O ex-chanceler do atual governo
fez duras críticas à postura do presidente da República, com relação à posição dele
diante da guerra na Ucrânia, tendo afirmado que o mandatário está reproduzindo
“desinformação russa”.
Em
vídeo publicado em seu canal no YouTube, o ex-ministro disse que a posição de
suposta “neutralidade” defendida pelo chefe do Executivo transmite, na
verdade, nítida preferência pela Rússia, país do declarado amigão comunista
dele.
O ex-chanceler afirmou que “Me
parece que a posição correta do Brasil, compatível com nossos valores morais e
interesses materiais, seria um apoio à Ucrânia, junto com as grandes
democracias ocidentais”.
O ex-ministro aproveitou para também
criticar a desastrada visita do presidente brasileiro à Rússia, no momento de extrema
tensão entre os dois países, cuja escalada prenunciava o conflito iminente, fato
que, no entendimento dele, contradiz a posição de neutralidade que o presidente
diz que vem defendendo.
O ex-chanceler esclarece que o
presidente do país também validou a narrativa russa, ao se referir, de forma
pejorativa, ao presidente da Ucrânia, como ator “comediante” e acrescenta que “A
ilação que o presidente está fazendo é que o povo ucraniano entregou o seu
destino a alguém que não tinha capacidade de conduzi-lo e agora está sofrendo
as consequências disso. Isso é pura propaganda russa”, embora ele entenda
que não é demérito algum que o líder ucraniano tenha sido comediante.
A propósito, o antigo fiel aliado
do presidente do país, o ex-chanceler, tem feito reiteradas críticas ao ex-chefe,
como a recente acusação ao mandatário de ele estar favorecendo política “pró-China”,
com respaldo da espúria aliança dele com o famigerado Centrão.
Na opinião do ex-ministro, o
mencionado bloco fisiológico teria passado a pautar a gestão federal conforme
os interesses do país asiático, em
detrimento das causas brasileiras.
As críticas do ex-chanceler
evidenciam verdadeira dissonância de pensamento entre os bolsonaristas, com
prenúncio de racha na base de apoiadores do governo, em especial sobre a forma como
o Brasil deva se posicionar perante a invasão da Ucrânia.
A verdade é que esse conflito suscitou
diferenças de interpretação quanto ao posicionamento brasileiro e expôs visíveis
dissonâncias no seio dos fiéis aliados do presidente do país, mas com tendência
de união com grupos de oposição, em defesa, pasmem, logo do ditador-presidente
da Rússia, que dissente da ideologia de direita, dando a entender que há, nessa
história, forte influência de fatores inconfessáveis do presidente brasileiro.
É evidente que, com o
pronunciamento dissidente do ex-chanceler, expressiva parcela de bolsonaristas
optou, de forma declarada, por condenar a ofensiva russa e defender a Ucrânia, ficando
clara a divisão no âmbito da ala ideológica da direita, liderada pelo presidente
do país.
É
extremamente deplorável que, em situação da maior gravidade que representa a
guerra, ainda coexista a alimentação de ideologia para se posicionar acerca de
qual país deva se tomar partido, quando o que importa nesse caso é a defesa da humanidade,
que precisa ser defendida sobre quaisquer outros interesses.
Isso
vale dizer que o Brasil precisa se conscientizar de que a guerra compreende o
recurso bestial dos brutos, dos selvagens e dos ditadores, com notória índole
cruel e desumana, diante da compreensão de que, havendo boa vontade, bom senso,
tolerância, racionalidade, é possível a negociação da paz, em nome da preservação
de vidas humanas e patrimônio.
No
caso do governo brasileiro, não há a menor dúvida de que realmente não existe
neutralidade coisa alguma, porque o seu presidente tomou partido pelo amigão
comunista, tendo como principal argumento o fornecimento de fertilizantes para
o agronegócio brasileiro, que são vitais para o cultivo agrícola brasileira,
mas a continuidade dos conflito pode perfeitamente prejudicar a normal importação
desses produtos.
Em
nome do bom senso e em defesas dos princípios humanitários, o presidente
brasileiro precisava condenar, com veemência, a estupidez da guerra, dizendo
com muita clareza não a posição insensata da imparcialidade, motivada, como
visto, exclusivamente por finalidade econômica, no sentido de que não se pode
censurar a Rússia, por sua monstruosidade, justamente porque, se o fizer, corre-se
o risco de ficar sem o precioso fertilizante, em clara demonstração de que,
mais uma vez, elege-se a economia, em detrimento da vida humana, como aconteceu
no combate à pandemia do coronavírus.
Infelizmente,
essa é a verdadeira história do país com a grandeza do Brasil, que não teria condições
nem poder para interferir no curso da terrível e infernal guerra, mas poderia
muito bem, ante os princípios humanitário e de racionalidade, se manifestar com
a mais sublime posição de condenação aos bestiais conflitos, mostrando o seu
interesse pelas negociações com vistas à assinatura dos termos da paz.
Brasília, em 3 de março de 2022
Nenhum comentário:
Postar um comentário