quarta-feira, 25 de maio de 2016

A redenção pelo voto


O governo federal acaba de reconhecer, de forma reiterada, o cruel estado de emergência em 170 cidades da Paraíba, em convalidação de medida já adotada pelo governo do Estado, no mês passado, mostrando que a falta de água é realidade de calamidade pública.
A situação dos nordestinos é muito preocupante porque se trata da constatação da falta de água nos municípios do Sertão, conforme atesta o Ministério da Integração Nacional, que tem a incumbência de adotar medidas emergenciais para socorrer as regiões castigadas.
Feito reconhecimento do estado de emergência, o governo estadual se habilita a ter acesso, com maior agilidade, aos recursos indispensáveis à redução dos problemas causados pela inclemente falta de água, como forma de garantir consumo do precioso líquido pela população e amenizar as dificuldades na pecuária e na agricultura.
A medida já poderia ter abrangido o estado de emergência para outros 26 municípios do Estado paraibano, porque eles foram incluídos posteriormente nessa difícil situação, fazendo com que o número de municípios enquadrados com graves problemas no abastecimento de água passasse de 170 para 196, o que significa que quase 88% dos 223 municípios do estado sejam incluídos nessa situação de emergência, por conta da estiagem prolongada.
Essa situação deplorável é motivo de enorme preocupação, sobretudo, porque demonstra, com muita clareza, que as medidas até aqui adotadas pelos governos, envolvendo gastos de montanhas de recursos, têm o condão de tão somente resolver, momentaneamente e de forma paliativa, as questões relacionadas com a seca do momento, conquanto a gravidade que isso representa para a população sofrida exige a adoção de medidas efetivas que garantam o abastecimento de água de maneira permanente, com a certeza da garantia de que os recursos públicos foram realente aplicados em benefício de longa duração e não apenas em situação emergencial, como parece que tem sido o caso até agora, à vista das constantes e intermináveis decretações de estado de emergência.
Para acabar com essa vexaminosa, crônica e sistêmica situação de emergência, em decorrência das seguidas secas, só tem uma hipótese viável, qual seja, a união dos nordestinos, no sentido de se criar mais vergonha na cara e mostrar isso por ocasião da escolha de seus representantes políticos, quando todos devem exigir deles que garantam, mediante compromisso sério e responsável, devidamente registrado em cartório, a intransigente defesa nas instâncias públicas pertinentes sobre a realização de obras com a exclusiva finalidade de assegurar a perenidade de água em toda região carente, por meio de, conforme as circunstâncias, poços, barragens, contenções, cisternas, açudes e tudo o mais que possam facilitar efetiva e verdadeira assistência às famílias e aos povoamentos mais carentes do abastecimento de água.
Isso vale dizer que os sertanejos são os próprios culpados pela desgraça secular da falta de água, justamente porque eles dispõem de poderosos instrumentos que podem perfeitamente ser utilizados em seus benefícios, que são seus votos, por meio dos quais eles elegem seus representantes com a finalidade de viabilizar efetivas condições para perenizar o abastecimento de água à região, sob a primacial condição de que eles serão automaticamente alijados dos pleitos seguintes caso nada ou muito pouco tenha sido realizado nesse sentido, ficando claro que esse projeto de redenção das incompetências das políticas públicas se reveste de absoluta seriedade e responsabilidade, tendo por finalidade contar com a participação de representantes completamente identificados com ele.
Não há dúvida de que a indecente indústria da seca precisa ter ponto final e de igual modo toda representação política que vem sendo eleita com a exclusiva finalidade de cuidar de seus interesses, conforme mostram os fatos, sem ter a menor preocupação com o bem comum da população, que, na essência, seria sua única e exclusiva preocupação política, não importando o seu nível de representante do povo.
Diante do estado lastimável da seca, que castiga impiedosamente os nordestinos, que se renova com muita constância, se torna ainda mais grave porque conta com a conivência de representantes do povo, convém que os sertanejos se rebelem, com a bravura que lhes é peculiar e caracteriza como tal, contra os maus políticos, no sentido de somente votarem em pessoas que se comprometam com a garantia de mudança do estado crônico, cruel e deplorável da falta de água.
Trata-se, como se vê, de imperiosa necessidade da conscientização dos nordestinos, no sentido se sensibilizarem sobre a urgente mudança de mentalidade quanto ao seu posicionamento em defesa da sua dignidade, com a imposição da sua vontade soberana de dá basta à vergonhosa indústria da seca, em que os inescrupulosos “poderosos” estão sempre se beneficiando do sofrimento dos ingênuos sertanejos, que ainda agradecem pelas migalhas recebidas como forma de socorro vindo do governo, que deveria ter a sensatez de encontrar e adotar estratégias para a solução definitiva desse grave problema da falta de água.  
Os brasileiros precisam se conscientizar, com a maior brevidade possível, de que as atividades político-partidárias devem se restringir à satisfação da vontade da população, com embargo das defesas de cunho ideológico ou partidário de privilegiar suas causas, porque isso significa desvio de finalidade que precisa ser punida com severidade pelos eleitores, uma vez que o poder emana do povo e, em seu nome, ele deve ser exercido. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de maio de 2016

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