sábado, 28 de maio de 2016

Expressiva vitória dos brasileiros


As gravações sobre conversas de caciques políticos, que vieram a público recentemente, de forma bombástica e arrasadora, mostram com muita clareza o mar pútrido que existe no seio infecto da politicagem tupiniquim, onde ficam evidenciadas as roubalheiras, os artifícios e as manobras interesseiras, por meio de articulações, nos bastidores, sobre ações e projetos arquitetados para a satisfação de conveniências pessoais, cujos fatos estão vindo à lume diante da tentativa de sepultamento de seus abjetos que já encontram putrefatos, embora eles tenham servido para acalentar a sua sanha maligna de destruição dos princípios da ética, moralidade e dignidade.
Após a constatação de que estão sendo investigados, em razão de atos ilícitos contra a dignidade humana, alguns “áulicos” da República se desesperam em busca da salvação da própria pele, conforme mostram as conversas gravadas por delator, que não viu alternativa senão liberar geral e contar os bastidores sobre as articulações e armações que pudessem assegurar, basicamente, prejuízos aos trabalhos de investigação da Operação Lava-Jato, facilidades para se evitar a prisão de delinquentes e alterar norma jurídica para favorecer, em especial, políticos envolvidos com o crime organizado, que participaram do desvio de dinheiro da Petrobras.
O presidente do Senado Federal e um ex-presidente da República negam de mãos juntas que os diálogos agora revelados tentam tido por finalidade interferir nos trabalhos da Operação Lava-Jato, que investiga desvio de recursos de contratos da Petrobras.
O principal suspeito de ter sido o caixa da cúpula do PMDB terminou revelando fatos lamentáveis que induzem à conclusão de que realmente houve a implementação de atos delituosos, quando há a informação no sentido de que “Isso tem me preocupado muito porque eu sou o único que não estive num negócio desses, sou o único que não estive envolvido em nada. Vou me envolver num negócio desse.”, ficando claro que algo errado existiu mesmo, à vista de a preocupação não ter sido contestada pelos interlocutores.
Diante das frustradas tratativas para abafar as falcatruas na Justiça, por meio do poderoso e pernicioso tráfico de influência, que certamente não surtiram o menor efeito, em que pesem a indicação de nomes importantes no seio do Judiciário, o principal envolvido nas ilicitudes resolveu confessar os fatos delituosos em delação premiada, que contribuíram para movimentar o já tumultuado ambiente político, na expectativa de que coisa boa não pode resultar das informações prestadas nesse documento, já homologado pela Justiça, o que, por certo, será objeto de altas especulações por parte dos demais caciques peemedebistas envolvidos na quadrilha do desvio de recursos da estatal.
Em que pesem as tentativas para se evitar, por meio de intensas conversas com os caciques do PMDB, que as investigações da Operação Lava-Jato não batessem as portas da cúpula desse partido, o eventual caixa dos demais suspeitos preferiu, com o objetivo de se livrar da prisão, fechar acordo de delação premiada, fazendo exatamente o oposto do que pretendia, ao entregar à Procuradoria Geral da República várias gravações que têm o condão de comprometer seriamente  ex-aliados e agora seus inimigos, que, enfim, não contribuíram para a sua plena liberdade, que teria sido alcançada caso a pretendida interferência nas investigações tivessem sido exitosas.
Não somente houve a revelação das conversas de importantes ex-aliados, porque o peso da delação deverá ser sentido com os depoimentos prestados pelo ex-presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras, que poderão envolver muitos políticos poderosos no esquema de corrupção nessa estatal, cujas informações servirão de munição para a propositura de investigações sobre os fatos indicados por ele.
A ideia mais absurda do presidente do Senado Federal de somente permitir delação premiada de quem está solta é a forma mais contundente que se pode compreender sobre a garantia da impunidade, tendo em vista que, vetado ao preso de se manifestar quanto a esse procedimento, é o mesmo que negar a possibilidade de haver confissão e benefício por eventual redução de pena, em caso de condenação, conquanto ele tenha justificado seu desejo mórbido de generosidade para com a delinquência, afirmando, pasmem, que “Isso é uma maneira sutil, que toda sociedade compreende que isso é uma tortura.”.
Ao contrário do que imagina o presidente do Senado, a sociedade já deixou muito claro que a pior tortura é a impunidade, que é defendida por meio de ideias estúpida e absurda como essa de impedir que o preso não possa fazer delação, porque esta é a principal fonte de importantes informações sobre fatos delituosos.
Não há a menor dúvida de que os fatos revelados na delação são da maior gravidade, à vista da sua aceitação e homologação pela Justiça, tendo também o poder de se confirmar que as tentativas de enfraquecer a robusteza das investigações da Operação Lava-Jato, que estão cada vez mais predominando sobre os esquemas de quadrilhas organizadas, diante das frustrações para interromper a sua atuação efetiva e produtiva, conforme mostram os resultados absolutamente transparentes e irresistentes, permitindo-se concluir que a sua continuidade é uma conquista benfazeja contra a impunidade que reinava de forma banalizada no país.
          Isso fica bastante claro quando as conversas gravadas ressaltam que qualquer acordo para abafar a Operação Lava-Jato deve passar necessariamente pela Corte Suprema, havendo, em especial, a menção aos nomes do presidente da Corte e do responsável no Supremo pelo processo pertinente à operação em causa, que estão sempre em evidência, em caso da necessidade de acesso, por meio do uso do indecente tráfico de influência, por ocasião dos julgamentos, fato que demonstra possível fragilidade do poder em mãos do Judiciário, ante eventual favorecimento em forma de gratidão.
O certo é que as revelações das conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro, em boa hora publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo, deixam importantes lições que podem contribuir para intensa reflexão sobre a necessidade do aperfeiçoamento dos princípios democráticos, conforme se pode deduzir que os políticos, à unanimidade, têm ojeriza à Operação Lava-Jato, embora, da boca para fora, eles usam a hipocrisia de louvar os trabalhos da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça Federal, mas as conversas privadas revelam justamente o contrário, à vista da imperiosa tentativa de “estancar a sangria”, “passar a borracha”, “pacto nacional” e outras formas passíveis para barrar os trabalhos de instituições que realmente trabalham para a consecução da moralidade e da efetividade da aplicação dos recursos públicos, cujos resultados de seus esforços já levaram importantes políticos, empreiteiros e executivos à prisão.
Os fatos mostram, com fortes evidências, principalmente diante das informações prestadas pelos delatores, que são acompanhadas de provas irrefutáveis, que não há inocentes no meio político, à vista da disposição voluntária para a delação, que tem como propósito justamente o benefício da diminuição da pena ao delator, que não seria aplicada em caso da inexistência de culpa, que poderia ser comprovada facilmente pela simples dificuldade de comprová-la nos autos.
No caso do ex-presidente da Transpetro, a sua delação prova justamente o contrário do que ele afirmava de que “não acharam nada, nem vão achar”, o que se confirma também que, para os delinquentes, o problema não é ser corrupto, mas sim ser pego pela Justiça, quando então a casa cai e o desespero passa a ser infernal, diante da possibilidade de ser julgado, quando a cultura tupiniquim é de que sempre prevaleceu o desgraçado princípio da impunidade, que pode ser destroçado enquanto houver em ação a força-tarefa da Operação Lava-Jato.
É induvidoso que o terror dos políticos é ser investigado pelo competente e exemplar juiz da Justiça Federal no Paraná, conforme os cristalinos objetivos de todas as conversas reveladas dos suspeitos da prática de atos irregulares, que, de forma curiosa e estranha, preferem continuar sendo investigados pelo Supremo Tribunal Federal, dando a entender que o aludido juiz é considerado implacável contra a corrupção, enquanto o Supremo transmite tranquilidade e proteção às delinquências.
A importância das investigações da Operação Lava-Jato é comprovada com muita convicção ante o rumoroso fracasso das tramas esboçadas por caciques do PMDB, da delação premiada do ex-presidente da Transpetro, da sua homologação pela Justiça, da inflexibilidade dos pareceres da Procuradoria Geral da República, da continuidade da atuação da força-tarefa dos trabalhos pertinentes.
É importante que as instituições incumbidas desse mister se mantêm firmes, coesas e impermeáveis às tentativas inescrupulosas de toda espécie de pressão e de tráfico de influência, permitindo se concluir que os brasileiros conquistaram a mais significativa vitória contra a gestão petista, que foi o partido responsável pelos famigerados mensalão e petróleo, de tão triste memória para a história republicana, que precisa ser apagada o quanto antes da vida dos brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de maio de 2016

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