É muito estranho o
último processo de avaliação do governo, que, após as manifestações de junho,
ao invés de decrescer, justamente em razão de nada ter sido feito para atender
as reivindicações da sociedade, motivo das queixas das ruas, houve constatação
de subida, em seis pontos percentuais, passando de 37% em setembro para 43% com
relação ao outro levantamento, conforme foi apontado pela pesquisa realizada pelo
Ibope, por encomenda da Confederação Nacional da Indústria. A avaliação
positiva inclui o percentual de eleitores que considerou o governo como
"ótimo", no índice de 8% ou "bom", no percentual de 35%.
Agora, causa enorme perplexidade a empresa envolver na sua pesquisa tão somente
2.002 eleitores em 26 estados e no Distrito Federal, o que representa a média
por estado de 74,2 pessoas, mas, mesmo assim, ela tem a desfaçatez de concluir
que a nação de aproximadamente 130 milhões de eleitores ou de 200 milhões de
pessoas fez avaliação positiva do governo de 43%. Para que a pesquisa
representasse fidedignidade, seria justo que o Ibope concluísse que, entre
2.002 eleitores pesquisados, a presidente obteve aprovação de 43%, o que é bem
diferente de se afirmar que ela tem avaliação positiva dos brasileiros. Esse
resultado somente pode ser considerado tendencioso, malicioso, maligno e
perverso, por não representar a verdade sobre os fatos, tendo como agravante de
ele ter por cristalina finalidade melhorar as intenções de voto da presidente,
quando a imprensa, quase sempre, conclui que, se a eleição fosse agora, a
presidente poderia ganhar no primeiro turno, o que vale dizer que essa
vergonhosa pesquisa tem finalidade eleitoreira. Por outro lado, convém se atentar
para o fato de que foram pesquisados eleitores nos estados da federação onde a
maioria deles não tem o peso dos estados do Sudeste, o que torna a pesquisa
também injusta, por haver dois pesos e duas medidas, no resultado das
apurações. Não obstante, não há dúvida de que é correto que as estatísticas sejam
realizadas tomando-se por base parcelas de um todo, mas não deixa de ser
esquisito que representação tão ínfima de apenas 2.002 eleitores possa levar à
certeza de que a presidente tenha tamanha aceitação entre os brasileiros, que,
de forma uníssona, reprovam o seu governo, não somente pelo que faz, mas,
sobretudo, pelo que deixa de realizar, principalmente pela falta de reformas
estruturais do Estado, pela falta de capacidade de tornar a máquina pública enxuta
e eficiente, de modo a reduzir a enormidade de ministérios e eliminar o
escrachado fisiologismo reinante no serviço público, a possibilitar que a
Petrobras volte a ser empresa de sucesso nas suas operações e, enfim, que o governo
priorize seus programas e suas ações, como forma da retomada do desenvolvimento
social e econômico. Seria bastante importante que a avaliação do
governo federal e da presidente da República foi realizada se não existissem o
programa Bolsa Família, os marqueteiros palacianos e principalmente os maciços
investimentos em programas publicitários e de marketing, entulhando os programas
das televisões e rádios com propagandas exageradas do governo, como se ele estivesse
fazendo algo realmente em benefício do país. Certamente que, sem esses únicos e
importantes programas, mantidos sob altíssimos dispêndios para beneficiar
apenas a pessoa da presidente, o desempenho dela seria igualmente medíocre como
o é o crescimento do país, conforme evidenciam o Produto Interno Bruto e o
desempenho do parque industrial, que não consegue sair do sufoco com o Custo
Brasil, liderado pela pesada carga tributária e encargos previdenciários, que
funciona como verdadeiro gargalo contra o crescimento do país. No entanto, é
comum a propaganda do governo assegurando que o povo vive às mil maravilhas,
com tantas conquistas alcançadas nos últimos anos. Agora, imaginem se este país
fosse administrado com a real competência e eficiência à altura das suas
potencialidades e riquezas humanas e materiais? Com certeza, haveria condições
de se perceber a diferença que faz o gerenciamento atual do país em relação à
gestão responsável e consciente sobre a premente necessidade de priorização das
políticas públicas, com embargo das coalizões espúrias e interesseiras e das
negociatas entre partidos, que visam à sustentação da base do governo, com a finalidade
de garantir a perenidade no poder, em total desvirtuamento das precípuas finalidades
políticas, que têm por causa o atendimento do interesse público. A sociedade
não pode aceitar, com passividade, o resultado de pesquisas visivelmente com
fins tendenciosos, em benefício da situação, quando o seu resultado, no caso
vertente, deveria se restringir à avaliação de apenas os eleitores pesquisados,
no total de 2.002, como forma de refletir a realidade dos fatos, que não
permitem ser feita ilação elástica e abrangente, como se a aprovação a que se
refere a pesquisa resultasse da vontade dos brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 07 de janeiro de 2014
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