O Supremo Tribunal
Federal determinou a abertura de inquérito para apurar denúncia de suposta
prática de lavagem de dinheiro por parte de um senador pelo PTB do DF, em virtude
de movimentações atípicas nas contas da mulher e do filho do parlamentar. O político
se defende, afirmando que movimentações atípicas não são necessariamente
ilegais e que as movimentações foram declaradas à Receita Federal. O advogado
do senador disse que "É absurdo
dizer que é um ilícito penal. Ele vai justificar à Receita Federal como já faz
há anos. Toda sua movimentação tem origem lícita justificada e não há que se
falar em legalidade". Consta do processo que o Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf) informou que a esposa do senador solicitou ao
banco um saque em dinheiro no valor de R$ 800 mil, quantia que foi retirada em
uma lotérica do próprio parlamentar, o filho dele movimentou, na sua conta, R$
2,745 milhões, entre fevereiro a setembro de 2010, que é considerado valor
incompatível com a renda declarada de R$ 6,5 mil, e ainda, segundo o Coaf, esse
rapaz efetuou aplicações no total de R$ 3,044 milhões em 2010, além de outra
indicação de saque em espécie no valor de R$ 1 milhão. A Procuradoria entende
que esses fatos são fortes "indícios
da prática do crime de lavagem de dinheiro" e "As informações sobre movimentações
financeiras de Jorge Argello Júnior e Márcia Argello foram relatadas pelo Coaf
devido aos indícios da prática de crime de lavagem de dinheiro pelo senador Gim
Argello, que figura como acusado em ações penais que (...) apuram crimes de
apropriação indébita, ocultação de bens, peculato e corrupção passiva".
De antemão, não se pode afirmar que as operações financeiras questionadas sejam
irregulares, mas a vida do homem público deve ser igual à versão dada à mulher
de César. Ela não basta ser honesta, deve parecer honesta. Agora, não deixa de
ser estranho que o Distrito Federal tenha seus políticos em constante envolvimento
com denúncias de graves irregularidades e casos de corrupção, a exemplo de
tantos outros que macularam a história da capital federal, com suas maracutaias.
Desta feita, o pivô das irregularidades é importante e influente político que
se encontra no cargo de senador sem ter recebido sequer o voto dele, uma vez
que ele caiu no seu colo graça à abominável figura da suplência senatorial,
herdada de político que renunciou ao mandato para evitar a cassação, por ter
sido envolvido na fantasiosa história da “Bezerra de Ouro”. É de se lamentar que
mais um político brasiliense seja acusado de envolvimento em atos criminosos,
como lavagem de dinheiro, fato completamente contraditório por parte de quem
tem a obrigação de fiscalizar a arrecadação de receitas e a realização de
despesas da União, além da obrigação de representar o povo candango com exemplos
de dignidade e honradez. Felizmente, desta vez, as irregularidades não serão
investigadas nem julgadas pelo no Senado Federal, porque, por certo, o processo
pertinente poderia ser arquivado, sem nenhuma penalidade, como soe acontecer
com casos semelhantes a esse. A sociedade anseia por que as investigações sejam
realizadas com abrangência, correção e imparcialidade, à vista de estarem sob o comando do
Poder Judiciário, com respaldo em parecer da Procuradoria Geral da República, e
a incumbência da Polícia Federal, e haver motivos suficientes para que os
resultados dos trabalhos reflitam a realidade dos fatos, com possibilidade, se
for o caso, de que os culpados sejam devidamente responsabilizados e condenados. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de setembro de 2013
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