Inconformado com o
que considera questionável a reforma ministerial entabulada pelo governo, o
PSDB resolveu entrar com representação no Tribunal Superior Eleitoral para impugnar
o uso político e o envolvimento da máquina pública na acomodação de aliados na
administração pública, tendo por finalidade a ampliação, na próxima campanha
eleitoral, do tempo de televisão da candidata petista à reeleição. O partido
tucano interpreta esse caso como típica prática de crime eleitoral, pela inclusão
na reforma em apreço de partidos que estão fora da base, a exemplo do PTB, PSD
e Pros. Os tucanos alegam, como fundamento do seu pleito, a necessidade de
respeito, na eleição, à igualdade de condições entre os candidatos, conquanto,
no caso, o PSDB e os demais candidatos não podem dispor dos mesmos mecanismos da
presidente para atrair as legendas para a sua campanha, com os quais ela
consegue aumentar o horário na propaganda eleitoral gratuita. O PSDB também vai
alegar que o governo utiliza o argumento segundo o qual não pode ampliar o
espaço do PMDB na reforma ministerial em razão da necessidade da inclusão de
outros partidos na Esplanada para ampliar o palanque da reeleição. Segundo um
líder tucano, “em qualquer outro período,
o uso de cargos no primeiro escalão para ampliar a base governista consolida a
prática do toma-lá-dá-cá”. Entretanto, em ano de embate presidencial, “essa prática torna-se um crime eleitoral”.
A reforma
ministerial deve ser promovida sob medida para seduzir e trazer partidos
políticos para dentro do governo, obviamente em troca de apoio, mais
precisamente do precioso horário eleitoral. A reforma em causa guarda absoluta coerência
petista com a forma inescrupulosa costumeiramente adotada para se assegurar a
perenidade no poder, na qual os fins justificam os meios. Essa maneira espúria
de proceder demonstra flagrante e grave irregularidade, por representar
induvidosa afronta aos princípios democráticos e de civilidade, uma vez que, à
toda evidência, há inegável envolvimento da máquina pública nas negociações, resultando
no vergonhoso loteamento dos ministérios e das empresas estatais entre os
partidos da coalizão, como forma indecente de sacramentar as questionáveis
alianças, destinadas à efetivação de apoio político ao governo, em evidente
envolvimento de recursos públicos, pela indecorosa entrega de cargos públicos.
Em que pese tanto se condenar as escabrosas e escusas formas da prática
política tupiniquim, que tem o condão de se apequenar e se atrofiar ainda mais,
quando deveria, ao invés, progredir, se desenvolver e se aperfeiçoar, com
inspiração nos países evoluídos e desenvolvidos político-economicamente, onde a
função e as atividades políticas são levadas muito a sério e praticadas na sua
devida acepção, por meio das quais são observados os saudáveis princípios
democráticos da ética, do decoro, da moralidade, da probidade, da isonomia e da
legalidade, tudo com direcionamento para a exclusiva satisfação das
necessidades públicas. A evolução da humanidade, em harmonia com as conquistas
científicas e tecnológicas, tem a faculdade de mostrar, de forma translúcida,
que, na atualidade, a vergonhosa prática do toma lá, dá cá contribui tão
somente para a desmoralização dos princípios republicanos, pelo ferimento da
honorabilidade, da respeitabilidade que se exige do verdadeiro exercício das
atividades políticas. A sociedade precisa, com urgência, ser despertada da
crônica e irresponsável letargia da omissão que a impede de protestar, com
veemência, contra a pouca-vergonha do fisiologismo ideológico disseminado, de
maneira irregular, na administração pública, como forma de se exigir a
moralização das atividades político-administrativas e de possibilitar o
crescimento social, político e econômico do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 19 de janeiro de 2014
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