segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Ditadura dos escorchantes tributos

Condenado no julgamento do processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, por corrupção ativa e formação de quadrilha, o ex-ministro da Casa Civil da Presidência da República afirmou que minoria de pessoas se uniu à violência de grupos nas manifestações de protestos, na tentativa de "desestabilizar a democracia". Em sua opinião, a maior parte dos manifestantes faz reivindicações "por melhorias na saúde e educação, contra as tarifas e o péssimo transporte e os gastos nas Copas das Confederações e do Mundo. Mas há uma tentativa de setores políticos e sociais de tomar conta de alguns atos, deixando num segundo plano essas reivindicações majoritárias". O petista disse que o movimento conta com "amplo apoio da mídia", que, de início, havia classificado os protestos como baderna e exigira repressão e que "esses setores" procuram mobilizar abertamente sua "base social de oposição para ir às ruas", objetivando explorar as palavras de ordem contra a corrupção e os partidos políticos, de modo a dar continuidade "a uma agenda que a mídia alimentou esses últimos anos contra a política em geral, o que sempre acaba em ditadura". Para ele, há tentativa de cooptação da juventude que iniciou os protestos para esse rumo: "Constrói, ao mesmo tempo, uma narrativa para tentar levar as manifestações para a oposição contra o governo. Isso não tira a legitimidade e o direito dos manifestantes opositores ao governo, mas a atual onda de violência não é vandalismo apenas. São atos políticos contra símbolos do poder constituído, contra a democracia, já que os saques são exceção". A conclusão dele é no sentido de que a União mude e aprofunde "as reformas que fizemos. Sendo assim, é hora de o poder constituído ser exercido em defesa da democracia e das instituições. Vamos nos unir na defesa do que fizemos, e seguir mudando e aprofundando as reformas que iniciamos, começando pelas reformas política e tributária. Elas são indispensáveis para avançar nas mudanças sociais reclamadas com razão pela juventude, nos transportes, na educação e na saúde". É incrível como o petista enxerga os fatos exatamente no sentido contrário ao que eles realmente são. No caso das manifestações, o seu objetivo foi denunciar as precariedades gerenciais, as omissões do Estado e a falta de políticas públicas da incumbência do governo ou ainda o desvio da prioridade de ação para as obras da Copa do Mundo, em demonstração de incompetência e desgoverno prejudiciais aos interesses da sociedade. Na verdade, os protestos não foram incentivados pela mídia como alega o petista, porquanto eles tiveram origem na pura insatisfação da sociedade contra a má gestão dos recursos públicos e as práticas destruidoras dos princípios democráticos pelos partidos políticos, inclusive o PT, principalmente pelo fortalecimento e pela consolidação do abominável fisiologismo, tendo por finalidade a entrega de ministérios e cargos públicos e a concessão de benesses palacianas, em troca de apoio político, tendo por mira a reeleição presidencial e a manutenção no poder. Também, de forma bastante equivocada, o petista concita o governo a aprofundar as reformas que foram feitas, evidentemente sem citá-las, justamente porque elas inexistem e não passam da sua imaginação de o país já ter sido aquinhoado, na última década, com alguma reforma, por minimamente que seja. Aliás, a reforma mais importante realizada pelo governo petista se restringe à ampliação dos ministérios, que de forma injustificável, já são 39 na Esplanada mais célebre do país. Na verdade, o povo, há muito tempo, foi submetido à escorchante ditadura tributária, equivalente a 39% do Produto Interno Bruto, mas recebe em troca quase nada e ainda de péssima qualidade, conforme o recado claro mandato ao governo pelas ruas. A sociedade tem o dever cívico de rechaçar as opiniões inverossímeis de políticos que têm visão desfocada da realidade dos fatos, com a nítida finalidade de deturpar a verdade dos acontecimentos, na tentativa de aproveitamento às suas conveniências políticas, e exigir mais dignidade e competência na administração do país. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 1º de setembro de 2013

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