Com relação à
afirmação da presidente da República sobre a sua invenção de "guerra
psicológica" contra a área econômica de sua administração, o governador de
Pernambuco e também presidenciável disse que falta ao governo federal humildade
para reconhecer erros: "O Brasil tem
problemas macroeconômicos que precisam ser enfrentados. Nós não precisamos
esconder as deficiências. O pior erro
na vida de uma pessoa, de uma comunidade, de uma organização e, sobretudo, de
um país, é quando a gente não tem humildade para reconhecer as coisas que
precisam ser consertadas. O mundo
cresceu mais que o Brasil. A gente não pode sair botando culpa nos outros. A
gente precisa ver qual é a culpa de todos nós. As questões econômicas precisam
ser vistas com objetividade”. Assiste inteira razão ao governador
pernambucano, ao cobrar humildade do governo federal, mas somente isso não é
suficiente para solucionar as graves situações que estão obstruindo o
desenvolvimento do país. A humildade é importante pelo fato de ajudar a
reconhecer as limitações da máquina em funcionamento, mas a crítica em apreço
não surtirá nenhum efeito prático porque o partido do poder jamais vai ser
convencido de que comete erro ou deslize. Na realidade, as suas ideias e
filosofias são sempre as mais corretas, tanto que seus erros - os cometidos no
governo – são fruto de fatos alheios à sua vontade, que devem ser atribuídos a
fatores estranhos, a exemplo dessa tal de guerra psicológica, criada agora pelo
Palácio do Planalto para justificar novo desastre no desempenho do PIB, que vai
ficar bem distante das projeções governamentais. É mais do que notório de que,
nos últimos três anos, o crescimento econômico do país vem mantendo estável
desaceleração, demonstrando desempenho bem inferior ao que sempre se espera da
grandeza econômica do Brasil, o que evidencia que existe algo que poderia ser
aperfeiçoado e modernizado, com vistas à consecução de resultados mais
satisfatórios. Outros países com economia inferior ao Brasil vêm conseguindo
desempenho superior ao obtido pelo país tupiniquim, que tem dificuldade de
reconhecer possíveis erros e de adotar medidas capazes para mudar os rumos da economia.
O governo que tem enorme dificuldade em ajustar as contas públicas à realidade
econômica do país, por apresentar seguidos déficits e nada é feito para
corrigir as falhas, só pode encontrar obstáculos para a consecução de
resultados melhores quanto ao crescimento da nação. É impressionante como a ideologia
partidária consegue enaltecer somente os fatos que, embora não sejam
verdadeiros por completo, interessam ser divulgados para mostrar a sua relação
visceral com as ações de governo, que não deveriam passar senão da sua mera incumbência,
sem nenhum motivo para disseminação de possível mérito, à vista de fazer parte
do dever institucional do Estado de promover o bem-estar da sociedade. Contudo,
os insucessos e os fracassos, que são irrefutáveis, não mereceram sequer menção
no discurso presidencial, nem que fosse para justificar a incompetência
gerencial, pela fragilidade do desempenho da equipe, a exemplo do caso
específico das operações econômico-financeiras da principal empresa petrolífera
da América do Sul, que o governo, tempos recentes, se ancorava nos seus bons
resultados para tirar proveito político-eleitoral e se promover, inclusive
internacionalmente. Agora, quando essa empresa se despenca das plataformas
gloriosas e ufanistas, pela contabilização de inexplicáveis e seguidos
prejuízos e quedas, certamente em decorrência de incompetência gerencial
petista, a presidente devia ter a consideração ao povo brasileiro de confessar
os motivos pelos quais o seu governo permitiu extraordinária diminuição de 40%
do patrimônio da estatal, com evidente lesão aos fiéis acionistas da Petrobras,
que amargaram estrondoso prejuízo com a desvalorização das ações da empresa. É flagrante
o calote dado pelo governo aos acionistas, que investiram num empreendimento
considerado sólido e bem administrado, cujo capital foi tragado pela incapacidade
gerencial, principalmente pela ingerência do Palácio do Planalto, que enxerga
potencial risco de os preços dos combustíveis, principais produtos da empresa, terem
interferência direta no projeto político da reeleição da presidente da
República, ante o reflexo dos aumentos desses preços no descontrole da
inflação, ou seja, o governo confunde, sem o menor escrúpulo, interesses
públicos com projetos privados, quando a racionalidade e a responsabilidade
públicas recomendam a necessária distinção de ambos os casos. A sociedade
anseia por que os governantes tenham a humildade para evitar alardear realizações
público-administrativas, cujo mérito não passa senão da sua mera incumbência
institucional e dever constitucional do Estado, conquanto isso somente denota
nítida manobra eleitoreira, quando seria mais importante e meritório que eles
tivessem a dignidade e a decência política de esclarecer e justificar os
fracassos e os insucessos no desempenho operacional dos programas de governo,
como forma da ínsita da transparência da administração pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 04 de janeiro
de 2014
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