Os partidos políticos
já estão se mobilizando no sentido de levar para suas hostes figurões da vida
artística e de destaque nos mais diversificados setores da sociedade, tendo por
finalidade turbinar os interesses e as conveniências eleitoreiras. O último
lance nesse sentido foi dado pelo PR, que promoveu a filiação do sambista e puxador
da Escola de Samba Beija-flor de Nilópolis/RJ, em solenidade concorrida e cheia
de pomba. O PR alimenta as melhores expectativas para a eleição de 2014, tendo
o líder do partido na Câmara Federal e pré-candidato ao governo do Estadual do
Rio de Janeiro declarado que “Ele vai ser
um fenômeno de votos na baixada fluminense” e “Ele é um bom nome por ser muito conhecido”. Com todo respeito ao cantor, mas o seu ingresso na vida pública só
contribui para aumentar o descrédito da política nacional, por se tratar de
pessoa que desconhece os meandros e as artimanhas da politicagem e certamente
irá servir aos interesses do partido com o seu prestígio, em contraposição aos
princípios éticos. Essa forma de politicagem, com jogadas de marketing adaptadas
às conveniências eleitoreiras não condizem com a seriedade que se exige da
prática da verdadeira política. Ao ser lançado como candidato, já se vaticina
que ele será "fenômeno de votos", numa espécie de jogada política,
absolutamente de resultado improdutivo para o país, por não visar ao interesse
público, mas, sobretudo, à satisfação da agremiação, com a finalidade de puxar
votos para eleger uma carrada de igualmente incompetentes e despreparados políticos,
para fazer companhia a outros tantos que se elegem fazendo uso do ridículo
slogan "... pior não pode ficar". Até quando os políticos vão
continuar nessa letargia de falta de dignidade e de moralização na política,
permitindo que o Congresso Nacional seja constituído por ilustres
aproveitadores e oportunistas, apenas para satisfazerem interesses de
lideranças politicas? O Parlamento tem a primacial função de representar o povo
e trabalhar com a dignidade que não se coaduna com essa vergonhosa composição
de políticos puxadores de votos, em verdadeiro escárnio aos salutares
princípios democráticos. Aliás, com o nível da classe política dominante na
atualidade, não se pode esperar contribuição para o aperfeiçoamento e a modernização
das atividades parlamentares, porque ela vem consolidando, ao longo dos tempos,
seus maléficos princípios em defesa dos seus interesses, principalmente com
relação aos altíssimos vencimentos e de seus desavergonhados penduricalhos,
como verba de gabinete, verba de representação, auxílios, ajudas e tantas
mordomias e regalias absolutamente injustificáveis, em contraposição à sua
pouca ou quase nenhuma produtividade em benefício da sociedade. Não há
justificativa nem plausibilidade para a existência de Parlamento extremamente
oneroso, que ostenta posição de destaque no mundo, por ser um dos mais caros, e,
de igual modo, um dos mais desacreditados da face da terra, por seus reiterados
atos e ações em contrariedade aos interesses sociais e aos princípios da ética,
da moral e do decoro, à vista de sempre haver algum de seus integrantes
envolvidos em atos irregulares com recursos públicos. O povo clama pela
completa renovação do Congresso Nacional, de modo que a nova cepa de políticos
tenha a grandeza de compreender a sua real função constitucional de trabalhar com
exclusividade em harmonia com a finalidade política de primazia ao atendimento do
interesse público, com embargo das práticas deletérias aos princípios
democráticos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de setembro de 2013
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