para justificar a criação de normas que são da maior importância para o fabrico de fertilizantes, levando-se em conta que nenhuma republiqueta, por mais depauperada que seja, talvez precisasse do recursos da guerra para conseguir a aprovação de projetos necessários ao desenvolvimento do país, como é o caso desses produtos essenciais à agricultura brasileira.  

            Vejam como é absurda e descabida a afirmação do presidente brasileiro, in verbis: “Essa questão da crise entre Ucrânia e Rússia… da crise apareceu boa oportunidade para a gente. Temos um projeto que permite explorarmos terras indígenas de acordo com interesse dos índios. Por essa crise internacional, da guerra, o Congresso sinalizou em votar esse projeto em regime de urgência. Espero que seja aprovado na Câmara já agora em março”.

Segundo a argumentação do presidente do país, a exuberância de áreas exploradas é enorme, por existirem mais de 500 jazidas do mineral pretendido fora de reservas indígenas, em fase de licenciamento para pesquisa e exploração.

De acordo com o presidente do país, as reservas múltiplas indígenas brasileiras são ricas em potássio, que é matéria-prima para alguns tipos de fertilizantes, fato este que se permite afirmar que a exploração desse minério possibilitará que o Brasil possa se tornar menos dependente das importações russas.

Ele disse que “Espero que daqui a dois, três anos possamos dizer que não somos mais dependentes de importação de potássio para o agronegócio".

O presidente do país aproveitou para comentar que a “Roraima é minha menina dos olhos. Se eu fosse rei de Roraima, em 10 anos teríamos economia semelhante à do Japão. É um Estado fantástico. (...) Isso tudo foi perdido, mas dá para ser recuperado. É inadmissível, dois terços do Estado estão inviabilizados (com as reservas). Espero que Roraima possa ser um Estado que possa usar suas riquezas, em especial das minerais.”.

À toda evidência, causa enorme constrangimento e até estarrecimento o presidente do país dizer que é bom que a guerra sirva de motivação para a aprovação de norma para a viabilização de medidas que poderiam ser conseguidas apenas com o emprego de atos revestidos de competência gerencial, independentemente da desgraça e da trágica guerra, que só merece condenação e repúdio, por ser causa de perda de milhares de mortes de vidas humanas, não sendo exemplo absolutamente para mais nada, nem mesmo para o incentivo lembrado pelo presidente brasileiro, por mais importante que ele realmente é, mas não é o caso.

Enfim, por falta de competência administrativa, na normalidade mundial, merecem especial repúdio da humanidade, em especial dos brasileiros, com o extremo da veemência, às mentalidades retrógradas de quem aproveita, em cristalina demonstração de insensatez, da calamidade da guerra para respaldar conveniência sobre necessidade da aprovação de medidas legislativas, quando elas poderiam ser implementadas fora desse momento horroroso que aflige os povos, que reprovam a insensatez, a crueldade e a desumanidade perpetradas pelo mostro ditador russo, que ainda conta com a solidariedade de seu amigo, o presidente da República brasileira, em total afronta aos princípios do bom senso, da racionalidade e humanitários.

Brasília, em 8 de março de 2022

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