terça-feira, 3 de maio de 2016

O perigoso antagonismo


Depois de admitir seu inevitável afastamento do Palácio do Planalto, a presidente da República decidiu traçar agenda para o que ela denominou de “defender seu mandato” e impedir que o vice-presidente “se aproprie” de projetos e medidas de seu governo.
Com o apoio do partido e a chancela do ex-presidente, seu antecessor, a petista estabeleceu estratégia com o objetivo de manter a mobilização da base social do PT e reproduzir o discurso de que ela é “vítima de um golpe” e, por via de consequência, eventual governo de seu vice “ilegítimo”.
A presidente determinou à sua equipe para apressar e aprontar os projetos que ainda pretende finalizar e anunciar antes de o Senado Federal aprovar a admissibilidade do processo de seu impeachment, que tem votação prevista para o próximo dia 11, que implica no seu afastamento do cargo por até 180 dias.
Um assessor palaciano disse que a presidente quer evitar deixar para o vice projetos e ações tratados durante seu governo, como, por exemplo, as licitações de mais quatro aeroportos (Porto Alegre, Fortaleza, Florianópolis e Salvador), concessões de portos e medidas tributárias, como mudanças no Supersimples.
Outro assessor disse que a ordem da petista “é limpar as gavetas” e promover ritual de saída do governo, que tem como premissa a resolução de tudo o que for possível nestes próximos dias para evitar críticas da equipe de seu substituto, no sentido de que teria assumido o governo “desorganizado”.
A movimentação nas dependências do Palácio do Planalto e os semblantes das pessoas que nele trabalham aparentam clima cinéreo, demonstrando que realmente é final de festa e a certeza de que as bonanças se esvaíram completamente, restando apenas a conclusão de algo melancólico e inadiável.
Enquanto acontece o desânimo na casa da presidente, os movimentos sociais de esquerda já avisaram que a saída da presidente e a entrada de seu vice vão suscitar a concentração de medidas que “não darão sossego” ao governo, por meio de protestos e paralisações nacionais.
Seguindo o entendimento da presidente, os petistas acham que a mobilização social será fundamental, para “resistir até o fim”, diante da persistência dela, que acredita que pode ser inocentada ao fim do julgamento pelo Senado e retomar seu mandato.
No entanto parlamentares do PT e o próprio ex-presidente acreditam que, após o afastamento da petista do cargo, o quadro vai ficar “muito difícil” e, mesmo que ganhe no julgamento, ela ficará sem condições de governabilidade.
O certo é que a cúpula petista e o todo-poderoso já despacharam ordem aos pelegos para “infernizar”, sem trégua, o governo do peemedebista e não prestar colaboração “de maneira nenhuma”, para que as dificuldades possam reverter em possível retorno da petista.
Com absoluta certeza, o PT, reconhecendo sua fragorosa derrota no Parlamento, vai mostrar seu verdadeiro espírito de oposição, que a atual não passa de amadora de décima categoria, ou seja, ele vai simplesmente infernizar, por todos os flancos, a administração do peemedebista, não dando o mínimo de sossego um só instante.
É preciso que o novo governo seja inteligente, preparado e competente o suficiente para se contrapor, com energia, efetividade e precisão à altura dos acontecimentos, mostrando capacidade para enfrentar com autoridade as fortes e traiçoeiras investidas terroristas dos petistas, que certamente não vão dar trégua ao governo, que será facilmente tragado pela intolerância se demonstrar fraqueza, transigência e incapacidade de reação, com as forças de suplantação do adversário.
É importante que o novo governo tenha perspicácia suficiente para demonstrar, logo nas primeiras investidas terroristas dos adversários, muita autoridade e não aceite, sob qualquer pretexto, transigir com a baderna, a desordem e o terrorismo fascista, sob pena de ser suplantado e derrotado pelas forças que conseguiram levar o país à bancarrota e à destruição. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 03 de maio de 2016

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