quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A contumaz sujeira política

O Supremo Tribunal Federal determinou a abertura de inquérito para apurar denúncia de suposta prática de lavagem de dinheiro por parte de um senador pelo PTB do DF, em virtude de movimentações atípicas nas contas da mulher e do filho do parlamentar. O político se defende, afirmando que movimentações atípicas não são necessariamente ilegais e que as movimentações foram declaradas à Receita Federal. O advogado do senador disse que "É absurdo dizer que é um ilícito penal. Ele vai justificar à Receita Federal como já faz há anos. Toda sua movimentação tem origem lícita justificada e não há que se falar em legalidade". Consta do processo que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) informou que a esposa do senador solicitou ao banco um saque em dinheiro no valor de R$ 800 mil, quantia que foi retirada em uma lotérica do próprio parlamentar, o filho dele movimentou, na sua conta, R$ 2,745 milhões, entre fevereiro a setembro de 2010, que é considerado valor incompatível com a renda declarada de R$ 6,5 mil, e ainda, segundo o Coaf, esse rapaz efetuou aplicações no total de R$ 3,044 milhões em 2010, além de outra indicação de saque em espécie no valor de R$ 1 milhão. A Procuradoria entende que esses fatos são fortes "indícios da prática do crime de lavagem de dinheiro" e "As informações sobre movimentações financeiras de Jorge Argello Júnior e Márcia Argello foram relatadas pelo Coaf devido aos indícios da prática de crime de lavagem de dinheiro pelo senador Gim Argello, que figura como acusado em ações penais que (...) apuram crimes de apropriação indébita, ocultação de bens, peculato e corrupção passiva". De antemão, não se pode afirmar que as operações financeiras questionadas sejam irregulares, mas a vida do homem público deve ser igual à versão dada à mulher de César. Ela não basta ser honesta, deve parecer honesta. Agora, não deixa de ser estranho que o Distrito Federal tenha seus políticos em constante envolvimento com denúncias de graves irregularidades e casos de corrupção, a exemplo de tantos outros que macularam a história da capital federal, com suas maracutaias. Desta feita, o pivô das irregularidades é importante e influente político que se encontra no cargo de senador sem ter recebido sequer o voto dele, uma vez que ele caiu no seu colo graça à abominável figura da suplência senatorial, herdada de político que renunciou ao mandato para evitar a cassação, por ter sido envolvido na fantasiosa história da “Bezerra de Ouro”. É de se lamentar que mais um político brasiliense seja acusado de envolvimento em atos criminosos, como lavagem de dinheiro, fato completamente contraditório por parte de quem tem a obrigação de fiscalizar a arrecadação de receitas e a realização de despesas da União, além da obrigação de representar o povo candango com exemplos de dignidade e honradez. Felizmente, desta vez, as irregularidades não serão investigadas nem julgadas pelo no Senado Federal, porque, por certo, o processo pertinente poderia ser arquivado, sem nenhuma penalidade, como soe acontecer com casos semelhantes a esse. A sociedade anseia por que as investigações sejam realizadas com abrangência, correção e imparcialidade, à vista de estarem sob o comando do Poder Judiciário, com respaldo em parecer da Procuradoria Geral da República, e a incumbência da Polícia Federal, e haver motivos suficientes para que os resultados dos trabalhos reflitam a realidade dos fatos, com possibilidade, se for o caso, de que os culpados sejam devidamente responsabilizados e condenados. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 25 de setembro de 2013

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