terça-feira, 17 de setembro de 2013

Apelo por socorro aos nordestinos

Já é preocupante e periclitante a situação dos nordestinos diante da impiedosa seca que assola a região sertaneja. Segundo o prefeito de Sousa, no interior da Paraíba, a seca, além de massacrar a região com incalculáveis prejuízos materiais e financeiros, ainda causa doloroso desespero no que diz respeito aos aspectos psicossociais, afetando em especial os agricultores. Na sua localidade, já houve a constatação de algumas pessoas terem atentado contra a própria vida, em virtude do desespero pela falta de adequada assistência. Ainda nesse quadro de angústia, tem sido visível o aumento de atendimentos médicos, nas unidades de saúde, de pessoas com depressão, em face dos problemas decorrentes da falta de água, alimentos e ração para os animais. A escassez de água nas torneiras da cidade já fez com que o Hospital Regional de Sousa fosse obrigado a suspender parte dos atendimentos, em decorrência da seca. A gravidade da situação se torna incontrolável porque os agricultores, em aproximadamente 7.500, não têm emprego nem recebem ajudas indispensáveis à sua sobrevivência. Esses fatos são de extrema preocupação, ante as desastrosas consequências, notadamente porque alguns agricultores foram acometidos de depressão e outros já tentaram suicídio, mas a ajuda do Estado se compadece desse calamitoso estado socioeconômico. Nem adianta a terrível seca chegar ao extremo de causar depressão ao povo nordestino e até induzi-lo ao suicídio, porque os governos, estadual e federal, nas suas tresloucadas insensibilidade e irresponsabilidade, não são capazes de mover uma pena para amenizar o sofrimento da população exaurida e vencida nos seus reiterados apelos de socorro, para contrapor às pavorosas dificuldades. À toda evidência, os gritos dos sertanejos, por mais estridentes que sejam, jamais serão ouvidos nos luxuosos e confortáveis palácios, onde sempre subsistem pomposos e ilimitados mordomias, bem-estar e regalias pouco incompatíveis com as lamúrias e a escassez de água e alimentos para as pessoas e os animais, que estão sobrevivendo à custa da bravura e sobretudo da persistência que alimentam a esperança de, enfim, um dia - que ele seja o mais breve possível - Deus há de apiedar-se dos sofredores e transformar enorme castigo em bonança, mandando para o povo calejado do Nordeste abundância de boas invernadas e abastança de alimentos, propiciando tranquilidade e menos desprezo. Como sói acontecer, por certo, os indiferentes políticos, com o cinismo dos hipócritas e a leviandade dos desumanos, hão de visitar, logo em breve, as regiões dizimadas pela inclemente seca, com as caras lisas e brilhosas de óleo de peroba, para pedir votos, jurando eterno amor ao castigado sertanejo e prometendo protegê-lo contra os infortúnios e as secas, mas, passadas as eleições, tudo cai no esquecimento e na maldade do descaso. Infelizmente, a ingenuidade do nordestino ainda é capaz de apoiar, com o seu voto, a cretinice da politicagem irresponsável e inconsequente, que, de forma estratégica, trata apenas de satisfazer seus interesses. Apela-se ao bravo povo nordestino que tenha a dignidade de dar seu grito de independência e de repúdio contra o desprezo e a indiferença dos políticos que não têm a decência de se preocupar com o flagelo social, quando a competência constitucional dos governantes exige a priorização de políticas públicas para solucionar as causas das calamidades públicas, a exemplo dessa configurada com os agricultores do interior paraibano e de resto dos nordestinos, afetados pela catastrófica seca. Basta de indignidade e de incompetência contra os irmãos nordestinos, que, de tanto sofrimento e desespero, estão sendo acometidos também de graves doenças psíquicas, com comprometimento do seu equilíbrio emocional, a ponto de cometer a loucura do suicídio, por culpa exclusiva da insensibilidade e da irresponsabilidade dos governos estadual e federal, que são omissos no cumprimento dos seus deveres constitucionais, ante a falta de atendimento aos veementes apelos de socorro vindos dos bravos sertanejos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 16 de setembro de 2013

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