quinta-feira, 5 de setembro de 2013

O vergonhoso corporativismo

A absolvição do deputado condenado pelo Supremo Tribunal Federal, que se encontra preso cumprindo a pena aplicada, e a preservação do seu mandato pela Câmara dos Deputados motivaram diversas manifestações de reprovação e repúdio pela população. Os nomes dos parlamentares ausentes à sessão de cassação estão circulando pela internet e causando incômodo para alguns deputados que deixaram de cumprir um dos seus deveres legislativos, o de honrar e dignificar a Casa que integram. Diante disso, como era de se esperar, alguns parlamentares resolveram procurar se explicar diante da opinião pública, com desculpas as mais esfarrapadas e cabeludas, alegando problemas de saúde, compromissos inadiáveis e outras mentiras próprias do jargão político, que não têm força suficiente para justificar a irresponsabilidade demonstrada em ocasião tão importante para ser praticado ato moralizador e exemplar. A ausência de parlamentar à sessão em apreço significa sua leniência com os atos irregulares praticados pelo deputado condenado e concordância com seus instintos criminosos, em abonação aos malfeitos que resultaram no desvio de recursos dos cofres públicos e na evidente falta de zelo para com o patrimônio público, ante a cabal demonstração de concordância com a impunidade, tão prejudicial aos inarredáveis princípios da honestidade, moralidade e do decoro. É inacreditável como a sociedade ainda demonstra surpresa com os procedimentos indecorosos do Parlamento brasileiro, porque ele não tem a dignidade de atuar em consonância com os seus deveres previstos na Constituição Federal, que seriam, entre outros, fiscalizar a gestão dos recursos públicos, legislar sobre as matérias de interesse nacional, aprovar medidas visando à satisfação das causas sociais, zelar pela integridade nacional e, enfim, trabalhar em beneficio dos brasileiros. Na verdade, a concepção dos parlamentares tem sido diametralmente contrária aos preceitos constitucionais, uma vez que eles, de forma deliberada e escrachada, atuam exclusivamente em função de seus interesses, em defesa de suas causas, em forma de vergonhoso e abominável corporativismo, em clara afronta aos princípios éticos e morais. A sociedade é a verdadeira culpada pelo escabroso caos a que chegou o Congresso Nacional, porque a ela incumbe eleger seus representantes no Parlamento, que normalmente são os mesmos de sempre e vêm se elegendo em seguidos pleitos. Esse fato contribui para a desmoralização do Poder Legislativo, onde seus membros se acham seres superiores, com poderes para agir ao arrepio das normas constitucionais e legais, em sintonia apenas com seus sentimentos de superioridade, que estão imunes à censura, à represália e ao revide da sociedade, que assiste passivamente aos atos indignos deles e não se conscientizam sobre a necessidade de puni-los como devia, uma vez que o mandato deles emana do povo e este devia ter o direito igualmente de destituí-los dos cargos, em razão da prática de omissão, leviandade e leniência com a corrupção e a bandidagem, a exemplo dessa vergonhosa e desmoralizante situação de livramento da cassação do mandato de deputado condenado pelo Supremo Tribunal Federal, por formação de quadrilha para desviar recursos dos cofres públicos. Compete à sociedade a conscientização de que o Congresso Nacional precisa urgentemente de assepsia profunda e abrangente, com o definitivo afastamento de todos os parlamentares em atividade, como forma de justificar completa renovação de seus integrantes, que deveriam ser eleitos somente se se comprometessem a observar, no cumprimento do seu mandato, os estritos termos dos preceitos insculpidos na Carta Magna, no que diz respeito às funções dos parlamentares, com embargo das inadmissíveis práticas deletérias protagonizadas pelos parlamentares em atuação, sob pena da perda do cargo, por medida adotada pelos eleitores da unidade federativa pertinente. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 04 de setembro de 2013

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