domingo, 15 de maio de 2022

Vitória apertada?

 

Um famoso vidente brasileiro garante que o presidente da República será reeleito na próxima eleição, embora o sensitivo reconheça que a disputa vai ser renhida e bastante disputada, a partir de agosto vindouro.

Ele garante que não se trata de mera especulação ou análise vazia sobre a corrida eleitoral, mas sim de previsão séria feita por ele, que é considerado um dos mais famosos videntes do Brasil, que contabiliza mais de um milhão de seguidores, no Instagram.

De acordo com o destacado sensitivo, o atual presidente da República será o segundo candidato mais votado no primeiro turno da eleição presidencial, que disputará o segundo turno contra o líder da oposição, conforme a confirmação da indicação das pesquisas de preferência de voto.

Não obstante, segundo o vidente, as preferências do eleitorado vão se inverter a partir do confronto direto entre os dois, na decisão final, e o atual presidente será vitorioso.

O vidente afirmou que “Bolsonaro vai crescer no segundo semestre e consolidar a vitória que lhe dará a reeleição em novembro. Vai ser por uma margem apertada”. 

A aludida previsão sobre o desfecho do pleito presidencial foi feita em live nas redes sociais.

Ainda segundo o sensitivo, a partir de agosto, “muitos ataques serão feitos” às campanhas de parte a parte, os quais hão de contribuir para abalar a confiança dos eleitores nos candidatos que seguirão na liderança das pesquisas, mas não ao ponto de impedi-los de seguir para o segundo turno.

De todo modo, ele vaticinou que, com certeza, as críticas, agressões e polêmicas devem atrapalhar bem mais a candidatura do líder da oposição do que à do atual presidente, porque “Vai ser uma eleição turbulenta, como nunca se viu antes. Mas tudo caminha para a reeleição de Bolsonaro”.

Em se tratando de pleito presidencial, em que se discute os principais candidatos ao cargo de príncipe da República, têm-se apenas dois potenciais concorrentes e, conforme a profecia de vidente, o atual presidente conseguirá derrotar o líder da oposição.

À toda evidência, praticamente a disputa eleitoral se encerra entre a polarização da direita contra a da esquerda, entre candidatos que colecionam históricos de notórias rejeições da sociedade, fato este que sinalizaria para candidatura alternativa, como forma capaz de fugir desse terrível impasse, obviamente em benefício dos interesses da sociedade e do Brasil.

No caso do candidato à reeleição, pesa contra ele as marcas da estupidez e da insensibilidade aos princípios humanitários, evidenciadas no dia a dia do governo e mais precisamente na gravíssima crise da pandemia do coronavírus, em que ele se destacou pelo negacionismo, ao se posicionar contra muitas medidas de combate ao vírus, tendo conseguido acumular a antipatia de parcela significativa de brasileiros, em especial no que se refere às vacinas, que foram fundamentais ao estancamento da avalanche de mortes, mas somente houve o começo da imunização quase um mês depois de países evoluídos, em termos de sensibilidade aos princípios humanitários.

Na linha da incoerência e da mentira, o candidato à reeleição conseguiu se superar, ao ser eleito com a bandeira do moralismo, em especial, apoiando os trabalhos da Operação Lava-Jato e condenando, com veemência, o que ele denominou de velha política, inspirada pelo abominável sistema do “toma lá, dá cá”, que é forma de aproveitamento nada republicano de recursos públicos, tendo como modelo o famigerado Centrão, ao qual ele é hoje um de seus principais líderes.

Na campanha eleitoral de 2018, o candidato à reeleição declarou o seguinte: “O que eu pretendo é fazer uma excelente reforma política, acabando com o instituto da reeleição, que começa comigo, caso seja eleito, e reduzindo um pouco, em 15% ou 20% a quantidade de parlamentares.”.

Tudo isso não passou de engodo, de mentira para angariar votos, porque a reforma política pretendida pelo então candidato nunca foi tentada por ele, depois de eleito, sendo certo que ele é o principal candidato à reeleição, em cuja campanha certamente hão de aparecer festival de novas e vergonhosas mentiras e enganações ao povo, exatamente porque é dessa maneira de mediocridade que se alimenta o deplorável sistema político brasileiro, que conta com o respaldo dos tolos dos eleitores, que não estão nem aí para a dignificação política, conforme mostram os fatos.  

Pois bem, no seu governo, a competentíssima Lava-Jato foi extinta, com a ajuda indireta dele, que manteve o procurador-geral da República no cargo, que tudo fez para sacramentar a sepultura dela, na sua gestão.

Nessa mesma linha de demência moral, o candidato à reeleição não teve o menor pudor em levar o abominável Centrão para dentro do Palácio do Planalto, entregando a esse grupo imoral e desacreditado as chaves do governo e dos orçamentos da União, em troca da blindagem do impeachment dele no Congresso Nacional.

Ou seja, para se evitar o iminente afastamento do presidente do país do governo, cujo processo de impeachment esteve bastante ameaçado, ele decidiu se declarar que sempre integrou a esse grupo de reconhecidos fisiologistas nato.

É preciso que fique claro que a vergonhosa acomodação do famigerado Centrão no governo constituiu ato absolutamente estranho ao interesse público, visto que a sua aceitação atendeu à conveniência pessoal do presidente da República, que temeu ser afastado do cargo se não contasse com essa sebosa aliança, ou seja, trata-se de ato absolutamente espúrio, sob o prisma da moralidade pública.  

Como forma de materializar, em definitivo o seu sentimento de repúdio aos princípios da moralidade, o candidato à reeleição se filiou ao principal partido de sustentação do Centrão, deixando bastante clara a sua verdadeira índole de aproveitador das benesses e vantagens facilitadoras à manutenção do poder, na certeza de que o referido partido irá dispor de quantias substanciais de dinheiro vindo do Fundo Eleitoral, para a sua campanha à reeleição, além de puder se beneficiar de enorme tempo de TV, na campanha eleitoral, ou seja, tudo muito bem calculado e devidamente planejado, em termos de aproveitamento político.

À toda evidência, em termos de moralidade, o candidato à reeleição pode até tentar se passar como simpatizante de seus fundamentos, mas os fatos por ele protagonizados mostram, à vista do que foi descrito acima, o seu pouco interesse ou compromisso com a observância aos seus princípios estruturais.    

Já no que se refere ao líder da oposição, ele é a síntese da decadência moral, por não conseguir reunir na sua pessoa a mínima condição para o preenchimento dos requisitos de conduta ilibada e idoneidade na vida pública, não tendo a menor possiblidade de se candidatar a cargo público eletivo nenhum, à luz dos princípios da moralidade e da dignidade públicas, uma vez que o exercício de mandato público exige que o candidato seja ficha limpa, em termos de imaculabilidade, sem responder a qualquer processo penal na Justiça, ante a visível incompatibilidade estabelecida entre uma situação e outra.

O caso dele é da maior gravidade no âmbito da administração pública, porque ele é denunciado na Justiça pela prática de atos de corrupção, como o recebimento de propinas, já devidamente comprovados em, pelos menos, dois processos penais, quando ele foi condenado à prisão, pela incursão nos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, tendo cumprido parte da punição, cujas sentenças foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal, não por exame de mérito sobre os fatos denunciados, que se mantém com plena validade, posto que ele não conseguiu provar a sua inocência, nos referidos casos nem nos demais que pesas sobre seus ombros.

Há de se ver que as referidas anulações aconteceram por manobra interpretativas do Supremo, que achou por bem de entender que o juizado onde ele foi julgado não teria, pasmem, competência jurisdicional, em que pesem os processos pertinentes terem sido julgados em outras duas instâncias, em grau de revisão, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região e no Tribunal Superior de Justiça, cujos veredictos foram por unanimidade, não restando a menor dúvida sobre a autoria material dos fatos denunciados, descartando qualquer alegação de falta de provas.

Em síntese, a verdade é que os fatos irregulares falam por si sós e mostram com cristalina clareza que candidato com esses atributos carregados de crimes, já tendo até cumprido prisão, não teria condições morais nem políticas de representar o povo nem nas piores republiquetas, quanto mais no país com a grandeza continental do Brasil, que merece ser respeitado e ter preservada a sua dignidade de nação de homens íntegros e honrados.

É preciso ficar muito claro que, na administração pública, só existe uma forma de moralidade, que é aquela revestida e galvanizada pela imaculabilidade, sem meio termo, como nos casos configurados pelos candidatos acima, que sobrevivem sob cediças argumentações ou crendices, evidentemente sem sustentação alguma, de que há defesa da liberdade, da família, da democracia, da população pobre ou de algo que o valha, porque tudo isso não passa de balela ou mero engodo, diante do verdadeiro sentimento de moralidade, que se confunde somente com as finalidade objetivas pela satisfação do interesse público.    

Por fim, é incrível, inacreditável mesmo, que uma nação de mais de 150 milhões de votantes, com vasta extensão territorial, somente existam dois candidatos que se habilitam, com chance de ganhar, ao mais ambicionado e relevante cargo da República, mas à luz da moralidade e da pureza pública, eles estão muito longe de satisfazem aos requisitos de satisfatoriedade exigida para o exercício do relevante e nobre cargo, à vista dos fatos descritos acima.

Verifica-se que nenhum deles, sopesando caso a caso, conforme exposição precedente, consegue reunir as qualidades ideais quanto ao preenchimento dos requisitos essenciais inerentes ao verdadeiro estadista, em especial no que dizem com os princípios da moralidade, do decoro, da competência, da honestidade, da probidade, da sensibilidade, da racionalidade, entre outras qualidades necessárias ao exercício do mandato presidencial, pela importância do que ele representa para a grandeza do Brasil.

Os brasileiros precisam se conscientizar de que pessoa com ficha suja na Justiça, em razão, em especial, de responder a vários processos contendo denúncias sobre a prática de irregularidades, jamais poderia ser tolerada como presidente do Brasil, porque isso não é prova de desmoralização e humilhação somente do próprio país como é também e mais visivelmente da maior gravidade do seu povo, que tem o poder do voto para livrá-lo de inominável desgraça político-administrativa.

A verdade é que já está comprovado que o candidato respondendo a processos na Justiça não tem o menor pudor em se apresentar como representante político, mas, nesse caso, sob a responsabilidade cívica e patriótica, mais precisamente sobre o império dos sentimentos de honradez e dignidade, os brasileiros não podem permitir que inominável desgraça como essa possa sequer ser tentada, em especial, porque o Brasil não merece ser tratado com espetáculo tão degradante e humilhante como esse.    

Urge que os verdadeiros brasileiros se mobilizem, com a devida urgência, no sentido de criar vergonha na cara e valorizar os sagrados princípios da moralidade e da dignidade cívicas, para não permitir que político completamente desmoralizado perante a Justiça tente sequer se candidatar ao principal cargo político do Brasil, salvo, evidentemente, se ele conseguir justificar e esclarecer, a tempo, os fatos objeto das denúncias que se encontram pendentes de julgamento.        

Brasília, em 15 de maio de 2022

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