segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Marketing no Sete de Setembro

É normal, mesmo nas nações até com pouco desenvolvimento democrático, seus mandatários se dirigirem ao povo, na data máxima da independência do país, na condição, stricto sensu, de estadistas, para, em consonância com a efeméride nacional, se dignarem a ater-se aos limites da decência, para tratar o povo com o máximo de respeito que ele merece. Não há dúvida de que a aparição na telinha da presidente da República brasileira se transformou em surpresa e enorme decepção, porque, ao contrário do que era de se esperar, ela aproveitou a passagem da comemoração da data magna da nacionalidade para discorrer sobre marketing em prol do seu governo, em mera tentativa oportunista de fazer propaganda da sua gestão fragilizada pela fartura de insucessos em todos os segmentos das ações e políticas públicas, a ponto de ter sido agraciada, no mês de junho recente, com o maior solavanco do povo, quando saiu às ruas, em manifestação de protestos, para sacudir os pilares da República, com a finalidade de tirar a venda dos olhos do governo e mostrar-lhe com clareza da luz solar as mazelas e as precariedades que fortemente martirizam e infernizam a população. Em que pese o povo ser obrigado a pagar escorchantes tributos para, em contrapartida, receber serviços públicos de péssima qualidade. A sociedade ainda tem a incumbência compulsória de manter a máquina pública pesada, ineficiente, onerosa, recheada de ministérios absolutamente inúteis e dispensáveis, que somente os governistas consideram-nos produtivos. Na falta de afinidade presidencial para enaltecer a importância do Sete de Setembro para o país, a data poderia ter sido prestigiada com o anúncio de algo auspicioso, a exemplo da urgente priorização das reformas estruturais do Estado, como mecanismo indispensável para pôr o Brasil nos trilhos do progresso. Sem a reformulação dos sistemas previdenciário, tributário, trabalhista, eleitoral, político, administrativo, tecnológico, de transporte, de infraestrutura e outras reformas essenciais não há como se viabilizar a modernização e o aperfeiçoamento do Estado brasileiro nem serem criadas condições para o seu crescimento. Somente mediante a realização de amplas reformas será possível a extinção dos graves gargalos que impedem que o país continue patinando nas amarras do famigerado Custo Brasil, que é responsável pelo crônico estrangulamento da competitividade da produção nacional, totalmente sufocada pelos tributos injustificáveis, encargos previdenciários desproporcionais, juros nas alturas, mão de obra sem qualificação, parque industrial sucateado e impedido de renovação devido à impossibilidade de novos investimentos etc. Ao invés de trazer boas notícias para a nação, a presidente se arvorou, incentivada por prestigiados marqueteiros palacianos, a dizer que o país respira os ares da ordem e do progresso, quando os fatos demonstram exatamente o contrário do que ela disse, porque a situação do país continua em estado de calamidade. O assessoramento presidencial poderia ter orientado a presidente para discursar em consonância com a magnitude da data da Independência do Brasil, tendo a grandeza de estadista para cingir o discurso apenas no enaltecimento da importância e do significado da data de 7 de Setembro para o povo brasileiro. Na verdade, o discurso da presidente, no que concerne a poucas verdades, poderia, com muito esforço, ser aproveitado em momento próprio, em campanha eleitoral, que já se avizinha, uma vez que o seu conteúdo encontra-se recheado de agrado apenas aos correligionários, que são capazes de se satisfazerem com as poucas e deficientes realizações do governo, a ponto de “endeusar” um brasileiro e ser favorável à futura “entronização” de uma brasileira, apenas por suas qualidades e sapiências na condução do principal programa do partido, o Bolsa Família, em cuja execução vem rendendo os frutos preconizados, conforme demonstram os resultados dos pleitos eleitorais. Em que pese tratar-se de programa carente de aprimoramento e de eficiência, no que diz respeito à necessidade de a sua destinação ser apenas para as famílias realmente carentes da assistência do Estado, exigência não observada na atualidade. Somente o povo brasileiro, mercê da sua enorme ingenuidade e profunda ignorância, não percebe que o processo de manipulação governamental é feito à custa de propaganda enganosa, à base de informações distorcidas da realidade dos fatos, e que os programas assistencialistas podem ser executados por qualquer governo, não importando a pessoa que ocupe o cargo de presidente da República, por envolver gastos com recursos dos contribuintes. Acorda, Brasil!  
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 08 de setembro de 2013

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