De
forma imprescindível, dada a exiguidade de tempo, o vice-presidente da
República vem diligenciando no sentido de ultimar a formação do seu ministério,
mas as dificuldades parecem intransponíveis, à vista da agressividade por parte
de congressistas, que querem subir a rampa do Palácio do Planalto com o novo
presidente, no dia da posse dele, como titulares de ministérios, que não
suportam a enorme demanda de interesses.
Os
incômodos com as negociações dificultam o rumo da montagem do primeiro escalão
de seu eventual governo, notadamente em razão das exigências de partidos que
apoiam o impeachment da presidente do país, que o fizeram recuar da proposta
original de reduzir dos atuais 32 ministérios para 20, embora, nas últimas
horas, surgiu a ideia de 22 ministérios.
As
pressões estão causando preocupação ao vice, que se questiona quanto à
possibilidade de aceitá-las e se realmente merece submeter seu governo ao preço
descabido das descaradas chantagens vindas do Congresso Nacional, tal como
aconteceram, de forma explícita e degradante, na desastrada gestão da petista, onde
ministérios e empresas públicas foram simplesmente loteados, sem o menor pudor,
entre partidos da base de sustentação do governo, em troca de apoio no
Parlamento, cujos resultados foram a consolidação da pior administração do
país, justamente porque os serviços públicos foram dirigidos e comandados por
políticos medíocres, despreparados ou sem conhecimentos técnico-especializados
para a execução de políticas públicas de altíssima importância para o
desenvolvimento socioeconômico.
Os
problemas que o vice precisa equacionar são inúmeros, porque eles dizem
respeito à ferrenha disputa entre as legendas pelos ministérios das Cidades, da
Saúde, da Agricultura e de Minas e Energia, entre outras pastas visadas por
partidos dispostos a darem apoio no Congresso ao novo presidente, fato esse que
praticamente contribuiu para detonar as pretensões iniciais quanto às fusões e
extinções imaginadas nas negociações pelo vice-presidente, que se encontra
completamente desnorteado, depois do embate por ministérios, sem mencionar que
a distribuição dos cargos do segundo escalão será objeto de novas árduas batalhas,
ante a necessidade da acomodação de afilhados e correligionários, obviamente
ávidos por recompensa em troca de apoio ao governo.
Os
fatos mostram que o ideal seria a tentativa de “freio de arrumação” para
recomeço das negociações, mas a solução para emergentes questões esbarra no
exíguo espaço de tempo, uma vez que o cargo de presidente pode ficar vago na
próxima quinta-feira, por força da decisão do Senado Federal, e até lá a equipe
ministerial já precisa estar formada e estruturada para ser nomeada e
empossada, com a responsabilidade de mostrar trabalho, porque a máquina pública
se encontra acéfala e desorganizada.
O
certo é que o vice se depara com situação de extremo desconforto, ante a
terrível possibilidade de ser obrigado a adotar o indecente e indigno modelo de
loteamento de cargos do governo petista, que causaram a pior impressão oferecida
ao país e ao mundo de gestão pública, por mostrar que o presidente não tem condições
e muito menos capacidade moral para formar seu ministério com a composição de “notáveis”,
evidentemente com capacidade para comandar com eficiência as respectivas áreas
da sua atuação no governo.
Extremes
de dúvida, trata-se de verdadeiro suicídio o novo governo se aventurar na
tentativa de formar seu ministério copiando a mesmice burrice de nomear ministros
pelo odioso, anacrônico e inadmissível critério político, como forma de
perpetuar o indigno e vergonhoso sistema destruidor do “toma lá, dá cá”, que
tem sido abominável até mesmo nas piores republiquetas, à vista de esse
processo levar ao único caminho da desgraça ineficiência administrativa, tendo
por exemplo o rejeitado governo petista, que se exaure pelas próprias
deficiências ínsitas no presidencialismo de coalizão, que tem por princípio a
rejeição à competência, eficiência, economicidade e racionalização, cujos
reflexos, na prática, são a total destruição do país com as potencialidades do
Brasil.
Nos
países sérios e desenvolvidos democraticamente, os parlamentares são eleitos
exclusivamente para cumprir sua função legislativa, em estrita harmonia com
seus programa de trabalho defendido junto ao eleitorado, não sendo permitido
que eles se afastem para o exercício de atividades estranhas àquelas para as
quais eles tenham sido eleitos, sob pena de perderem automaticamente o cargo
público eletivo, por se tratar de desvio das funções delegadas pelo povo, nas
urnas, que devem ser respeitadas enquanto durar o período do seu mandato.
À
toda evidência, existe indiscutível distorção quanto ao compromisso do
candidato e à sua destinação depois de eleito, que não deveria haver mudança da
finalidade estabelecida na eleição, que é de servir o povo, na forma da sua
plataforma acertada com ele, sendo considerada quebra de compromisso, sujeita à
perda do mandato, a aceitação da ocupação de cargo no Executivo, ou seja, nesse
caso, o parlamentar perde, concomitantemente à sua saída do Parlamento, o cargo
público eletivo, uma vez que deixa de exercê-lo.
Os
brasileiros anseiam por que o novo presidente do país tenha a sensibilidade de
compreender que a prática troglodita de loteamento da máquina pública entre
aliados, que dão apoio político ao governo, não corresponde às expectativas da
população, que imagina que este momento é ideal para a implantação de nova
mentalidade quanto à valorização dos princípios da competência, eficiência,
transparência, austeridade e otimização das políticas públicas, que devem se
preocupar exclusivamente com a satisfação do bem comum, sem embargo da
implantação de urgentes reformas conjunturais e estruturais do Estado, com
vistas ao aperfeiçoamento e à modernização da administração do país, como
condição essencial à retomada do caminho do desenvolvimento socioeconômico. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 10 de maio de 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário