Já é preocupante e periclitante a situação dos
nordestinos diante da impiedosa seca que assola a região sertaneja. Segundo o
prefeito de Sousa, no interior da Paraíba, a seca, além de massacrar a região
com incalculáveis prejuízos materiais e financeiros, ainda causa doloroso
desespero no que diz respeito aos aspectos psicossociais, afetando em especial os
agricultores. Na sua localidade, já houve a constatação de algumas pessoas terem
atentado contra a própria vida, em virtude do desespero pela falta de adequada
assistência. Ainda nesse quadro de angústia, tem sido visível o aumento de atendimentos
médicos, nas unidades de saúde, de pessoas com depressão, em face dos problemas
decorrentes da falta de água, alimentos e ração para os animais. A escassez de água
nas torneiras da cidade já fez com que o Hospital Regional de Sousa fosse
obrigado a suspender parte dos atendimentos, em decorrência da seca. A
gravidade da situação se torna incontrolável porque os agricultores, em
aproximadamente 7.500, não têm emprego nem recebem ajudas indispensáveis à sua sobrevivência.
Esses fatos são de extrema preocupação, ante as desastrosas consequências,
notadamente porque alguns agricultores foram acometidos de depressão e outros
já tentaram suicídio, mas a ajuda do Estado se compadece desse calamitoso estado
socioeconômico. Nem adianta a terrível seca chegar ao extremo de
causar depressão ao povo nordestino e até induzi-lo ao suicídio, porque os
governos, estadual e federal, nas suas tresloucadas insensibilidade e irresponsabilidade,
não são capazes de mover uma pena para amenizar o sofrimento da população
exaurida e vencida nos seus reiterados apelos de socorro, para contrapor às
pavorosas dificuldades. À toda evidência, os gritos dos sertanejos, por mais
estridentes que sejam, jamais serão ouvidos nos luxuosos e confortáveis
palácios, onde sempre subsistem pomposos e ilimitados mordomias, bem-estar e
regalias pouco incompatíveis com as lamúrias e a escassez de água e alimentos
para as pessoas e os animais, que estão sobrevivendo à custa da bravura e
sobretudo da persistência que alimentam a esperança de, enfim, um dia - que ele
seja o mais breve possível - Deus há de apiedar-se dos sofredores e transformar
enorme castigo em bonança, mandando para o povo calejado do Nordeste abundância
de boas invernadas e abastança de alimentos, propiciando tranquilidade e menos desprezo.
Como sói acontecer, por certo, os indiferentes políticos, com o cinismo dos
hipócritas e a leviandade dos desumanos, hão de visitar, logo em breve, as
regiões dizimadas pela inclemente seca, com as caras lisas e brilhosas de óleo
de peroba, para pedir votos, jurando eterno amor ao castigado sertanejo e
prometendo protegê-lo contra os infortúnios e as secas, mas, passadas as
eleições, tudo cai no esquecimento e na maldade do descaso. Infelizmente, a
ingenuidade do nordestino ainda é capaz de apoiar, com o seu voto, a cretinice
da politicagem irresponsável e inconsequente, que, de forma estratégica, trata
apenas de satisfazer seus interesses. Apela-se ao bravo povo nordestino que
tenha a dignidade de dar seu grito de independência e de repúdio contra o
desprezo e a indiferença dos políticos que não têm a decência de se preocupar
com o flagelo social, quando a competência constitucional dos governantes exige
a priorização de políticas públicas para solucionar as causas das calamidades
públicas, a exemplo dessa configurada com os agricultores do interior paraibano
e de resto dos nordestinos, afetados pela catastrófica seca. Basta de
indignidade e de incompetência contra os irmãos nordestinos, que, de tanto
sofrimento e desespero, estão sendo acometidos também de graves doenças
psíquicas, com comprometimento do seu equilíbrio emocional, a ponto de cometer
a loucura do suicídio, por culpa exclusiva da insensibilidade e da
irresponsabilidade dos governos estadual e federal, que são omissos no
cumprimento dos seus deveres constitucionais, ante a falta de atendimento aos
veementes apelos de socorro vindos dos bravos sertanejos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de setembro de 2013
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