Um bando de delinquentes, composto por, pelo menos,
15 malandros, invadiu o quartel da Polícia Militar de Campo Novo de Rondônia,
baleou um soldado e roubou dois fuzis, uma escopeta calibre 12, várias pistolas
.40, coletes e uma viatura da PM. Em seguida, depois de feitos dois policiais
militares reféns, o bando resolveu atacar e roubar lojas comerciais e agências
bancárias, estabelecendo o maior pandemônio na cidadezinha do interior do
Estado de Rondônia. Com a devida presteza e eficiência como deve ser a atuação do
policiamento, a segurança foi imediatamente reforçada com agentes de guarnição especialmente
treinada, os quais empreenderam bem sucedida perseguição aos criminosos que resultou
na morte de oito deles. O resto do bando escapou do cerco e levou consigo os
dois policiais transformados em reféns. O êxito dos policiais somente foi
possível devido à estratégia bem planejada e ao forte armamento utilizado na
operação. Essa tragédia que resultou na morte de oito cidadãos jovens é o
reflexo da onda de violência que toma conta do país, em que, praticamente,
parcela significativa de brasileiros vem optando pelo caminho nefasto da
criminalidade, como principal “atividade profissional”, embora o risco de vida seja
muito grande para quem a escolhe, estando sujeito, conforme evidencia o
episódio em causa, às terríveis consequências, em que, felizmente, as vítimas
fatais, desta vez, ocorreram da parte dos delinquentes que deflagraram a
selvageria. A ação corajosa e destemida dos policiais rondonienses certamente
servirá de exemplo para intimidar a bandidagem a evitar a incidência de fatos
semelhantes a esse e de estímulo para que as forças policiais cumpram com destemor
e dignidade seu dever constitucional e legal de combater a criminalidade e de
exercer com brio e garbo a sua importante missão de proteger a sociedade. Não
há dúvida de que a ação da segurança pública de Rondônia, além de dignificar a
profissão policial, exige que os governantes sejam sensíveis às causas dos
abnegados policias militares e bombeiros que são obrigados a expor suas vidas em
missões difíceis como essa e sob constante risco, mas seus sacrifícios nem
sempre são devidamente valorizados como deveriam, ante a evidência das
aviltantes remunerações pelas quais eles são estipendiados, ainda mais diante
das disparidades que acontecem entre os vencimentos pagos nos estados, onde unidades
mais ricas pagam mais e as demais pagam bem menos, gerando constantes
insatisfações no seio das corporações, fato esse que poderia ser evitado se
houvesse sensibilização quanto à real importância de se manter motivada a força
de policiamento responsável por tão importante missão de proteger a sociedade. Note-se
também, por oportuno, a terrível injustiça com o menosprezo à situação remuneratória e de reaparelhamento das
Forças Armadas, que foram relegadas a planos secundaríssimos, como forma de injustificável
revanche por parte do governo que trata o Estado como instrumento capaz de satisfação
de interesses pessoal e partidário, em contraposição aos princípios
republicanos de igualdades entre os brasileiros. Não há a menor dúvida de que o
policial desestimulado não se encoraja tanto quanto se ele estivesse imbuído do
sentimento da valorização compatível com suas reais atribuições de ser o
permanente anjo de guarda da sociedade. Considerando que as atividades
policiais merecem e devem ser valorizadas, como corolário da obrigação de
melhor proteger os cidadãos, compete à sociedade exigir das autoridades
competentes a adoção de medidas que correspondam à expectativa da satisfação
inerente à melhoria das remunerações deles e das condições de trabalho, como
treinamento, aperfeiçoamento e reaparelhamento indispensáveis à eficiência da
missão policial. É comum a população reclamar da atuação policial, mas
dificilmente ela se encoraja no sentido de convencer as autoridades a priorizar
políticas destinadas à solução dessa crônica situação de desvalorização e até
de penúria de corporações militares tão imprescindíveis à tranquilidade da população.
É induvidoso de que a conquista e a preservação da civilidade depende da maior
compreensão sobre a vitalidade, a modernização e o aperfeiçoamento das forças
de segurança pública, que não conseguem desempenhar seu papel com eficiência que
dela se espera se ela não for devidamente incentiva e estimulada, com a valorização
e disponibilização dos componentes inerentes ao reconhecimento e à dignificação
compatíveis com a importância das atividades policiais. A sociedade tem o dever
cívico de lutar para que as forças policiais, responsáveis pela sua proteção e
segurança, sejam revigoradas mediante a priorização de políticas destinadas ao
aperfeiçoamento e à concessão de remunerações decentes e compatíveis com a
relevância da sua missão constitucional e legal. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de janeiro de 2014
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