De acordo com
levantamento promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) sobre os tributos arrecadados em 2012, o Brasil tem a segunda
maior carga tributária entre os países da América Latina. No ranking entre 18
países, somente a Argentina supera o país. Os brasileiros e as empresas pagaram
o correspondente a 36,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, enquanto na
Argentina a arrecadação atingiu 37,3%. A Guatemala, República Dominicana e
Venezuela são os países onde o leão da receita morde suavemente, tendo a carga
tributária equivalente a 12,3%, 13,5% e 13,7% do PIB, respectivamente. A OCDE esclarece
que a maior carga tributária é da Dinamarca, de 48% do PIB. A entidade não
entrou no mérito sobre a qualidade dos serviços públicos prestados pelos países
avaliados, mas, com absoluta certeza, o Brasil deve ser hors concours na
liderança dos que constam do ranking, ante as precariedades e as mazelas
visivelmente expostas nas ações realizadas ou não realizadas pelo governo. Estranha-se
que a exagerada carga tributária é realidade que penaliza não somente a
sociedade, mas, sobretudo, a produção nacional, que não consegue se desenvolver
e se tornar competitiva, exatamente devido ao terrível Custo Brasil, já contando
com a famigerada carga tributária. Não obstante, para tanto, não há a menor sensibilização
do governo e muito menos da oposição, que não esboçam nenhuma iniciativa no
sentido de, pelo menos, avaliarem se esse peso na economia atende aos
princípios da racionalidade e da realidade social e econômica dos brasileiros,
evidentemente em comparação às deficiências do funcionamento da administração
pública e das precariedades das suas políticas públicas, quanto à prestação dos
serviços à população. É terrível se perceber que o Estado ignore completamente
essa aberrante e grave situação contra a sociedade, que demonstra cumplicidade
com ela, por também nada fazer no sentido de exigir providências acerca da sua
reavaliação sobre a adequabilidade dos tributos cobrados. A maior gravidade dessa
altíssima, estapafúrdia e injustificável carga tributária se destina à
manutenção da igualmente descomunal máquina pública, que funciona muito mais
para satisfazer o empreguismo decorrente das inescrupulosas alianças e
coalizões destinadas à “governabilidade” do país, ou melhor dizendo, para que
seja possível a perenidade no poder, conquanto não haja qualquer possibilidade
de racionalização da máquina pública, que é mantida com suas precariedades e
seus inchaços mesmo em evidente sobrepeso da carga tributária, que penaliza a
sociedade contributiva com tantos impostos, que não seriam tão necessários se
houvesse o mínimo de preocupação com as suas consequências para a economia da
população, precisamente quanto à necessidade da urgente reformulação do sistema
tributário nacional, para adequá-lo à realidade do país. O certo é que o
governo tem demonstrado bastante eficiência no gerenciamento da máquina arrecadadora,
em conjunto com o seu formoso leão, mas os fatos evidenciam que não há a menor
preocupação por parte dele para enxugar a pesada máquina pública,
superrabarrotada de ministérios com funções inúteis e dispensáveis, sendo
mantidos apenas para a acomodação dos partidos integrantes da base de
sustentação do governo, para garantir apoio político nos seus objetivos de
perenidade no poder. Enquanto não houver racionalização e eficiência na
administração pública, a carga tributária tende a se manter fora da realidade
socioeconômica do país. Cabe à sociedade exigir urgente
reforma do sistema tributária, para que a carga tributária seja menos agressiva
e perversa com o sistema produtivo do país e o povo em geral, de modo que os
estudos levem em conta não somente à necessidade de arrecadação a qualquer
custo, mas à premência da racionalização e eficiência dos serviços, das políticas
e dos programas públicos, levando-se em conta o contexto socioeconômico da
nação. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 21 de janeiro de 2014
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