terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O discurso da incoerência

Na viagem programada pela Presidência da República, a mandatária brasileira discursaria no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, e seguiria direto para Havana, Cuba, mas, nesse ínterim, ela e sua sempre robusta comitiva de políticos aproveitadores das mordomias à custa dos bestas dos contribuintes preferiram fazer turismo em Portugal, tendo reservado o último sábado para descansar, antes de seguir viagem para o verdadeiro destino, em cumprimento de visita oficial. A passagem por Portugal não constava da agenda oficial, inicialmente divulgada por aquele órgão. A escala sigilosa da comitiva presidencial em Lisboa exigiu a ocupação de 30 ou 45 quartos dos hotéis Ritz e Tivoli, considerados os mais caros da cidade. Somente para variar, a presidente se hospedou numa suíte presidencial do Ritz, ao custo, pasmem, de 8 mil euros por dia, o equivalente a R$ 27,1 mil. A presidente, para ser coerente, aproveitou o ensejo para opíparo jantar num dos melhores e mais caros restaurantes de Lisboa. É evidente que os gastos extravagantes dela foram custeados pelo erário. O Líder do PSDB na Câmara classificou como “disparate” a estadia da presidente e sua comitiva em Portugal, por ter ocorrido “em sigilo” e sem que ela tivesse "compromissos oficiais." naquele país, tendo concluído que o desembolso para a hospedagem pertinente constitui “uma gastança desnecessária.”. Diante dos questionamentos, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República informa alteração da agenda presidencial, incluindo a estadia em Portugal no roteiro, e nega que a escala da comitiva presidencial em Lisboa tenha sido “desnecessária.”. O aludido órgão assegura que a parada era “obrigatória” porque a aeronave oficial não tem autonomia para um voo entre Zurique e Havana, mas isso não foi dito antes. A decisão de fazer o voo diurno até Cuba “foi tomada pela Aeronáutica a partir da avaliação das condições meteorológicas que permitiram que o trecho Lisboa-Havana fosse coberto no domingo em 9 horas 45 minutos.”. Tem pouca valia o discurso da presidente ao mundo, para "vender" a imagem positiva do Brasil ao mundo empresarial, na tentativa de remover desconfianças de investidores estrangeiros com o país, mas seu esforço, ao longo de cerca de meia hora de discurso, mostrando grandes oportunidades de negócios oferecidas pelo Brasil e destacando medidas adotadas por seu governo com o objetivo de equilibrar as contas públicas, perde fôlego com as atitudes perdulárias dela. A “modesta” comitiva presidencial ocupou apenas 45 quartos de dois hotéis, ao custo total de R$ 71 mil. Caso a presidente quisesse economizar de verdade, poderia ter ocupado o palácio que serve de embaixada brasileira em Portugal, mantida regiamente pelo governo tupiniquim, para acomodação de parte da comitiva. Essa escala em Portugal contraria, em tão pouco tempo, as afirmações da presidente ao público alvo do seu discurso no Fórum de Davos, quando ela teria afirmado rigoroso controle das contas públicas. Isso ajuda à ilação de que somente acredita nas palavras dela quem não tem compromisso com a verdade e a realidade do que se passa no país. Não há dúvida de que é difícil se acreditar em quem afirma com convicção e, logo em seguida, pratica exatamente o contrário, ao se esbanjar com recursos públicos em caríssimas suíte presidencial e restaurante, gastos esses que poderiam ser amenizados caso fossem levadas em conta a realidade socioeconômica do país e a suposta intenção presidencial de economizar verbas públicas, quando os fatos mostram que deveria prevalecer exatamente a vontade social de efetiva austeridade e não de meras e enganosas falácias. É que, na versão dos mentirosos, a mentira contada repetidas vezes torna-se realidade e isso é o que parece estar acontecendo atualmente no Brasil, em que o povo, na sua extrema ingenuidade, vem sendo iludido muito facilmente, acreditando que o país está sob a administração da competência da melhor qualidade, quando a cruel e inconfundível realidade é a de se afirmar uma coisa como verdadeira e se fazer outra, de forma diferente, surpreendente e inusitada, não importando as consequências, em especial os elevados custos de despesas que acarretam elevados ônus para os cofres públicos, que deveriam ser avaliados previamente. O caso retratado na reportagem evidencia a realidade nua e crua da administração do país, onde o princípio da economicidade é jogado literalmente para o espaço, com a pousada inesperada da presidente em local que não estava previsto, sob argumento pouco plausível e de difícil convencimento, salvo para quem prefere continuar convivendo com as mentiras e as inverdades, que ajudam a construir o país desacreditado pela comunidade internacional, que já percebeu as fragilidades da sua administração, notadamente das políticas econômicas, à vista dos seus pequenos crescimentos, demonstrados pelos pífios desempenhos do Produto Interno Bruto, normalmente ridicularizado por Pibinho. Não é novidade que a presidente procura ostentar a pose de estrela pop star da política tupiniquim, na forma do aparato que não se compatibiliza com a realidade do país que ela representa, mesmo porque ninguém pode se achar no direito de abusar dos recursos dos cidadãos, quando eles são escassos nos programas de governo, que têm sido a justificativa para a incapacidade administrativa da realização de obras públicas, em evidente demonstração de carência de governabilidade, racionalidade e competência. Alhures, um extraordinário humorista brasileiro, no embalo dos governos gastadores e corruptos da época, já dizia nos seus famosos bordões: "O povo que se exploda", fazendo alusão às indiferenças dos governantes que não estavam nem aí para a opinião pública sobre suas mordomias, regalias e extravagâncias à custa dos minguados recursos públicos, que continuam sendo usados pelos modernos socialistas, que, em absoluta incoerência, vão para Cuba, logo para onde a democracia é tratada a ferro e fogo, para tratar, pasmem, de pobreza e de desigualdade social, quando, na prática e nos seus hábitos sofisticados, abusam do dinheiro da sociedade. Causa estranheza que a presidente brasileira participe de encontro para discutir tão importante tema, como o referido acima, quando ela não tem o pudor de gastar, somente numa noite e à custa da nação, o equivalente à sua remuneração de um mês, no valor de R$ 27,1 mil, com o pernoite num luxuoso hotel de Lisboa. Urge que os homens públicos se conscientizem sobre as verdadeiras importância e razão para a sociedade do princípio da economicidade nos gastos públicos, em especial quanto à premente necessidade de ser levado em conta o sacrifício imposto à capacidade contributiva do cidadão diante da terrível, cruel e impiedosa carga tributária. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 27 de janeiro de 2014

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