Circula
vídeo pelas redes sociais em que o presidente da República faz severas e
agressivas críticas aos lucros da Petrobras, além de veemente apelo à empresa
para não aumentar os preços dos combustíveis, alegando a quebra do Brasil, nos
termos do texto a seguir, pronunciado em live.
Assim
se pronunciou o presidente do país, ipsis litteris: “Petrobras. Eu não
mando na Petrobras, deixo bem claro. Tem uma pesquisa dizendo que 70% é favorável (sic) ao
governo decidir na Petrobras. Isso é irresponsabilidade. No passado, isso já
foi feito, no governo de Dilma, em especial, e de Lula também e ocasional o endividamento
de 900 bilhões de reais na Petrobras. Sentiu? 900 bilhões de reais de endividamento
por interferência no preço do combustível, entre outras ações voltadas para a
corrupção na Petrobras. Tá certo? Então está descartado intervenção na
Petrobras, mas, por outro lado, eu não posso entender, possa ser que esteja
equivocado, deixar bem claro. A Petrobras, durante a crise da pandemia e guerra
lá fora, a Petrobras faturar horrores. O lucro da Petrobras é maior com a
crise. Isso é um crime, é inadmissível. Eu possa estar equivocado, mas não
posso entender. Por exemplo, fontes agora dizem que o lucro da Petrobras, para
este trimestre de janeiro, fevereiro e março, poderá chegar a 40 bilhões de
reais. Nessa balada, terá um lucro de 120 bilhões de reais. Eu não consigo
entender. Por que eu falo isso? Outras petroleiras, mundo afora, como, por exemplo,
a ABP, a Shell, a Total, elas têm lucro da casa de 10% a 15% e a Petrobras tem
o lucro de 30%. Agora, quem paga a conta desse lucro é a população brasileira e
você não tem como interferir legalmente na Petrobras? (...) Muitas petrolíferas,
mundo afora, reduziram o preço, baixaram a margem de lucro nas suas empresas,
para que isso? Para ajudar o seu país não quebrar. O Brasil tiver mais um
aumento do combustível pode quebrar o Brasil e o pessoal da Petrobras não entende
ou não quer entender ou estão de olho no lucro. Sei que tem lei, né, sei lá, legislação
que vem do conselho etc., mas os tempos são de guerra. A gente apela à Petrobras:
não reajuste os preços dos combustíveis. Vocês estão tendo lucro absurdos. Se
continuar tendo lucro dessa forma e aumentar os preços dos combustíveis, vai
quebrar o Brasil. (...). Petrobras, estamos em guerra. Petrobras, não
aumente mais o preço dos combustíveis. O lucro de você é um estupro, é um absurdo.
(...)”.
Em
que pesem as fortes, agressivas e injustificáveis críticas do presidente do
país à Petrobras, o presidente dessa empresa disse que a estatal vai manter a
política de preços de mercado para calcular o valor dos combustíveis vendidos aos
brasileiros.
A
estatal anunciou que seu lucro, no primeiro trimestre deste ano, foi do montante
de 44,65 bilhões de reais, algo realmente extraordinário, como resultado
operacional.
O
presidente da petrolífera defendeu a política de preços da empresa, dizendo que
“Não é só preço do barril. É uma gestão responsável que tem sido feita nos
últimos anos, com redução de custos e endividamento. Não podemos nos desviar da
prática de preços de mercado. É uma condução necessária para geração de
riqueza, não só para a empresa, mas para toda a sociedade brasileira,
fundamental para a atração de investimentos ao país e para garantir o suprimento
dos derivados que o Brasil precisa importar.”.
O
presidente da Petrobras ressaltou que 80% dos ganhos do primeiro trimestre são originários
da atividade de exploração e produção de petróleo, e 20% dos demais segmentos.
Ele
frisou que, no período, a Petrobras pagou R$ 70 bilhões de tributos para a
União, os estados e municípios, mais de uma vez e maia do valor líquido do lucro,
evidentemente fora o suntuoso valor dos dividendos que são repassados à União,
em razão da sua participação acionária na empresa.
O
presidente da petrolífera declarou que “Um bom resultado da Petrobras
repercute também para a sociedade como um todo. Isso gera investimentos em
saúde, saneamento, transporte e uma
série de outros investimentos importantes.”.
A
verdade é que a decisão sobre aumento ou não dos preços dos combustíveis está
vinculada à volatilidade do petróleo no mercado internacional, medida esta que
não depende da vontade ou da gestão direta da Petrobras.
Não
há a menor dúvida de que o apelo do presidente do país é patético, porque ele
fica falando aos ventos, quando, na qualidade de principal autoridade do país,
que parece ter consciência do momento de maior dificuldade nas políticas de preços
dos combustíveis, os princípios da racionalidade e do bom senso aconselham que
o mais correto seria a formação de grupo de trabalho ou algo que o valha, tendo
por finalidade debater as causas que contribuem para que a Petrobras venha
acumulando lucros extraordinários, que são fruto das políticas estratégicas
estabelecidas pela empresa, de modo a se levantarem vetores passíveis de
ajustamentos de preços compatíveis com os interesses da sociedade, dos
investidores e da empresa.
Isso
vale dizer que não tem o menor cabimento o presidente do país vir a público,
para descer o malho nas políticas adotadas pela Petrobras, que apenas seguem o figurino
operacional traçado na distribuição dos combustíveis, que felizmente vêm
propiciando excelentes lucros.
Isso,
na realidade, não é nenhum demérito nem muito menos crime, dessa maneira afirmado
pelo presidente do país, que considera inadmissíveis os lucros obtidos pela
Petrobras, como se, no capitalismo, agora fosse tragédia nacional, como assim
afirmado como absurdo pelo presidente brasileiro, sob o histerismo, de que o
reajuste de preços é crime e os lucros são estupro, quando, na verdade, conforme
as explicações do presidente da petrolífera, somente parte dos 20% dos lucros vem
dos preços dos combustíveis, o que demonstra enorme irresponsabilidade por
parte de quem faz afirmações sem ter efetivo conhecimento sobre a realidade dos
negócios da Petrobras.
Se
o presidente do país tivesse algum interesse nessa questão da política de
preços dos combustíveis, tratava o assunto em forma de estudos, contando com opções
estratégicas, entre o governo e a estatal, com o exclusivo objetivo de se
buscar a melhor solução possível, sem necessidade do espalhafato protagonizado
por ele, que somente mostra desconhecimento sobre as políticas gerenciais da empresa,
ao querer resolver assunto da maior relevância apenas na base do grito, por
meio de críticas e de apelo praticamente aos ventos, de forma empírica, quando
a seriedade do assunto exige discrição, competência, diálogo e eficiência.
Não
se pode afirmar que falta parafuso na cabeça de ninguém, mas a interpretação
sobre os lucros de qualquer empresa, seja pública ou privada, depende
exclusivamente das políticas empresárias próprias do mercado, em consonância
com os seus estatutos e outros fatores inerentes aos negócios.
Ou
seja, os lucros astronômicos da Petrobras estão em estrita harmonia com
os mercados e as políticas estratégicas estabelecidas para o seu funcionamento,
que, como visto, contribuíram para os lucros espetaculares, o que satisfaz às
políticas na gestão da área petrolífera.
Se
alguém tem o poder e já demonstrou que está loucamente insatisfeito com o
sucesso da principal empresa brasileira, não adianta ficar tentando se passar
por bonzinho, porque isso tem como estratégia fins exclusivamente eleitoreiros,
ao se dispor a opinar de forma alheatória e sem conhecimento de causa, que
parece ser o caso em comento, à vista dos esclarecimentos técnicos e gerenciais
prestados pelo presidente da empresa, a quem o mandatário poderia ter pedido
prévias informações sobre os lucros da empresa, fato este que teria evitado que
ele terminasse sendo rude, tão estúpido e insensato, fazendo ilações indevidas e
desnecessárias, logo com a principal estatal do seu governo, que é modelo de
eficiência e de zelo do patrimônio dos brasileiros.
Se
o presidente do país realmente pretendesse mostrar competência gerencial e
mercadológica, que não é o caso dele, teria por finalidade atender outros
interesses que não mais especificamente eleitoreiro, optando por caminho
correto de mudança das estratégias operações da Petrobras, quanto às políticas
desejadas para os resultados financeiros da empresa, que até poderiam desaguar
em prejuízos.
É
muito importante que se defina o que se pretende para os rumos da Petrobras,
porque é exatamente o que se procede quem tem competência e assume também os
riscos decorrentes, uma vez que a falta de lucro pode contribuir para o
desabastecimento de combustíveis, cujos resultados seriam extremamente
desastrosos para os interesses do país, diante da possibilidade de paralisação das
atividades produtivas, comerciais e de consumo, com enorme reflexo na arrecadação
da União, dos estados e municípios, causado verdadeiro colapso à economia brasileira.
Agora,
não há o menor cabimento a principal autoridade do país ficar, a todo instante,
criticando os excelentes resultados financeiros, em especial diante da
incerteza se o resultado for contrário ao lucro, ou seja, no caso de prejuízo,
se haveria combustível suficiente e disponível para os brasileiros, uma vez
que, na Argentina, o preço da gasolina é verdadeiro milagre de baixo e isso,
comparavelmente com o preço praticado no Brasil, é fantástico, mas,
infelizmente, não existe o produto para o consumo, cujas consequências são as
piores possíveis para a sociedade.
Daí
se entende que as críticas presidenciais são inoportunas, ingênuas, injustificáveis
e desnecessárias, porque elas partem de premissas meramente eleitoreiras, sem
qualquer sentimento sério de competência e eficiência vinculadas às questões de
natureza técnico-operacional vinculada às atividades mercadológica da
petrolífera.
Espera-se
que o parafuso que falta em alguém seja logo encontrado e que a sua reposição
seja feita o mais imediatamente possível no lugar onde ele está faltando, de
modo que a sensatez e a racionalidade administrativas possam imperar
normalmente, para o bem dos interesses dos brasileiros.
Enfim,
à toda evidência, a injustificável estupidez do presidente do país, à vista dos
lúcidos e completos esclarecimentos da lavra do presidente da Petrobras,
constitui crime de lesa-pátria, quando ele condena de forma ríspida os lucros
da estatal e defende, com denodo, a política de não reajustamento dos preços
dos combustíveis, sem nenhuma base científica ou técnica, com grande
possibilidade de que a sua precipitada atitude tem fim meramente eleitoreiro, à
vista de se tentar agradar à população, quando, à toda evidência, os lucros em causa
estarem sendo contabilizados em estrito amparo no regramento jurídico aplicável
às operações comerciais da Petrobras.
Brasília,
em 7 de maio de 2022
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