domingo, 29 de setembro de 2013

As garras da politicagem

Os partidos políticos já estão se mobilizando no sentido de levar para suas hostes figurões da vida artística e de destaque nos mais diversificados setores da sociedade, tendo por finalidade turbinar os interesses e as conveniências eleitoreiras. O último lance nesse sentido foi dado pelo PR, que promoveu a filiação do sambista e puxador da Escola de Samba Beija-flor de Nilópolis/RJ, em solenidade concorrida e cheia de pomba. O PR alimenta as melhores expectativas para a eleição de 2014, tendo o líder do partido na Câmara Federal e pré-candidato ao governo do Estadual do Rio de Janeiro declarado que “Ele vai ser um fenômeno de votos na baixada fluminense” e “Ele é um bom nome por ser muito conhecido”. Com todo respeito ao cantor, mas o seu ingresso na vida pública só contribui para aumentar o descrédito da política nacional, por se tratar de pessoa que desconhece os meandros e as artimanhas da politicagem e certamente irá servir aos interesses do partido com o seu prestígio, em contraposição aos princípios éticos. Essa forma de politicagem, com jogadas de marketing adaptadas às conveniências eleitoreiras não condizem com a seriedade que se exige da prática da verdadeira política. Ao ser lançado como candidato, já se vaticina que ele será "fenômeno de votos", numa espécie de jogada política, absolutamente de resultado improdutivo para o país, por não visar ao interesse público, mas, sobretudo, à satisfação da agremiação, com a finalidade de puxar votos para eleger uma carrada de igualmente incompetentes e despreparados políticos, para fazer companhia a outros tantos que se elegem fazendo uso do ridículo slogan "... pior não pode ficar". Até quando os políticos vão continuar nessa letargia de falta de dignidade e de moralização na política, permitindo que o Congresso Nacional seja constituído por ilustres aproveitadores e oportunistas, apenas para satisfazerem interesses de lideranças politicas? O Parlamento tem a primacial função de representar o povo e trabalhar com a dignidade que não se coaduna com essa vergonhosa composição de políticos puxadores de votos, em verdadeiro escárnio aos salutares princípios democráticos. Aliás, com o nível da classe política dominante na atualidade, não se pode esperar contribuição para o aperfeiçoamento e a modernização das atividades parlamentares, porque ela vem consolidando, ao longo dos tempos, seus maléficos princípios em defesa dos seus interesses, principalmente com relação aos altíssimos vencimentos e de seus desavergonhados penduricalhos, como verba de gabinete, verba de representação, auxílios, ajudas e tantas mordomias e regalias absolutamente injustificáveis, em contraposição à sua pouca ou quase nenhuma produtividade em benefício da sociedade. Não há justificativa nem plausibilidade para a existência de Parlamento extremamente oneroso, que ostenta posição de destaque no mundo, por ser um dos mais caros, e, de igual modo, um dos mais desacreditados da face da terra, por seus reiterados atos e ações em contrariedade aos interesses sociais e aos princípios da ética, da moral e do decoro, à vista de sempre haver algum de seus integrantes envolvidos em atos irregulares com recursos públicos. O povo clama pela completa renovação do Congresso Nacional, de modo que a nova cepa de políticos tenha a grandeza de compreender a sua real função constitucional de trabalhar com exclusividade em harmonia com a finalidade política de primazia ao atendimento do interesse público, com embargo das práticas deletérias aos princípios democráticos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 28 de setembro de 2013

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