Conforme
reportagem veiculada pelo jornal Folha de
S.Paulo, o governador tucano de São Paulo prevê gastos com publicidade,
logo no início de 2014, ano que ele tentará se reeleger. O valor estimado é o
dobro do que foi gasto por mês, em média, no ano recém-findo. Somente no primeiro
semestre deverá ser disponibilizada para propaganda a mesma quantia torrada
pelas fornalhas do governo paulista durante todo ano de 2013, que foram
consumidos a bagatela de R$ 16,1 milhões por mês com propaganda. Espera-se que
o planejamento de 2014 e o impedimento legal de gastar durante o período
eleitoral podem elevar a despesa a R$ 31,5 milhões nos meses que antecedem a
disputa no Estado. Com essa finalidade, o governo reservou o montante aproximado
de R$ 188,8 milhões para fazer sua comunicação, ou seja, o vergonhoso marketing
da sua administração, que poderia ter a dignidade de aplicá-los em obras da
cidade. Em 2013, os gastos com publicidade atingiram a soma superior de R$ 194
milhões. Segundo o governo, a verba será aplicada em campanha que buscará
unificar a identidade visual, de forma e conteúdo, das peças veiculadas para
promover as ações das secretarias estaduais. Os gastos com publicidade no governo
paulista vêm crescendo ano após ano, em escala inversa às melhores da prestação
dos serviços públicos, que se tornaram cada vez mais escassos e precários. Nos
anos de 2011, 2012, 1013 e 2014 foram gastos, respectivamente, R$ 118,9
milhões, R$ 169,4 milhões, R$ 194 milhões e R$ 188,8 (previsão, considerando a
concentração de gastos no 1º Semestre/2014). O governo paulista justifica as
propagandas como instrumento e espécie de prestação de contas e de balanço do
que foi feito na sua administração, nos três primeiros anos da sua gestão,
compreendendo as realizações referentes à mobilidade urbana, saúde, habitação e
educação, em resposta e atendimento às manifestações de junho, que exigiram
mais qualidade no transporte público, e também a forma de ser colada ao Metrô e
à CPTM imagem positiva após desgaste pela vinculação ao cartel que agia em
licitações. O governo paulista também justifica os insustentáveis gastos com publicidade
sob a alegação de ele que "segue a
necessidade da administração de divulgar informações de utilidade pública e
prestar contas e que o cálculo mensal não tem fundamento". As despesas
atuais podem ser consideradas verdadeiro escândalo, se comparadas aos gastos no
primeiro semestre de 2010, ano também de disputa eleitoral, em que o governo
paulista igualmente do PSDB elevou os dispêndios no período anterior à eleição,
em investimento de apenas R$ 23,6 milhões mensais em publicidade - quase dez
vezes menos -, contra a média mensal de apenas R$ 9,2 milhões do mesmo período
nos três anos anteriores, como havia sido mostrado à época. Essa nítida esculhambação
com a queima de dinheiro público, mediante propaganda e publicidade, constitui
verdadeiro ato criminoso contra a dignidade e a lisura do orçamento público,
que não deveria aceitar a destinação de recursos senão para a realização de
ações de interesse público, que resultassem comprovado benefício para a
sociedade. Fica evidente que a publicidade com verba pública visa beneficiar
tão somente a figura pessoal do governador, na vã tentativa de se manter na
mídia. Enquanto acontece essa forma de indignidade com recursos públicos, a
população fica à espera de melhores assistências médico-hospitalares, ante a
escassez de verba para o saneamento das questões que afetam os serviços
públicos. Não há dúvida de que essa forma indigna de promoção pessoal dos
políticos não condiz com a seriedade que se deve imperar na administração
público, que exige priorização nos gastos, objetivando a satisfação do
interesse da sociedade. As normas referentes à administração orçamentária,
financeira e patrimonial deveriam regular e proibir desperdício de recursos
públicos, a exemplo dos gastos com publicidade, que deveriam ser autorizados
somente para fins extremamente imprescindíveis, como forma de prevenir situações
prejudiciais à sociedade e de outras em benefício do interesse público, mas
jamais em indecorosas promoções pessoais, que devem ser custeadas com recursos
dos próprios políticos. Trata-se, à toda evidência, de promoção de campanha
política com dinheiro publico, totalmente sem amparo legal, o que exige a
impugnação das despesas pertinentes pelos órgãos incumbidos constitucional e
legalmente de zelar pela boa e regular aplicação dos recursos públicos, e a
responsabilização de quem tenha dado causa à temerária gastança. Como se trata
do envolvimento de recursos públicos, compete aos órgãos de controle e
fiscalização a avaliação sobre a adequação dos dispêndios com publicidade ao
interesse público, de modo a coibirem possíveis abusos e gastanças em verdadeiro
desperdício. Não há a menor dúvida de que também cabe ao povo repudiar as ações
dos políticos que agem sem o menor pudor, promovendo gastos sem vinculação com
as necessidades públicas, como esse desonesto dispêndio com publicidade. O povo
precisa se conscientizar sobre a necessidade de repudiar a realização de
despesas com publicidade e de eleger somente seus representantes que respeitem
a austeridade e a prioridade que devem ser observadas na aplicação dos recursos
públicos, tendo em conta o estrito atendimento ao interesse da sociedade.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 08 de janeiro de 2014
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