quarta-feira, 25 de maio de 2022

A vida religiosa

 

Uma cena se não inusitada, mas no mínimo interessante, em que o avô participa do casamento do neto na qualidade de oficiador da cerimônia religiosa, investido da autoridade eclesiástica, como padre da Igreja Católica.

O padre de 85 anos é um dos auxiliares na Catedral São Luiz Gonzaga, de Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, que foi ordenado em 1992, depois de ter sido enviuvado.

O noivo declarou que "Convidamos o vô, ele ficou superfeliz, faceiro com a possibilidade de casar um neto".

O padre-avô afirmou que "Foi uma coisa maravilhosa. Quase ninguém tem essa oportunidade que eu tive".

O noivo disse que a ideia era realizar celebração ecumênica, fora da igreja, mas os pais da noiva sugeriram a realização de casamento religioso, o que levou ao convite para o padre-avô.

Em homenagem ao avô, o noivo disse que "No começo da cerimônia, o vô comentou que algumas músicas que a gente tinha selecionado para entrar foram músicas que tocaram no casamento dele. Para ele, teve lembranças".

Na cerimônia, o padre Paulo ressaltou a importância de respeito, igualdade e parceria necessários para a vida de um casal.

O noivo disse que "Ele tentou passar muito dessa parte de cumplicidade, até porque o vô e a vó eram pessoas muito apaixonadas um pelo outro".

O noivo que já conheceu o avô como padre e que sempre tratou com naturalidade a vocação religiosa dele, mesmo quando havia o estranhamento por parte das pessoas, quando ele dizia que “meu vô é padre”.

O noivo desse, em tom de brincadeira, que "Ele é uma das poucas pessoas que podem falar que já estiveram dos dois lados da mesa".

O padre-avô considera três pontos fundamentais para o bom relacionamento entre casais, nestes termos: "Muito amor, bastante amor, um caminhão de amor pelas pessoas. Segundo: fidelidade. O máximo de fidelidade para não trair aquela pessoa, para ela não se sentir frustrada pelo compromisso que assumiu. A terceira é a caridade entre o casal, parceria".

O padre-avô declarou que, na infância, ele gostava de atividades religiosas, mas, depois do serviço militar, deixou de cogitar sobre a possibilidade de seguir essa vocação, quando então, na década de 1950, ele conheceu a ex-esposa, em uma cafeteria.

Ele disse que se recorda da primeira conversa com a futura esposa, nestes termos: "Na primeira vez que eu a vi, (disse): 'pois é, dona Lizzete, eu vou lhe dizer uma coisa com toda a coragem, a senhora vai ser a mãe dos meus filhos'. Ela ficou escandalizada com aquilo".

O padre-avô disse que, mesmo casado, lia a Bíblia e cumpria os sacramentos católicos.

À toda evidência, essa história é realmente de encantar as pessoas e mereceu a minha atenção, em especial porque é até possível que tenham muitos avôs padres, mas a realização do casamento do neto pelo próprio avô é algo muito difícil de acontecer.

Também impressiona o sentimento vocacional de religiosidade do padre, que pensava em seguir a vida na igreja, desde jovem, mais viu atravessar no seu caminho o que se chama de alma gêmea e quando isso acontece a vida religiosa fica mesmo para depois, segundo a vontade de Deus, que diz sobre a prioridade, que é: crescei e multiplicai e depois sirva os desígnios do Criador.

Trata-se de bela lição de vida desse padre, que dedica a sua vida ao amor aos homens e a Deus, sempre na prática do bem, com inspiração no Evangelho de Jesus Cristo, de amor ao próximo.   

Brasília, em 25 de maio de 2022

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