Condenado no
julgamento do processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, por corrupção
ativa e formação de quadrilha, o ex-ministro da Casa Civil da Presidência da
República afirmou que minoria de pessoas se uniu à violência de grupos nas
manifestações de protestos, na tentativa de "desestabilizar a
democracia". Em sua opinião, a maior parte dos manifestantes faz
reivindicações "por melhorias na
saúde e educação, contra as tarifas e o péssimo transporte e os gastos nas
Copas das Confederações e do Mundo. Mas há uma tentativa de setores políticos e
sociais de tomar conta de alguns atos, deixando num segundo plano essas
reivindicações majoritárias". O petista disse que o movimento conta
com "amplo apoio da mídia",
que, de início, havia classificado os protestos como baderna e exigira
repressão e que "esses setores"
procuram mobilizar abertamente sua "base
social de oposição para ir às ruas", objetivando explorar as palavras
de ordem contra a corrupção e os partidos políticos, de modo a dar continuidade
"a uma agenda que a mídia alimentou
esses últimos anos contra a política em geral, o que sempre acaba em ditadura".
Para ele, há tentativa de cooptação da juventude que iniciou os protestos para
esse rumo: "Constrói, ao mesmo
tempo, uma narrativa para tentar levar as manifestações para a oposição contra
o governo. Isso não tira a legitimidade e o direito dos manifestantes
opositores ao governo, mas a atual onda de violência não é vandalismo apenas.
São atos políticos contra símbolos do poder constituído, contra a democracia,
já que os saques são exceção". A conclusão dele é no sentido de que a
União mude e aprofunde "as reformas
que fizemos. Sendo assim, é hora de o
poder constituído ser exercido em defesa da democracia e das instituições.
Vamos nos unir na defesa do que fizemos, e seguir mudando e aprofundando as
reformas que iniciamos, começando pelas reformas política e tributária. Elas
são indispensáveis para avançar nas mudanças sociais reclamadas com razão pela
juventude, nos transportes, na educação e na saúde". É incrível como o
petista enxerga os fatos exatamente no sentido contrário ao que eles realmente
são. No caso das manifestações, o seu objetivo foi denunciar as precariedades
gerenciais, as omissões do Estado e a falta de políticas públicas da
incumbência do governo ou ainda o desvio da prioridade de ação para as obras da
Copa do Mundo, em demonstração de incompetência e desgoverno prejudiciais aos
interesses da sociedade. Na verdade, os protestos não foram incentivados pela
mídia como alega o petista, porquanto eles tiveram origem na pura insatisfação
da sociedade contra a má gestão dos recursos públicos e as práticas
destruidoras dos princípios democráticos pelos partidos políticos, inclusive o
PT, principalmente pelo fortalecimento e pela consolidação do abominável fisiologismo,
tendo por finalidade a entrega de ministérios e cargos públicos e a concessão
de benesses palacianas, em troca de apoio político, tendo por mira a reeleição
presidencial e a manutenção no poder. Também, de forma bastante equivocada, o
petista concita o governo a aprofundar as reformas que foram feitas,
evidentemente sem citá-las, justamente porque elas inexistem e não passam da sua
imaginação de o país já ter sido aquinhoado, na última década, com alguma
reforma, por minimamente que seja. Aliás, a reforma mais importante realizada
pelo governo petista se restringe à ampliação dos ministérios, que de forma
injustificável, já são 39 na Esplanada mais célebre do país. Na verdade, o
povo, há muito tempo, foi submetido à escorchante ditadura tributária, equivalente
a 39% do Produto Interno Bruto, mas recebe em troca quase nada e ainda de
péssima qualidade, conforme o recado claro mandato ao governo pelas ruas. A
sociedade tem o dever cívico de rechaçar as opiniões inverossímeis de políticos
que têm visão desfocada da realidade dos fatos, com a nítida finalidade de
deturpar a verdade dos acontecimentos, na tentativa de aproveitamento às suas
conveniências políticas, e exigir mais dignidade e competência na administração
do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 1º de setembro de 2013
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