As gravações sobre conversas de caciques políticos,
que vieram a público recentemente, de forma bombástica e arrasadora, mostram com
muita clareza o mar pútrido que existe no seio infecto da politicagem
tupiniquim, onde ficam evidenciadas as roubalheiras, os artifícios e as
manobras interesseiras, por meio de articulações, nos bastidores, sobre ações e
projetos arquitetados para a satisfação de conveniências pessoais, cujos fatos
estão vindo à lume diante da tentativa de sepultamento de seus abjetos que já encontram
putrefatos, embora eles tenham servido para acalentar a sua sanha maligna de
destruição dos princípios da ética, moralidade e dignidade.
Após a constatação de que estão sendo investigados,
em razão de atos ilícitos contra a dignidade humana, alguns “áulicos” da
República se desesperam em busca da salvação da própria pele, conforme mostram
as conversas gravadas por delator, que não viu alternativa senão liberar geral
e contar os bastidores sobre as articulações e armações que pudessem assegurar,
basicamente, prejuízos aos trabalhos de investigação da Operação Lava-Jato,
facilidades para se evitar a prisão de delinquentes e alterar norma jurídica
para favorecer, em especial, políticos envolvidos com o crime organizado, que
participaram do desvio de dinheiro da Petrobras.
O presidente do Senado Federal e um ex-presidente
da República negam de mãos juntas que os diálogos agora revelados tentam tido
por finalidade interferir nos trabalhos da Operação Lava-Jato, que investiga
desvio de recursos de contratos da Petrobras.
O principal suspeito de ter sido o caixa da cúpula
do PMDB terminou revelando fatos lamentáveis que induzem à conclusão de que
realmente houve a implementação de atos delituosos, quando há a informação no
sentido de que “Isso tem me preocupado muito porque eu sou o único que não
estive num negócio desses, sou o único que não estive envolvido em nada. Vou me
envolver num negócio desse.”, ficando
claro que algo errado existiu mesmo, à vista de a preocupação não ter sido
contestada pelos interlocutores.
Diante das frustradas tratativas para abafar as
falcatruas na Justiça, por meio do poderoso e pernicioso tráfico de influência,
que certamente não surtiram o menor efeito, em que pesem a indicação de nomes
importantes no seio do Judiciário, o principal envolvido nas ilicitudes
resolveu confessar os fatos delituosos em delação premiada, que contribuíram
para movimentar o já tumultuado ambiente político, na expectativa de que coisa
boa não pode resultar das informações prestadas nesse documento, já homologado
pela Justiça, o que, por certo, será objeto de altas especulações por parte dos
demais caciques peemedebistas envolvidos na quadrilha do desvio de recursos da
estatal.
Em que pesem as tentativas para se evitar, por meio
de intensas conversas com os caciques do PMDB, que as investigações da Operação
Lava-Jato não batessem as portas da cúpula desse partido, o eventual caixa dos
demais suspeitos preferiu, com o objetivo de se livrar da prisão, fechar acordo
de delação premiada, fazendo exatamente o oposto do que pretendia, ao entregar
à Procuradoria Geral da República várias gravações que têm o condão de
comprometer seriamente ex-aliados e
agora seus inimigos, que, enfim, não contribuíram para a sua plena liberdade,
que teria sido alcançada caso a pretendida interferência nas investigações
tivessem sido exitosas.
Não somente houve a revelação das conversas de
importantes ex-aliados, porque o peso da delação deverá ser sentido com os
depoimentos prestados pelo ex-presidente da Transpetro, subsidiária da
Petrobras, que poderão envolver muitos políticos poderosos no esquema de
corrupção nessa estatal, cujas informações servirão de munição para a propositura
de investigações sobre os fatos indicados por ele.
A ideia mais absurda do presidente do Senado
Federal de somente permitir delação premiada de quem está solta é a forma mais
contundente que se pode compreender sobre a garantia da impunidade, tendo em
vista que, vetado ao preso de se manifestar quanto a esse procedimento, é o
mesmo que negar a possibilidade de haver confissão e benefício por eventual
redução de pena, em caso de condenação, conquanto ele tenha justificado seu
desejo mórbido de generosidade para com a delinquência, afirmando, pasmem, que
“Isso é uma maneira sutil, que toda
sociedade compreende que isso é uma tortura.”.
Ao contrário do que imagina o presidente do Senado,
a sociedade já deixou muito claro que a pior tortura é a impunidade, que é
defendida por meio de ideias estúpida e absurda como essa de impedir que o
preso não possa fazer delação, porque esta é a principal fonte de importantes
informações sobre fatos delituosos.
Não há a menor dúvida de que os fatos revelados na
delação são da maior gravidade, à vista da sua aceitação e homologação pela
Justiça, tendo também o poder de se confirmar que as tentativas de enfraquecer
a robusteza das investigações da Operação Lava-Jato, que estão cada vez mais
predominando sobre os esquemas de quadrilhas organizadas, diante das
frustrações para interromper a sua atuação efetiva e produtiva, conforme
mostram os resultados absolutamente transparentes e irresistentes,
permitindo-se concluir que a sua continuidade é uma conquista benfazeja contra
a impunidade que reinava de forma banalizada no país.
Isso
fica bastante claro quando as conversas gravadas ressaltam que qualquer acordo
para abafar a Operação Lava-Jato deve passar necessariamente pela Corte Suprema,
havendo, em especial, a menção aos nomes do presidente da Corte e do
responsável no Supremo pelo processo pertinente à operação em causa, que estão
sempre em evidência, em caso da necessidade de acesso, por meio do uso do
indecente tráfico de influência, por ocasião dos julgamentos, fato que
demonstra possível fragilidade do poder em mãos do Judiciário, ante eventual
favorecimento em forma de gratidão.
O certo é que as revelações das conversas gravadas
pelo ex-presidente da Transpetro, em boa hora publicadas pelo jornal Folha
de S.Paulo, deixam importantes lições que podem contribuir para intensa
reflexão sobre a necessidade do aperfeiçoamento dos princípios democráticos,
conforme se pode deduzir que os políticos, à unanimidade, têm ojeriza à
Operação Lava-Jato, embora, da boca para fora, eles usam a hipocrisia de louvar
os trabalhos da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça Federal,
mas as conversas privadas revelam justamente o contrário, à vista da imperiosa
tentativa de “estancar a sangria”, “passar a borracha”, “pacto nacional” e outras formas
passíveis para barrar os trabalhos de instituições que realmente trabalham para
a consecução da moralidade e da efetividade da aplicação dos recursos públicos,
cujos resultados de seus esforços já levaram importantes políticos,
empreiteiros e executivos à prisão.
Os fatos mostram, com fortes evidências,
principalmente diante das informações prestadas pelos delatores, que são
acompanhadas de provas irrefutáveis, que não há inocentes no meio político, à
vista da disposição voluntária para a delação, que tem como propósito
justamente o benefício da diminuição da pena ao delator, que não seria aplicada
em caso da inexistência de culpa, que poderia ser comprovada facilmente pela
simples dificuldade de comprová-la nos autos.
No caso do ex-presidente da Transpetro, a sua
delação prova justamente o contrário do que ele afirmava de que “não acharam nada, nem vão achar”, o que
se confirma também que, para os delinquentes, o problema não é ser corrupto,
mas sim ser pego pela Justiça, quando então a casa cai e o desespero passa a
ser infernal, diante da possibilidade de ser julgado, quando a cultura
tupiniquim é de que sempre prevaleceu o desgraçado princípio da impunidade, que
pode ser destroçado enquanto houver em ação a força-tarefa da Operação
Lava-Jato.
É induvidoso que o terror dos políticos é ser
investigado pelo competente e exemplar juiz da Justiça Federal no Paraná,
conforme os cristalinos objetivos de todas as conversas reveladas dos suspeitos
da prática de atos irregulares, que, de forma curiosa e estranha, preferem
continuar sendo investigados pelo Supremo Tribunal Federal, dando a entender
que o aludido juiz é considerado implacável contra a corrupção, enquanto o
Supremo transmite tranquilidade e proteção às delinquências.
A importância das investigações da Operação
Lava-Jato é comprovada com muita convicção ante o rumoroso fracasso das tramas
esboçadas por caciques do PMDB, da delação premiada do ex-presidente da
Transpetro, da sua homologação pela Justiça, da inflexibilidade dos pareceres
da Procuradoria Geral da República, da continuidade da atuação da força-tarefa
dos trabalhos pertinentes.
É importante que as instituições incumbidas desse mister
se mantêm firmes, coesas e impermeáveis às tentativas inescrupulosas de toda espécie de
pressão e de tráfico de influência, permitindo se concluir que os brasileiros
conquistaram a mais significativa vitória contra a gestão petista, que foi o
partido responsável pelos famigerados mensalão e petróleo, de tão triste
memória para a história republicana, que precisa ser apagada o quanto antes da
vida dos brasileiros. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 28 de maio de 2016
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