sexta-feira, 6 de maio de 2022

Reportagem enganosa?

           O principal líder da oposição brasileira é capa da revista americana Time, com a manchete "O segundo ato de Lula", em referência à sua pré-candidatura à Presidência da República, na próxima eleição, na qual ele aparece sob a expressão: "o líder mais popular do Brasil busca retornar à presidência".

A reportagem ressalta que ele foi o “presidente mais popular do Brasil”, além de citar a “jornada de herói” dele, a partir da sua infância pobre, passando pela trajetória do sindicalismo, até a sua incursão na política, que o levou à Presidência do país; em contraposição ao seu envolvimento com a “tragédia” dos escândalos do mensalão e do petrolão, sob as acusações de corrupção e a condenação à prisão, diante da constatação do recebimento de propinas.

O reportagem ressalta que o político "esperava uma vida mais tranquila longe dos salões do poder. A política vive em cada célula do meu corpo, porque eu tenho uma causa. E nos 12 anos desde que deixei o cargo, vejo que todas as políticas que criei para beneficiar os pobres foram destruídas".

A Time menciona ainda a “anulação dos processos” (com essa expressão) contra o político, no Supremo Tribunal Federal, em razão da parcialidade do então juiz da Operação Lava-Jato, e a atual configuração política do país, tendo por base as pesquisas de opinião, que o coloca na liderança da preferência das pessoas consultadas.

Em outro trecho, a revista corrige o seu grave erro de dizer que os “processos” contra o político teriam sido anulados, tendo afirmado que “Os finais parecem não se encaixar, no entanto. Em abril de 2021, a Suprema Corte do Brasil anulou as condenações por corrupção que haviam excluído Lula – como ele é universalmente conhecido – da política em 2018, dizendo que um juiz tendencioso em seu caso havia comprometido seu direito a um julgamento justo. A decisão bombástica colocou o Brasil a caminho de um confronto entre o esquerdista Lula e o atual presidente de extrema direita Jair Bolsonaro nas eleições de outubro de 2022.”.         

A reportagem publicou afirmações do político, no sentido de que "As Nações Unidas de hoje não representam mais nada. Os governos não levam a ONU a sério hoje, porque tomam decisões sem respeitá-la. Precisamos criar uma nova governança global".

Em conclusão, a revista americana afirma que, “Por mais difícil que seja no mundo fragmentado de hoje, muitos líderes e diplomatas saudariam o retorno de Lula: nos últimos quatro anos, Bolsonaro queimou inúmeras pontes, irritando a China com piadas racistas sobre o Covid-19 e zombando de líderes da UE.”.

Nem mesmo em revista aparentemente séria, o político brasileiro faz questão de ser justo e verdadeiro, evidentemente para não perder o hábito de injusto e mentiroso, quando ele afirmou, na revista, de forma genérica e irresponsável, sem citar os fatos por ele referidos, que seria o mínimo razoável, para o bem da verdade e da justiça, que “vejo que todas as políticas que criei para beneficiar os pobres foram destruídas", dando a entender, para quem não conhece os fatos reais, que essa acusação não condiz com a verdade.

A assertiva acima não é verdadeira, uma vez que o atual governo federal mantém, tanto a principal política assistencialista que era o carro-chefe do governo daquele político, na forma do Bolsa Família, como todas as outras políticas da gestão dele, como os benefícios da casa própria, luz para todos, e todos os demais benefícios sociais, porque eles são programas inseridas em políticas de Estado e não de governo e, por isso, eles precisam integrar as gestões de todos os governos.

Enfim, qual teria sido o real mérito de ser capa de importante revista, quando ela não teve a decência e a sinceridade de comentar, na reportagem, completa e esclarecedora situação do que ela cognominou o “presidente mais popular do Brasil”, quando poderia ter mostrado, com detalhes, as denúncias sobre suspeitas do envolvimento do político com gravíssimos casos de corrupção, em especial com a acusação sobre o recebimento de propinas, que ensejou a sua condenação à prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, uma vez que não foram contestadas, em termos de aceitação pela Justiça, as provas coligidas sobre a materialidade da autoria dele sobre os fatos irregulares?

Como justificar bombástica reportagem de capa de importante revista versando sobre político que é incapaz de provar a sua inocência perante os tribunais brasileiros, contra às terríveis acusações sobre a prática de improbidade administrativa no seu governo, à vista dos deprimentes escândalos do mensalão e do petrolão, dando a entender que se trata realmente de pessoa digna e merecedora de ser tratada como o “presidente mais popular do Brasil”, com direito a figurar em capa de importante revista de fama mundial?

Causa enorme perplexidade que a revista Time tenha informado que o Supremo anulou as condenações à prisão ao político, sem ter se dignado a esclarecer a real motivação dessa medida judicial.

Da maneira da simplicidade como assim foi informado fato tão relevante, em termos políticos, pode-se sim suscitar interpretação possível de que o criminoso teria antes justificado o seu envolvimento nas falcatruas ou então prestado contas sobre as irregularidades causadoras da sua condenação à prisão, quando nada disso aconteceu para que ele até pudesse ter a cabeça erguida para olhar nos olhos dos eleitores e jamais se envergonhar do seu passado na vida pública, que é totalmente maculado diante das acusações de corrupção, que é inadmissível em país sério, evoluído e civilizado, em termos político-democráticos.

Convém que se esclareça que as despropositadas e indignas anulações tiveram, pasmem, tão somente por interpretação pessoal de um ministro do Supremo, que depois foi convalidada pelo plenário dessa corte, no sentido de que o juizado julgador era incompetente, em termos de jurisdição, para apreciação e julgamento dos atos irregulares que deram base às sentenças condenatórias à prisão do político, o que vale dizer algo que a revista não teve interesse nem a dignidade para esclarecer ao seu público que o mérito sobre as acusações feitas contra o político não foi apreciado pelo Supremo e isso fica patente que todos os atos irregulares atribuídos à autoria dele continuam em plena validade, apenas os fatos penais, objetos processos pertinentes às denúncias, vão ser rejulgados pela Justiça de Brasília, para onde eles foram enviados por ordem da terrível e inaceitável decisão do Supremo, exatamente por falta de amparo legal e constitucional.

À toda evidência, a revista Time comete gigantesco equívoco, ao pôr político sem moral na sua capa e ainda faz densa reportagem sobre os méritos dele, mas deixa de mencionar algo da maior relevância, que é a sua decadência ético-moral, uma que ele, para a Justiça e os brasileiros honrados e dignos, tem currículo bastante sujo, a tal ponto que foi e é incapaz de provar a sua inocência perante os processos que tramitam com gravíssimas acusações sobre suspeitas da prática de corrupção, no seu governo.

Essa constatação, perante os princípios republicano e democrático, o impede de se apresentar aos eleitores, na qualidade de ficha limpa, exatamente porque ele não tem condições morais para preencher os indispensáveis requisitos de conduta ilibada e idoneidade na vida pública, em razão dos referidos fatos suspeitos de irregularidades.

Na verdade, uma revista com o mínimo de seriedade, em termos de defesa da moralidade na vida pública, jamais teria sido capaz de fazer reportagem com político que não tivesse no seu currículo senão a comprovação do respeito aos princípios da ética, da moralidade, da dignidade e tudo o mais que a sua publicação fosse engrandecida com a honradez do homenageado, o que, infelizmente, não é o caso da reportagem em referência, à vista da participação dele nos escândalos aqui referenciados.

Convém que os verdadeiros brasileiros compreendam a exata dimensão dessa enganosa e vergonhosa reportagem, que tem o verdadeiro sentido de estratégia política, em prol de político que deve explicações sobre atos na vida pública à Justiça, aos brasileiros e ao mundo, ao mostrar apenas os fatos que interessam à divulgação estritamente político-promocional, em momento político, com a proximidade da eleição presidencial, uma vez a revelação da verdadeira personalidade certamente não justificaria tão espetaculosa reportagem de capa.

É preciso que os brasileiros honrados tenham a dignidade de mostrar ao Brasil e ao mundo, não por meio de reportagem de capa, mas sim com o seu voto, que é muito mais precioso para os interesses do país, o que esse político realmente representa para a nação, em termos da sua personalidade político-administrativa, ante o envolvimento do seu governo nos lastimáveis escândalos do mensalão e do petrolão, que tinham por objetivo o desvio de recursos públicos para o atendimento irregular de finalidades político-partidárias, conforme mostram os fatos.

Urge que os eleitores brasileiros se tornem os fiéis defensores dos interesses do Brasil, decidindo votar, nas próximas eleições, exclusivamente em candidatos que se dignem atender aos salutares requisitos de conduta ilibada e idoneidade na vida pública, além das suas qualificações de competência, responsabilidade e sentimento de defesa da coisa pública, em harmonia com as finalidades públicas, evidentemente com embargo dos profissionais aproveitadores na vida pública, conforme mostram os fatos.      

           Brasília, em 6 de maio de 2022

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