quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Voto secreto fere a democracia

Embora o voto aberto no Senado Federal ainda seja verdadeira incógnita, o resultado de enquete realizada recentemente indica que, dos 81 senadores, pelo menos 54 concordam plenamente com a proposta de emenda constitucional (PEC) que estabelece o fim do voto secreto para votações no Congresso Nacional, tal qual como aprovada pela Câmara dos Deputados. Nos termos da Constituição Federal, a aprovação da medida precisa contar com a adesão de pelo menos 49 votos dos senadores. Além dos 54 senadores que disseram integralmente favoráveis à proposta já aprovada na Câmara, outros 16 se manifestaram favoravelmente, mas com ressalvas. Três afirmaram que são contra a PEC, dois afirmaram que ainda não se decidiram e somente um não quis se manifestar. A proposta de emenda constitucional em causa põe fim ao voto secreto em todas as deliberações da Câmara, do Senado e do Congresso Nacional e também estende seus efeitos às assembleias legislativas dos estados, à Câmara Legislativa do Distrito Federal e às câmaras municipais. Não há dúvida de que o Estado Democrático de Direito impõe que haja transparência não somente nas atividades do Parlamento, que é conhecido como a casa do povo, mas também nos órgãos da administração pública, de forma geral e abrangente, como importante instrumento capaz de contribuir para o aperfeiçoamento dos princípios democráticos. Nada justifica que o voto dos parlamentares continue sendo secreto, porque essa é a maneira mais perversa de esconder a verdade dos fatos, que devem ser do domínio público. O segredo do voto talvez se justificasse nos tempos remotos, quando o Parlamento não tinha a obrigação de dar satisfação à sociedade e inexistiam os princípios democráticos, que são a base do desenvolvimento das nações civilizadas. Essa história de dizer que o voto secreto deve ser preservado para determinado caso não passa de mentalidade retrógrada de parlamentar que vive de ressentimentos políticos, que não contribuem para a modernização da democracia e ignoram a primordial necessidade do dever à cultura da transparência no exercício das suas atividades, como forma de satisfação das finalidades de interesse público. Apela-se que os senadores que ainda tenham dúvida quanto ao voto aberto pensem no bem social e na modernidade do país. É bastante estranho que alguns senadores ainda estejam indecisos quanto à questão em apreço, a exemplo do senador tucano, pré-candidato à Presidência da República, que se disse em dúvida sobre aspectos da medida de suma importância para o aperfeiçoamento da democracia e a valorização dos trabalhos legislativos, dada a imprescindibilidade da transparência nas atividades dos parlamentares. Não há dúvida de que a indecisão do senador tucano com relação ao voto amplamente aberto, ao contrário do que ele possa imaginar, poderá ter efeito negativo aos seus projetos políticos, uma vez que a sociedade aprova e se alegra com a plena liberdade de expressão e manifestação, inclusive, em especial, no Congresso Nacional. O voto aberto é antiga bandeira do povo brasileiro e o candidato à Presidência da República deixa de contribuir para a democracia, ao contrariar a vontade e as aspirações dos eleitores. A sociedade anseia por que seja aprovado, com urgência, o voto aberto para as votações de quaisquer matérias nos Parlamentos do país, como forma de contribuição ao aperfeiçoamento e à modernização dos princípios democráticos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 18 de setembro de 2013

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