O ex-ministro da Educação e ex-governador do Ceará,
atualmente filiado ao PDT, afirmou que, se seu nome surgir entre os
investigados da Operação Lava-Jato, "Por
ter minha consciência tranquila, (...)
sou capaz de falar mal do ministro Teori Zavascki. Eu digo: 'ministro, o senhor
é corno, se eu tiver nessa operação (...) Veja bem, eu tenho tanta segurança de que não estou nisso que, se
estiver, o ministro Teori é corno (...),
o Janot é ladrão, e o (juiz Sergio)
Moro é um picareta".
As referidas declarações foram pronunciadas por
ocasião da comemoração do aniversário dele, na cidade de Sobral, no Ceará, e
gravadas por um convidado, quando ele dissertava sobre a certeza de que não tem
qualquer relação com o esquema de corrupção da Petrobras.
Ainda no mesmo áudio, o ex-governador conclui a
análise a respeito de seu comportamento ético, ao afirmar que jamais participou
de atividades ilícitas nem fez fortuna e que não é alvo de nenhum inquérito
relacionado com as ilegalidades investigadas pela Lava-Jato.
Ele disse que "Sou sério porque acredito nisso e quero terminar meus dias com
dignidade. Ninguém é besta, não fiz fortuna. Se eu roubasse 0,01% dos recursos
que já tiveram sob minha gestão ao longo da minha vida, eu teria patrimônio de
pelo menos R$ 300 milhões".
De acordo com a Folha de S. Paulo, o político
cearense disse não estar arrependido porque, segundo ele, não ofendeu as
autoridades citadas e estava respondendo a um jornalista que realizava
reportagens que o teria incluído no rol dos próximos alvos da operação.
Ele ressaltou ainda que o discurso foi pronunciado
em ambiente íntimo, cercado de amigos, para quem estava tentando ser didático,
ao falar sobre como funcionam as indicações para empresas públicas, autarquias
e outros cargos da máquina federal.
O ex-governador tentou justificar suas declarações,
afirmando que "Eu não falei nada
(...) Como não estou, nem o Teori é corno
nem o Moro é ladrão nem o Janot é desonesto. O resumo é: tenho tanta paz na
consciência de que não estou envolvido nisso, que eu seria capaz de agredir, se
estivesse. E quem estiver (na Lava Jato) tem que bajular, não agredir. Como não
estou, não há agressão de minha parte".
O pedetista afirmou ter se irritado com publicações
mentirosas a seu respeito, que, segundo ele, as calúnias patrocinadas por
adversários políticos e que, "No
momento em que eu passo a ficar sob suspeição por causa de política baixa...
Tudo que eu tenho é minha palavra e minha honra".
O
nível intelectual e cultural de quem já foi ministro da educação demonstra exatamente
a que ponto se encontra o verdadeiro político tupiniquim, que não tem o menor
pudor nem escrúpulo quando envolve, de forma gratuita e desnecessária,
importantes autoridades da República, na mera tentativa de se passar por o mais
honesto do país.
Esse
deprimente episódio pode explicar, com vantagem, a decadência moral, intelectual
e de competência da administração pública e da representação popular, diante da
impressionante deselegância e truculência graciosas, totalmente dispensáveis e
evitáveis, caso prevalecessem racionalidade e bom senso por parte de muitos homens
públicos, que estão preocupados apenas em defender seus interesses e suas
conveniências, em detrimento do interesse público, razão das atividades
políticas, não sopesando palavras que podem ofender seu semelhante, como no
caso em comento.
Não
é à toa que o país se encontra mergulhado em situação deplorável, justamente
por causa da péssima qualidade dos homens púbicos, em todos os sentidos, que,
ao receberem a delegação do povo apenas para representá-lo, sentem-se donos da
consciência e do patrimônio dos brasileiros e ainda se julgam como os mais
honrados e injustiçados, quando são submetidos a processos por crimes praticados
contra a administração pública.
Diante
das declarações do ex-ministro da educação, é possível se imaginar os níveis e
métodos didáticos utilizados para a execução do apregoado programa da
"pátria educadora", que certamente deveriam ter atingido os píncaros
do absurdo, a começar pelos seguidos cortes orçamentários, em demonstração da
absoluta falta de prioridade também para as políticas educacionais.
Quem
foi capaz de levar a sogra para o exterior, em viagem custeada pelo erário,
conforme questionamento feito na Assembleia do Ceará, não pode ficar se
vangloriando de ter a áurea da honestidade, quanto mais que o manto da decência
não é comprovável por meras palavras ditas ao vento, sob a invocação de
possível mácula de outrem.
Os
fatos mostram que os dois irmãos políticos cearenses se esforçam ao máximo em levianas
“boquirrotices”, na tentativa de sobreporem em vãs sabedoria e honestidade, achando-se
bem acima do bem e do mal e insuspeitáveis figuras públicas, por assacarem acusações
indevidas e injustas contra todos, em tom de desprezo à inteligência humana.
É
absolutamente condenável que homens públicos se achem no direito de espargir
diatribes aleatoriamente, em detrimento da honra e da dignidade de autoridades
do país, que merecem respeito e reconhecimento por seus trabalhos em benefício
da moralização da administração pública, os quais deveriam ter ficado livres e
isentos de grosseiras e alucinações irresponsáveis, intempestivas e injustas,
como forma de preservação da valorização e dignificação do ser humano. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 03 de maio de 2016
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