sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Os esburacados caminhos da politicagem

Os apoiadores do Projeto Eleições Limpas estiveram com o presidente da Câmara dos Deputados, com a finalidade de apresentar o “Projeto Eleições Limpas”, que consolida os esforços da sociedade visando contribuir de maneira positiva para a tão sonhada reforma político-eleitoral. Segundo os participantes do encontro, que representavam na ocasião entidades e organizações civis, entre outras, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), que se envolveram intensamente na implementação do projeto, o presidente da Câmara, ao recebê-los, foi bastante solícito, mas não mediu palavras para dizer, de forma direta e incisiva, quanto às chances de aprovação, que se trata de apenas mais uma proposta de reforma em análise no Congresso Nacional. O parlamentar, como quem derrama um balde de água fria nas pretensões dessas entidades, adiantou, no ato, que as chances de aprovação do projeto em referência são mínimas. Essa é a prova da consolidação dos costumes políticos nefastos aos interesses da sociedade, que não permite que o Parlamento arrede dos seus princípios contrários às pretendidas mudanças em prol do aperfeiçoamento democrático e do desenvolvimento do país, porque a classe dominante não compreende que a humanidade já ultrapassou, há bastante tempo, os limites da decadência política, que não se coadunam com os avanços do conhecimento e das conquistas da humanidade. Diante disso, vislumbra-se que a única maneira de mover a insensibilidade da classe política é renovar completamente o Parlamento e os governantes, com a ativa participação de pessoas imbuídas de mentalidade compatível com os princípios democráticos, que aceitem de modo voluntário prestar reais serviços públicos, com o exclusivo compromisso de trabalhar em prol do interesse da sociedade, por força de garantias firmadas em documento público, ou seja, em cartório, sob pena da sumária perda do mandato eletivo se não cumprir fielmente os termos das promessas assumidas na campanha, em especial de aceitar exercer o cargo público eletivo somente pela sua remuneração básica (R$ 26,7 mil), renunciando aos injustificáveis e vergonhosos auxílios, ajudas, verbas de gabinete e de representação, demais mordomias e regalias incompatíveis com a realidade brasileira, principalmente com o estado de miséria que afeta parcela significativa da população. Os novos ocupantes de cargos públicos (governantes e parlamentares) são obrigados a renunciar às coalizões interesseiras e contrárias aos interesses nacionais, nos modos daquelas ainda usadas na politicagem atual, onde prevalecem o programa e o ideário partidários baseados no escrachado fisiologismo, fundamentado no loteamento entre partidos políticos de ministérios e empresas estatais, cabendo às agremiações o poder da ocupação dos órgãos públicos – ao estilo capitania hereditária -, com plena liberdade para empregar seus apadrinhados, apaniguados e assemelhados despreparados, mas tudo sob o pretexto de fortalecer apoio político à perenidade do poder. Urge que o país consiga a formação de nova base política, com o propósito de reformular completamente o sistema político em vigor, cuja mentalidade destrutiva dos princípios democráticos refuta, inexplicavelmente, mudanças necessárias, em razão de contrariar seus princípios dominantes de usar, a seu bel-prazer, as benesses do serviço público em atendimento de seus interesses pessoais e partidários, em total contraposição à finalidade institucional da política e da democracia, que, ao contrário, visam, em primeiro plano, à satisfação do homem, do social. O Brasil precisa, com urgência, renovar suas estruturas políticas, como forma de moralização dos princípios democráticos e de propiciar o desenvolvimento do país, que não pode mais continuar patinando nos esburacados caminhos da incompetência, do egoísmo e da dominação da classe política, que se julga proprietária da consciência do povo brasileiro. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 12 de setembro de 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário