Em
grupo de amigos, entendi de prestar esclarecimentos quanto à minha situação
política, com a reafirmação bastante clara de que não tenho candidato de
estimação, mas posso votar naquele que seja menos pior para o Brasil, tendo em
vista que os brasileiros precisam evitar, a todo custo, a incidência de outra terrível
desgraça como aquela que já asfixiou por completo o país, consistente com a
mais profunda roubalheira aos cofres públicos, porque, certamente, a catástrofe
moral será ainda mais devastadora.
Essa
assertiva tem toda pertinência, precisamente porque os aproveitadores do
dinheiro público, os chamados criminosos de colarinho branco, não foram punidos,
não devolveram o produto do roubo, como que confirmando o adágio popular de que
o crime compensa.
Como
se tudo isso não bastasse, os criminosos que subtraíram o erário mereceram o
indevido benefício da impunidade, com a participação, pasmem, da Justiça brasileira,
tendo ainda o direito a se candidatarem a cargos públicos eletivos, como se eles
nunca tivessem praticado qualquer crime contra a administração pública.
Diante
disso, a ilação que se pode fazer, em relação aos mesmos aproveitadores da
coisa pública, é a de que eles não terão o menor escrúpulo em desviarem o
máximo que puderem de recursos públicos, em caso do seu retorno à governabilidade
do país.
Pois
bem, diante do exposto, um distinto amigo entendeu de se manifestar em meu
socorro, dizendo exatamente a mensagem a seguir.
“Adalmir,
a sua análise é brilhante e lúcida. Finalmente aparece aqui alguém que embora
diga que vai votar no Bolsonaro, o faz de forma raciocinada, pesando os prós e
contras. Ao contrário daqueles que votam por paixão ou o que é pior, por
fanatismo quase religioso. Quando estão presentes esses aspectos, o raciocínio
fica prejudicado. Por isso é que há reações de colegas às suas posições
chegando a classificá-las como dúbias e ou que você é esquerda enrustido. Para
esses colegas movidos pelo amor ao Bolsonaro, e ódio a esquerda, o mundo é dividido
entre o bem e o mal. Se você não pensa como eu, você é inimigo. Se eu sou
direita, você é esquerda. Frases como essas ilustram o pensamento binário
dessas pessoas. Adalmir, concordo com cada palavra que você expressou. Somente
não concordo, mas respeito e aceito sua posição, em relação a votar no atual
presidente por não conceber um presidente de esquerda. Também não quero o Lula.
Por isso, votarei em primeiro turno em qualquer outro candidato que esteja em
terceiro lugar nas pesquisas, mantidas as preferências de voto até então vigentes.
Se todos que estamos insatisfeitos com o presente e com o passado recente
fizessem isso, talvez tivéssemos uma chance de mudar o cenário do segundo turno
das eleições e pudéssemos mudar esse destino que parece cruel conosco e com o
Brasil, qual seja, a volta do Lula, ou a permanência do Bolsonaro. Peço que você
pense nisso. Se você acredita que haverá segundo turno, você não correria risco
de deixar ganhar um presidente de esquerda se votasse em outro candidato no
primeiro turno. Agora, se isso não adiantar, você poderá exercer a opção de
voto já manifestada aqui na eleição de segundo turno.”.
Em
resposta à tão ponderada análise sobre os fatos políticos, eu disse que tinha ficado
muito honrado com a sensibilidade dele quanto ao meu pensamento político, que
mostra que o meu partido, felizmente, é o Brasil.
Não
tenho direito de criticar ninguém, por seu cego fanatismo político, mas
respeito a defesa que é feita sobre o candidato A ou B, mesmo que em nível
absoluto e até exagerado, mas é preciso se compreender que pode haver razões
para tanto.
O
seu raciocínio, amigo, tem muita identidade com o meu pensamento político, por
tentar enxergar a realidade sobre os fatos que muitos preferem, talvez por
conveniência, minimizar ou até desprezar, mesmo que isso possa ser valioso no
conjunto das obras.
Enfim,
agradeço muito o seu valioso apoio ao meu pensamento sobre os fatos políticos,
que o recebo como incentivo às minhas modestas ideias como brasileiro, como
você, que anseia pelo melhor para o Brasil, mas não com o emprego do emporcalhamento
de filiação a partido político, com o propósito claro de se tirar proveito, na
absoluta certeza de que o negócio é lucrativo para si e seus asseclas, em
evidente detrimento dos interesses nacionais.
Acredito
que nos países evoluídos, em termos políticos e democráticos, o povo não tenha que
passar por constrangimento como a desagradável angústia de precisar votar,
necessariamente, em um dos dois principais candidatos, e escolher o menos ruim
para o Brasil, conforme mostram seus governos.
Nesses países, o povo certamente não tolera
que políticos manchados pela desmoralização, corrupção, insensatez e incompetência,
entre outras mazelas político-administrativas, possam sequer se apresentar como
candidatos a cargo público eletivo, ante a incompatibilidade de seus perfis nada
republicanos com a grandeza do povo e da nação, que estão em outros patamares
de civilidade e dignidade.
É
evidente que os políticos também precisam ser avaliados por seus atributos
referentes aos valores morais, aos princípios e às demais qualidades político-administrativas,
que realmente têm significativo peso no conjunto de seus perfis, mas as suas comprovadas
fragilidades são preponderantes no resultado final, por elas mostrarem que eles
são capazes de praticarem, de novo e seguidamente, deslizes, atos impensados e
indevidos, apenas em nome da conquista ou da manutenção do poder.
Essas
são as constatações nas pessoas dos dois principais candidatos à Presidência da
República, que são pródigos tanto em boas ações como em péssimas práticas
político-administrativas e isso é fato incontestável, que precisam realmente
ser sopesados, com embargo das desgraçadas ideologias de direita e esquerda,
porque elas deixam as pessoas cegas e impossibilitadas de enxergarem os
defeitos de seus ídolos políticos.
No
caso brasileiro, os princípios do bom senso e da racionalidade ajudam a mostrar
o candidato menos ruim para os interesses dos brasileiros, depois de todas as
desgraças protagonizadas nos seus governos, em cada caso, em termos de corrupção,
trapaças, alianças espúrias, roubalheiras, aparelhamento da máquina pública, aceitação
do fisiologismo, conchavos, notória incompetência, demagogia, mentiras, entre outras
abomináveis indignidades administrativas, posto que esses fatos certamente serão
preponderantes para a eliminação do candidato indiscutivelmente pior para governar
o Brasil.
Urge
que os brasileiros, no âmbito da sua responsabilidade cívica e patriótica, se
conscientizem de que, nas próximas eleições, estão em jogo não são o fanatismo
e a ideologia políticos, mas sim os interesses na melhor governabilidade do
Brasil.
Brasília,
em 18 de maio de 2022
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