quarta-feira, 25 de maio de 2022

A prisão no lar?

 

Circula nas redes sociais um desenho da imagem do rosto do principal líder da oposição, atrás das grades, encimada da seguinte expressão: “Continua preso e com medo. Quem o prendeu formos nós, o povo. O povo não deixa ele sair para ir ao cinema ou à praia ou fazer um simples passeio. Colocamos ele em uma espécie de prisão domiciliar. O STF solta e o povo prende”.

Não basta que o povo apenas o prenda em casa, porque é conveniente que esse político seja obrigado a comprovar a sua inocência perante os processos em tramitação na Justiça, versando sobre gravíssimas irregularidades na gestão de recursos públicos, sendo que, em dois deles, já houve o julgamento e a condenação dele à prisão, pela constatação da prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Os fatos causadores da prisão constituem gravidade tal que o impedem de atender aos requisitos de conduta ilibada e idoneidade na vida pública, havendo cristalina incompatibilidade disso com o exercício de cargo público, ante o respeito que precisa imperar perante os eleitores honrados e dignos.

Essa forma de imaculabilidade na vida pública prejudica diretamente e de forma irremediável o preenchimento de cargo público eletivo, que exige comprovação dos princípios do decoro, da probidade e da moralidade na vida pública, em respeito à honradez e à dignidade do Brasil e dos brasileiros.

Espera-se que os verdadeiros brasileiros tenham o sentimento patriótico, no sentido do encorajamento de querer passar o Brasil a limpo e de colocar os interesses do país acima de todos os demais, não permitindo que contumazes aproveitadores da ingenuidade do povo para servir apenas de massa de manobra.

É preciso que haja urgente mobilização da sociedade, com vistas à exposição ostensiva das mazelas protagonizaras por verdadeiros malfeitores e aproveitadores de recursos públicos, para que as precariedades fiquem patenteadas, com destaque, em todas as localidades do país, mostrando precisamente as reais inconveniências desses antipolíticos na vida pública, por conta da desgraça que eles foram capazes de praticar contra o patrimônio dos brasileiros, conforme a comprovação dos fatos irregulares investigados sob a batuta da diligente Operação Lava-Jato.

Essa é a única maneira objetiva e direta de convencimento da população de que o Brasil não suporta mais a repetição de monstruosa roubalheira, com a enorme possibilidade de que a próxima dosagem poderá ser ainda mais gigantesca e avassaladora do que  os deploráveis escândalos do mensalão e do petrolão, à vista dos inadmissíveis e injustificáveis benefícios da impunidade atribuídos generosamente a todos os criminosos de colarinho branco, que tiveram a “honrosa” participação nas quadrilhas que se locupletaram, obviamente de forma indevida de recursos públicos.

Como o Brasil não chega a ser sequer republiqueta, em termos de moralidade na administração pública, é crível se pensar que nada, absolutamente nada, será feito nesse sentido, principalmente porque não há o menor interesse em estancar a vergonhosa esculhambação que grassa no país tupiniquim, quando, bastou espremer um pouquinho os familiares e amigos do mandatário, por ações da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça, para a imediata e criminosa extinção do único órgão que fez justiça neste país.

Hoje, os famosos criminosos de colarinho branco, que são muitos e poderosos, formam a classe mais privilegiada da face da Terra, diante da certeza absoluta da impunidade, porque eles têm a garantia de que não serão alcançados pela lei e jamais presos, por força apenas de desvio de recursos públicos.

Não obstante, se eles forem presos, certamente por algum equívoco, isso aconteceria apenas por questão de tempo, porque o caminho está escancarado para a liberdade dos criminosos, por via da fácil concessão de habeas corpus, tranquila, simples e rápida, obtida precisamente com o emprego do próprio dinheiro do crime, porque alguns, com sentimento de meio-honestos, resolveram devolver parte dos recursos roubados aos cofres públicos.

Salve o Brasil da impunidade e dos tolos dos eleitores que sempre elegem os mesmos políticos inescrupulosos, que se tornam seus representantes, sem o menor constrangimento quanto à continuidade da criminalidade, se beneficiando da coisa alheia, ou seja, de recursos públicos, à vista de muitos que sequer foram julgados e podem participar normalmente dos pleitos eleitorais, evidentemente sob a vontade popular.

É evidente que essa pouca-vergonha poderia não existir, bastando que os brasileiros criem o sentimento de moralidade e de amor ao Brasil, para entenderem que a grandeza do país somente merece ser governado por quem demonstrar aderência aos princípios republicanos da moralidade, da honestidade, da dignidade, em harmonia com boas e profícuas experiências na gestão dos recursos públicos, em especial quanto à comprovação de lisura e legitimidade nos seus atos na vida pública.

Enfim, quem não consegue sair de casa, para manter contato com o povo que pretende ser seu representante, na vida pública, deve haver motivo bastante expressivo que o tornar presidiário de si próprio, cuja liberdade pende apenas da limpeza do seu nome junto à Justiça, por força de vários processos recheados de denúncias referentes a suspeitas da prática de irregulares graves, envolvendo o recebimento de propinas com recursos públicos.   

Brasília, em 25 de maio de 2022

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