Bem próximo ao final
do ano, a presidente da República se pronunciou à nação, em rede nacional de
rádio e televisão, tendo aproveitando o ensejo, para, num misto de envaidecimento
e agastamento, colocou seus feitos nas nuvens e fez severas críticas à
desconfiança de setores produtivos nos rumos da economia brasileira, tendo
afirmado que a “guerra psicológica”
pode prejudicar investimentos. Ela prometeu combate à inflação e acenou para
possíveis retoques e correções nas políticas econômicas. É bastante estranho
que a presidente critique a existência de “guerra psicológica” com relação aos
rumos da economia, mas não quis indicar quem exatamente vem disseminando essa velada
desconfiança sobre o desempenho da economia, que se somente se apresenta
maravilhoso para o governo, que não se curva à realidade nua e crua dos fatos.
Ao que se tem conhecimento, a execução das políticas econômicas é analisada
pelos especialistas sob a ótica da forma como os seus resultados são expostos.
Na mesma dosimetria, verifica-se que a mídia tem sido fiel à realidade do que a
economia representa nas circunstâncias e na sua real contextualização, ou seja,
em conformidade com que a capacidade do país tem demonstrado, em termos de performance
das contas nacionais, notadamente revelando o pífio desempenho dos indicadores
econômicos, a exemplo do Produto Interno Bruto, que tem sido, nos últimos anos,
o pior entre os países em desenvolvimento e totalmente incompatível com a grandeza
econômica do país autossuficiente em tudo melhor do que os outros países,
evidentemente na visão do governo. O discurso presidencial não corresponde à
realidade dos fatos, ante a sua superficialidade, em termos de sinceridade e
realizações, como também não representa exatamente o que o povo precisa para
viver com dignidade. A nação está à espera da inauguração do governo da
presidente, que até agora não foi capaz de justificar tamanho otimismo
apresentado na televisão. Na verdade, faltou sinceridade à presidente para
explicar a real motivação para a criação da esdrúxula figura da guerra psicológica,
que somente ela e seu staff enxergam,
quando a realidade dos resultados econômicos reflete exatamente a capacidade da
sua equipe, que não consegue superar as próprias limitações de fazer com que as
medidas adotadas sejam capazes de contribuir para o crescimento do país, ao
contrário do que vem acontecendo com as outras nações emergentes, que não têm
as potencialidades econômicas do Brasil, mas, mesmo assim, crescem em índices
bem melhores do que os nossos. O que falta realmente é humildade para aceitar
as limitações dos recursos empregados nas políticas de governo, mas, como a
presidente fez questão de frisar, a culpa é de quem faz guerra psicológica, que
atrapalha o desempenho da economia e dificulta o interesse pelos investimentos
estrangeiros. O discurso presidencial já está tão manjado que nem ela acredita
mais no que diz, por saber que tudo não passa de engodo, por falta de
resultados palpáveis. A guerra
psicológica é criação do próprio governo, que não tem humildade para aceitar as
críticas realistas sobre os fatos inerentes à administração do país,
notadamente com a indicação de desvio de conduta quanto aos rumos da política
econômica. O modelo econômico em prática encontra-se em processo de
esgotamento, em razão de alguns fatores que o governo insiste em não encará-los
como sendo verdadeiros para fins de avaliação da economia, tais como o seu estrangulamento
pela excessiva carga tributária, pela ineficiência do Estado, por não admitir a
necessidade de reformulações da sua estrutura, e pelo apego às contingências
políticas, comandadas pelo obstinado projeto de perenidade no poder, que tem
sido a sua principal razão de governar o país. A presidente não explicou
aos brasileiros as precariedades da sua administração, a exemplo das razões
pelas quais a carga tributária atingiu, em 2012, 35,85% do Produto Interno
Bruto - PIB, uma dos maiores do mundo, e, em contrapartida, o Estado presta os
piores serviços à sociedade, bem inferiores aos prestados por outros países da
América do Sul. Isso demonstra incrível perversidade ao povo brasileira, que é
obrigado a pagar tributos altíssimos em tudo que consume. Enquanto isso, a
máquina pública foi turbinada nesse governo, que aumentou o número dos
ministérios para 39 e permitiu que as empresas públicas tivessem aumento de 25%
no seu quadro de pessoal. Na verdade, a
presidente, em tom ufanista, fez menção somente de fatos com possível viés de
efetividade, que não representam, no grau máximo de esforço, o mínimo que
compete ao governante com um pouco de consciência sobre a grandeza do Brasil e
das suas potencialidades. O povo não pode aceitar passivamente as limitações do
gerenciamento da nação, que não corresponde nem de longe aos anseios de
competência e de desempenho capazes de satisfazer à realidade e à magnitude do
país. A sociedade anseia por que o país
seja administrado com competência, eficiência e responsabilidade, com embargo
de subterfúgios destinados à formação de opinião pública absolutamente com a
finalidade de forjamento de situação favorável à perenidade no poder, em
completo detrimento aos princípios democráticos da dignidade, da nobreza e da
grandeza das atividades políticas. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 02 de janeiro de 2014
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