Com todo respeito ao aludido
pensamento, de que o presidente do país está tentando bravamente mudar o
sistema eleitoral brasileiro, eu disse que a mudança pretendida, como todas
outras quaisquer, normalmente se consegue pela via apropriada, mediante a
apresentação de projeto legislativo pertinente, devidamente acompanhado dos
estudos e das justificativas circunstanciadas.
É preciso mostrar em detalhes e
minúcias a clareza do objeto da necessidade da mudança, para que fique
absolutamente patente e, diante dos precisos argumentos, o mais medíocre que
seja o Legislativo não teria como negar aprovação a algo feito segundo os
princípios da competência e da eficiência, em conformidade com o que exige a
gestão pública responsável.
O projeto arquivado na Câmara dos
Deputados, que visava ao aperfeiçoamento das urnas eletrônicas, foi apresentado
por deputados, possivelmente sem as devidas justificativas plausíveis ao caso,
muito mais aproveitando a ansiedade do presidente do país.
É evidente que o resultado foi
que não houve interesse por ele e o arquivamento foi o destino dele.
Posso até estar enganado, mas a
brava tentativa do presidente do país consiste em histórico o mais deplorável
possível, com ingredientes nada republicanos de intermináveis críticas,
agressões e todos os procedimentos inadequados para o mundo civilizado, na
tentativa de se resolver algo de suma importância para os brasileiros, pasmem, apenas
na base do grito e pela força do poder.
Nessas condições, o resultado disso
somente poderia ser realmente verdadeiro fiasco, o pior possível, fruto da
incompetência, da intolerância e principalmente da falta de diálogo, em que os
brasileiros saíram no prejuízo.
Não há a menor dúvida de que nenhuma
"caixa preta" possa ser intransponível, a depender da maneira como sejam
conduzidos os estudos, as negociações e os diálogos, que devem ser convergidos
para a satisfação do interesse público, com embargo das conveniências pessoais.
Nesse caso das urnas eletrônicas o
presidente do país realmente lutou bravamente, mas o caminho escolhido por ele
foi o mais desastroso possível, porque ele buscou atrito justamente com o
presidente do Tribunal Superior Eleitoral, com quem trocava acusações em acirrada
disputa de poder.
Caso
o presidente do país quisesse mesmo modernizar o sistema eleitoral, o caminho ideal
teria sido o diálogo, por meio do qual poderia ter sido criada comissão especial
formada por integrantes do Executivo, do Legislativo e do Tribunal Superior
Eleitoral, em que poderiam ser discutidas as possíveis falhas ou pontos nevrálgicos,
necessários ao aperfeiçoamento das urnas eletrônicas, tudo seguindo o roteiro
dos princípios da racionalidade, do bom senso e da civilidade.
Brasília, em 18 de maio de 2022
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