quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O porto dos sonhos brasileiros

A presidente do Brasil inaugurou, em Cuba, o moderno Porto de Mariel, que custou US$ 957 milhões, com a expressiva participação de recursos do povo brasileiro, no valor de US$ 682 milhões, financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo informações do Blog do Palácio do Planalto, a liberação do financiamento, no valor de US$ 802 milhões, foi condicionada à obrigatoriedade de gastos no Brasil, na compra de bens e serviços comprovadamente brasileiros e durante a construção da obra foram criados 150 mil empregos no Brasil, sejam diretos, indiretos ou induzidos. A presidente frisou que o desempenho de Cuba "aumentará substancialmente" com a entrada em funcionamento do porto e da Zona Especial de Desenvolvimento de Mariel. Ao ensejo, a presidente anunciou que o BNDES irá financiar a segunda etapa de construção do porto, no valor de US$ 290 milhões e que "Várias empresas brasileiras já manifestaram interesse em instalar-se na zona especial. O Brasil quer se tornar um parceiro econômico de primeira ordem econômica para Cuba. Acreditamos que uma maneira de estimular essa aliança é aumentar o fluxo bilateral de comércio”. Até parece ironia ou irracionalidade gerencial que o Brasil, sedento precisamente de investimentos em infraestrutura, eleja, por exclusiva vontade e ação do governo petista, Cuba para investir maciçamente, logo em porto, tão carente cá entre nós, porquanto os que aqui existem operam na extrema precariedade e ineficiência, fato que demonstra completo menosprezo aos interesses do povo brasileiro. É muito estranho e até incompreensível que a oposição seja cúmplice com os investimentos na construção de porto em Cuba, com recursos públicos, quando ela tem o dever constitucional e legal de recriminar e de adotar medidas legislativas, com vistas a impedir indevida e irregular saída de recursos que deveriam ser aplicados no país, como forma de incrementar o desenvolvimento socioeconômico do Brasil, em harmonia com a própria finalidade do BNDES, que, na forma da sua instituição, se destina ao fomento do crescimento da economia do país, isto é, somente do Brasil. É incompreensível que o governo com tanta incoerência e falta de prioridade ainda tenha admiradores que defendem atos indignos e contrários ao interesse público, quando a normalidade seria de total repúdio aos atos que não condizem com os princípios que se harmonizem com a economicidade e a racionalidade no emprego de recursos públicos, que deveriam ser aplicados senão nas ações prioritárias e em exclusivo atendimento das carências sociais no Brasil. Enquanto houver conformismo com o exagero e a liberalidade na aplicação das verbas públicas, o país permanecerá sob o jugo da incompetência e do subdesenvolvimento, pela perplexidade de o governo não ter o menor escrúpulo de construir moderno porto com dinheiro dos bestas dos brasileiros em terras cubanas, quando não somente os portos tupiniquins exigem urgentes melhorias e investimentos públicos, mas as estradas, a segurança pública, a educação, a saúde e outras prioridades que o governo prefere ignorar e eleger logo importante construção em Cuba, que não terá serventia alguma, ante a sua precariedade em termos de exportação e importação de produtos. Há coisas neste mundo que somente acontecem no país tupiniquim, como essa esdrúxula obra petista em Cuba, por evidenciar que o governo, no poder há mais de década, acha natural concluir importante obra fora do país, pelo mero fato se vangloriar como se fosse sua grande conquista. Não obstante, o governo, até agora, não foi capaz de perceber a inexistência ou a precariedade dos portos nas terras Brasis, que funcionam a passos de tartaruga, ante a completa ineficiência em virtude do seu desatualizado sistema operacional, com os aparelhamentos sucateados e as condições ultrapassadas de demanda, por falta de investimentos públicos e privados. O caos portuário é tanto que os produtos de exportação e importação se encalham nos porões dos navios, nas estradas ou nos galpões. Entretanto, sem a menor lógica e sem o menor pudor, o governo tupiniquim decidiu investir, com essa finalidade, em Cuba e a presidente demonstrou que estava radiante, por ter concluído a única, deslumbrante, moderna, expressiva e mais importante obra do governo petista, exatamente nas terras do sempre venerado e bajulado ditador cubano. Esse fato evidencia a balela da administração do governo brasileiro, que, na pessoa da sua presidente, ter acabado de discursar no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, implorando por investimentos estrangeiros no Brasil e, em seguida, de maneira inexplicável, desembarca em Havana, Cuba, para inaugurar obras de um porto, com financiamento do BNDES, cujo empreendimento não terá benefício para o povo brasileiro e muito menos para o de Cuba, porque a ilha se encontra destroçada e falida, fato que constitui, para o Brasil, verdadeira demonstração de mau uso do dinheiro dos brasileiros e de contrariedade aos objetivos fundados no recente discurso da presidente. O PT deve está no auge da contemplação com essa expressiva e inusitada obra, por ter sido construída logo onde os petistas têm como inspiração o ícone do socialismo. A partir de agora, o governo brasileiro já pode se orgulhar de ter inaugurado a sua tão sonhada grande obra, porém no país onde tem privação de quase tudo, menos de repressão e da violação aos direitos humanos, que talvez seja o único empreendimento que Cuba precisaria, à vista da precariedade da produção nacional e do comércio incipiente. Mais uma vez, o PT errou de estratégia, porque o porto em apreço deveria ter sido construído no Brasil, onde os produtos internos e externos encalham nas estradas, nos galpões e nos porões dos navios, pela deficiência dos portos existentes. A sociedade anseia por que os governantes se conscientizem quanto à responsabilidade de os recursos públicos serem aplicados em exclusivas prioridades visando ao benefício do interesse público, não permitindo que as causas e o povo brasileiros sejam prejudicados pelo seu desvirtuamento para fins senão para a satisfação das necessidades nacionais. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de janeiro de 2014

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