terça-feira, 3 de setembro de 2013

Inúteis lamúrias sobre espionagem

Diante da informação veiculada pelo Fantástico da Rede Globo de Televisão, de que a presidente da República do Brasil e seus principais assessores foram alvo de espionagem pelo governo dos Estados Unidos da América, o Palácio do Planalto convocou reunião de emergência com ministros da Casa, para tratar da possível repercussão que o fato tenha causado ao governo brasileiro. No encontro, ficou decidido, segundo o Porta-Voz do governo, se pedir explicações, por escrito, ao governo norte-americano, por intermédio do seu embaixador sediado no Brasil, para possibilitar a adoção de medidas a serem adotadas sobre o episódio. Sem conseguir disfarçar o incômodo, a presidente demonstrou elevada indignação sobre o ocorrido e não se acalmará enquanto não forem prestadas justificativas convincentes acerca dos fatos espionados, principalmente sobre a finalidade precisa da espionagem das comunicações entre membros da alta cúpula do governo brasileiro. Causa espanto perceber-se que, se não fossem as denúncias do dissidente americano, agora refugiado na Rússia, a denominada operação “filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil.", jamais seria descoberta pela eterna incompetência do governo brasileiro, tamanha a fragilidade e a incipiência tecnológica do Brasil, que não possui programa moderno e avançado capaz de impedir que bisbilhoteiros penetrem, sem o mínimo de esforços, nas informações e comunicações oficiais e particulares. O pior é que o governo nada poderá fazer para evitar a reincidência da espionagem, ante a inexistência de aparelhagem e tecnologia de informática à altura dos países desenvolvidos. Agora, não há dúvida de que se trata de atitude antiética dos norte-americanos, mas isso não é novidade que possa causar tanto espanto para o ingênuo e despreparado governo brasileiro, que nada fez, em termos de investimentos, para evitar que suas estranhas sejam vasculhadas, sem que ele perceba. Com isso, parece não assistir razão ao Brasil para exigir justificativas dos americanos, que não fizeram revelação dos podres e conchavos do governo brasileiro, mantendo as informações colhidas sob sigilo. O episódio que conseguiu tirar do sério a presidente da República até parece que os norte-americanos teriam conseguido se beneficiar ou levar vantagem sobre as informações obtidas junto às autoridades brasileiras. Diante da indignação demonstrada, temia-se que a presidente da República inopinadamente fizesse a besteira de declarar guerra aos americanos, ante a preocupação de que as Forças Armadas tupiniquins dispõem de tantinho de munições para apenas uma hora de batalha, conforme declarou um importante general. Não se sabe exatamente o motivo pelo qual a presidente está tão indignada com a espionagem americana, se a única coisa que ela pode fazer é apenas dizer que não gostou da brincadeira, porque eles não estão nem aí e certamente vão continuar normalmente com o seu brinquedinho, espionando quem quiser e na forma como bem entender. Além do mais, o quê de importante a presidente teria feito até agora que ninguém conhece nem possa ser revelado? Acredita-se até que aquele país tenha se decepcionado com o baixíssimo nível da política praticada nas bandas do hemisfério Sul, onde ainda prevalecem as coalizões espúrias, destinadas a assegurar apoio interesseiro e antidemocrático à continuidade do poder. A empáfia das autoridades brasileiras é inversamente proporcional à precariedade e ao subdesenvolvimento do Brasil quanto ao almejado controle da espionagem sobre a privacidade das autoridades da República. Na verdade, não se pode considerar que houve violação ao controle de informações das comunicações oficiais, uma vez que ele inexiste. Caso essa notícia seja verdadeira, é provável que o assessoramento do governo norte-americano tenha se lamentado pela perda de tempo e obtenção de informações de pouca validade para o aprimoramento da democracia, ante a sua inferior qualidade, considerados os padrões avançados do país do Tio Sam, por não ter como aproveitar informações políticas praticadas em país que ainda se encontra engatinhando em termos de democracia, onde a ideologia programática tem por fundamento atos de corrupção, politicagem e negociatas, envolvendo loteamento de órgãos públicos e concessões de benesses, à custa de recursos públicos. A sociedade aspira por que o episódio de espionagem em comento sirva de lição para que o governo invista em tecnologia de ponta, como forma de detectar e controle as comunicações públicas e particulares, uma vez que o atraso tecnológico contribui apenas para incrementar as lamúrias palacianas. Acorda Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 02 de setembro de 2013

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