terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A injustificável avaliação do governo


É muito estranho o último processo de avaliação do governo, que, após as manifestações de junho, ao invés de decrescer, justamente em razão de nada ter sido feito para atender as reivindicações da sociedade, motivo das queixas das ruas, houve constatação de subida, em seis pontos percentuais, passando de 37% em setembro para 43% com relação ao outro levantamento, conforme foi apontado pela pesquisa realizada pelo Ibope, por encomenda da Confederação Nacional da Indústria. A avaliação positiva inclui o percentual de eleitores que considerou o governo como "ótimo", no índice de 8% ou "bom", no percentual de 35%. Agora, causa enorme perplexidade a empresa envolver na sua pesquisa tão somente 2.002 eleitores em 26 estados e no Distrito Federal, o que representa a média por estado de 74,2 pessoas, mas, mesmo assim, ela tem a desfaçatez de concluir que a nação de aproximadamente 130 milhões de eleitores ou de 200 milhões de pessoas fez avaliação positiva do governo de 43%. Para que a pesquisa representasse fidedignidade, seria justo que o Ibope concluísse que, entre 2.002 eleitores pesquisados, a presidente obteve aprovação de 43%, o que é bem diferente de se afirmar que ela tem avaliação positiva dos brasileiros. Esse resultado somente pode ser considerado tendencioso, malicioso, maligno e perverso, por não representar a verdade sobre os fatos, tendo como agravante de ele ter por cristalina finalidade melhorar as intenções de voto da presidente, quando a imprensa, quase sempre, conclui que, se a eleição fosse agora, a presidente poderia ganhar no primeiro turno, o que vale dizer que essa vergonhosa pesquisa tem finalidade eleitoreira. Por outro lado, convém se atentar para o fato de que foram pesquisados eleitores nos estados da federação onde a maioria deles não tem o peso dos estados do Sudeste, o que torna a pesquisa também injusta, por haver dois pesos e duas medidas, no resultado das apurações. Não obstante, não há dúvida de que é correto que as estatísticas sejam realizadas tomando-se por base parcelas de um todo, mas não deixa de ser esquisito que representação tão ínfima de apenas 2.002 eleitores possa levar à certeza de que a presidente tenha tamanha aceitação entre os brasileiros, que, de forma uníssona, reprovam o seu governo, não somente pelo que faz, mas, sobretudo, pelo que deixa de realizar, principalmente pela falta de reformas estruturais do Estado, pela falta de capacidade de tornar a máquina pública enxuta e eficiente, de modo a reduzir a enormidade de ministérios e eliminar o escrachado fisiologismo reinante no serviço público, a possibilitar que a Petrobras volte a ser empresa de sucesso nas suas operações e, enfim, que o governo priorize seus programas e suas ações, como forma da retomada do desenvolvimento social e econômico. Seria bastante importante que a avaliação do governo federal e da presidente da República foi realizada se não existissem o programa Bolsa Família, os marqueteiros palacianos e principalmente os maciços investimentos em programas publicitários e de marketing, entulhando os programas das televisões e rádios com propagandas exageradas do governo, como se ele estivesse fazendo algo realmente em benefício do país. Certamente que, sem esses únicos e importantes programas, mantidos sob altíssimos dispêndios para beneficiar apenas a pessoa da presidente, o desempenho dela seria igualmente medíocre como o é o crescimento do país, conforme evidenciam o Produto Interno Bruto e o desempenho do parque industrial, que não consegue sair do sufoco com o Custo Brasil, liderado pela pesada carga tributária e encargos previdenciários, que funciona como verdadeiro gargalo contra o crescimento do país. No entanto, é comum a propaganda do governo assegurando que o povo vive às mil maravilhas, com tantas conquistas alcançadas nos últimos anos. Agora, imaginem se este país fosse administrado com a real competência e eficiência à altura das suas potencialidades e riquezas humanas e materiais? Com certeza, haveria condições de se perceber a diferença que faz o gerenciamento atual do país em relação à gestão responsável e consciente sobre a premente necessidade de priorização das políticas públicas, com embargo das coalizões espúrias e interesseiras e das negociatas entre partidos, que visam à sustentação da base do governo, com a finalidade de garantir a perenidade no poder, em total desvirtuamento das precípuas finalidades políticas, que têm por causa o atendimento do interesse público. A sociedade não pode aceitar, com passividade, o resultado de pesquisas visivelmente com fins tendenciosos, em benefício da situação, quando o seu resultado, no caso vertente, deveria se restringir à avaliação de apenas os eleitores pesquisados, no total de 2.002, como forma de refletir a realidade dos fatos, que não permitem ser feita ilação elástica e abrangente, como se a aprovação a que se refere a pesquisa resultasse da vontade dos brasileiros. Acorda, Brasil!         

 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

 
Brasília, em 07 de janeiro de 2014

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