Como
forma de contraposição às propostas do vice-presidente da República, na área
social, a presidente do país decidiu anunciar, durante as comemorações do Dia do
Trabalhador, reajuste de 5% na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física e de
9,5%, em média, nos benefícios do Bolsa Família, com vigência, respectivamente,
a partir de janeiro de 2017 e junho próximo.
A
área técnica diz que prepara mudanças nas regras do IRPF para que o impacto da
medida em apreço nas contas do governo seja neutro, com a aprovação de travas
para barrar a prática de contribuintes esconderem a renda de pessoa física, com
a abertura de empresa jurídica, embora continuem prestando serviços típicos de
pessoa física.
Uma
fonte do governo disse que "Vamos
dificultar para esses contribuintes. O reajuste da tabela será compensando com
esses ajustes".
Como
a correção da tabela do Imposto de Renda precisará ser aprovada pelo Congresso
Nacional, até o fim do ano, na prática, qualquer implicação orçamentária será colocada
nas contas não do governo atual, mas sim do seu substituto, caso seja o peemedebista,
pelo afastamento da petista do cargo.
É
evidente que anunciados os reajustes, ficará mais difícil para o futuro presidente
revogar os respetivos atos, por eles terem forte apelo popular, principalmente
no seio da classe média.
Não
há dúvida de que o reajuste do Bolsa Família, antecipado faz contraponto à
decisão anunciada pela equipe do próximo governo, que já havia sinalizado para
medida nesse sentido nos benefícios desse programa.
Importa
assinalar que o reajuste do Bolsa Família terá impacto da ordem de R$ 1 bilhão
nas contas do governo, que já apresentam estrondoso déficit, não suportando adicional
de despesas dessa magnitude, segundo manifestação da área técnica, que é
contrária ao reajuste em causa, por contribuir para aumentar o rombo das contas
do governo para R$ 142,01 bilhões em 12 meses, o equivalente a 2,1% do Produto
Interno Bruto, ou seja, trata-se de mais uma irresponsabilidade do governo, que
faz insistentemente pedaladas fiscais, justamente por aumentar o já gigantesco
déficit público.
Ainda
na avaliação da área técnica do governo, o aumento de despesas pode ocorrer em
momento bastante delicado, exatamente quando urge a imperiosidade de
austeridade fiscal para conseguir confiança na direção de trajetória sustentável
para a dívida pública, conforme deixou muito claro o descontentamento esposado
pelo secretário do Tesouro, que disse que o caixa do governo não tem espaço
fiscal para o reajuste do Bolsa Família, presente momento.
Por
seu turno, o que se pensar mais de mandatária do país que, no exato Dia do
Trabalhador, acha por bem, de forma absolutamente alienada, conceder reajuste
no valor do benefício de quem não trabalha e nada contribui diretamente para a produção
nacional, enquanto aquele que trabalho e ajuda ao desenvolvimento do país não
será “beneficiado” senão com o ônus do reajuste do Bolsa Família?
Não
há dúvida de que o país é sério, mas os homens públicos nem precisam se
esforçar para mostrar a sua insensatez e insensibilidade com relação às
verdadeiras prioridades das políticas públicas, preferindo agir muito mais para
satisfazer as conveniências pessoais e partidárias, em prejuízo dos interesses
nacionais, que poderia ser evitado se houvesse pouco mais de austeridade nas
contas públicas.
Não
à toa que este país se encontra nesse terrível estado de degeneração quanto à
execução das políticas governamentais, com destaque para as econômicas, que têm
sido o verdadeiro vetor de retrocesso sob o comando de governo cuja competência
acha de estimular exatamente setor social que não trabalha, indo na contramão dos
salutares princípios da administração eficiente e produtiva, responsáveis pelo
desenvolvimento da nação.
Não
há dúvida de que cada povo tem o governo que merece e, infelizmente, muitos
brasileiros devem estar satisfeitos com a presidente que inverte o sentido da
realidade dos fatos, a exemplo desse absurdo de se prestigiar exatamente quem
não produz senão com a contemplação de maiores encargos para quem realmente
trabalho para o bem do país.
Trata-se
indiscutivelmente de reajuste como forma de recompensa pelo favor por parte daqueles
que contribuíram para a recondução da presidente ao Palácio do Planalto, em
demonstração de que o programa Bolsa Família tem realmente esse viés pernicioso
da formação de enorme e deprimente curral eleitoral, em que os beneficiários
praticamente ficam obrigados a votar nas pessoas integrantes do governo, como
se elas fossem as donas do dinheiro que custeia o programa, quando os recursos
são dos contribuintes, que vão bancar mais esse enorme ônus, independentemente
de qual seja o partido ao qual pertença o governo.
Os
brasileiros, principalmente os menos instruídos e pouco informados, precisam se
conscientizar de que o Bolsa Família sempre existirá no país, não importando
qual seja o partido do governo, porque esse programa se destina a amparar as
famílias carentes que, por força de preceitos constitucionais e legais, o
Estado tem obrigação de constituir fundos orçamentários para o seu custeio, de
forma permanente, ou seja, trata-se de programa de Estado e não de governo,
sendo que este pode ser passageiro, mas aquele é permanente, independentemente
de quem esteja à frente da administração do país.
Não
há dúvida de que os reajustes concedidos pela presidente, bem próximo do seu
afastamento do cargo, demostram mais um crime de responsabilidade fiscal
cometido por ela, de forma consciente, por patente insuficiência orçamentário-financeira,
à vista do seu forte impacto nas contas públicas, que já se apresentam com
rombo preocupante em estado de crônica agonia, com o déficit de R$ 142 bilhões,
não recomendando novos encargos como o ônus do reajuste do Bolsa Família, notadamente
ante à manifestação prudencial e responsável da direção do Tesouro Nacional,
que merece, no mínimo, respeito e acatamento. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 02 de maio de 2016
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