A Polícia Federal desbaratou
mais uma quadrilha que vinha desviando recursos públicos do Ministério do
Trabalho, mediante contratos fraudulentos firmados entre esse órgão e a ONG
Centro de Atendimento ao Trabalhador (Ceat), tendo sido presas várias pessoas
envolvidas nas atividades de corrupção. Segundo os levantamentos, a organização
criminosa teria desviado pelo menos R$ 18 milhões, por meio de contratos
fraudulentos com oito empresas prestadoras de serviços cujos sócios fazem parte
do quadro de gestores da aludida ONG. A quantia se destinaria à criação e
manutenção de centros públicos de emprego, mas foi desviada e aplicada em
doações fictícias e simulações de prestações de serviço. Os recursos, que
também seriam investidos na qualificação de trabalhadores, foram lavados desde
a concessão da verba, passando pelo direcionamento das contratações, inexecução
de contratos, doações fictícias e simulações de prestações de serviço, até a
reinserção do dinheiro ao sistema econômico-financeiro. Trata-se de situação
por demais preocupante, por envolver justamente o Ministério do Trabalho, que é
reduto histórico do PDT desde o primeiro governo petista, loteado que foi ao presidente
da agremiação, que mais tarde foi defenestrado pela porta dos fundos do órgão,
em virtude da enxurrada de denúncias de corrupção, inclusive envolvendo esquema
de propinas de ONGs e também sobre uso de avião alugado por dirigente de uma
entidade. Embora já tenha transcorrido algum tempo da ocorrência dessas
denúncias, causa espanto não se ter notícia sequer se houve apuração dos fatos
e muito menos sobre os seus resultados. Também é certo que ninguém foi punido
ou responsabilizado pelas graves irregularidades. Induvidosamente, o contumaz descalabro
no Ministério do Trabalho tem como causa a vergonhosa promiscuidade com o
continuísmo na direção desse órgão, sob o comando da agremiação que demonstrou
completa incompetência com a gestão de recursos públicos, por envolver basicamente
conveniências político-eleitoreiras, facilitando o surgimento de mais esse
triste e lamentável episódio, em que as ONGs encontram condições favoráveis
para desviar verbas públicas, na maior tranquilidade. Constatada irregularidade com o desvio de recursos públicos, em valores
substanciais, fica evidente que os delinquentes vinham agindo em esquema de quadrilha,
aproveitando as facilidades e a complacência de servidores públicos nos atos
lesivos ao erário, mediante a participação propositada ou a omissão quanto à observância
das normas de administração financeira e orçamentária, em relação à concessão e
à liberação das verbas desviadas, que não tiveram acompanhamento e controle no
que diz respeito à estrita aplicação nos fins objetivados nos ajustes
pertinentes. Esses servidores, mais o então ministro do Trabalho, supervisor do
órgão, são igualmente culpados pela malversação do dinheiro do contribuinte, por
terem deixado de adotar as medidas com vistas à boa e regular aplicação dos
recursos. No caso, caberia punição também para quem deixou de cumprir seus
deveres funcionais, em contrariedade às normas que regem a aplicação de verbas
públicas. Impende
salientar que a punição exemplar que se impõe aos servidores públicos, além de
decorrer de exigência legal, para casos que tais, tem ainda o condão de servir
de lição pedagógica para que, em benefício do interesse da sociedade, casos semelhantes
a esse não voltem a ocorrer. Urge que a administração pública seja efetivamente
moralizada, com a extinção do esdrúxulo e promíscuo loteamento de órgãos
públicos e empresas estatais entre os partidos da coalizão, e que os casos de irregularidades
sejam prontamente apurados, com vistas à prestação de contas à sociedade e, se
for caso, à punição dos culpados, inclusive com a responsabilização pelos prejuízos
apurados. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 24 de setembro de 2013
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